sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Failed integration and the fall of multiculturalismo

 


For decades, the debate in Denmark around  problems with mass immigration was stuck in a self-loathing blame game of "failed integration". That somehow, if the Danes had just tried harder, been less prejudice, offered more opportunities, the many foreigners with radically different cultures would have been able to integrate successfully. If not in the first generation, then the second. For much of this time, I thought that was a reasonable thesis. But reality has proved it wrong.

If literally every country in Europe has struggled in the same ways, and for decades on end, to produce the fabled "successful integration", it's not a compelling explanation that it's just because the Danes, Swedes, Norweigans, Germans, French, Brits, or Belgians just didn't try hard enough. It's that the mission, on the grand and statistical scale, was impossible in many cases.
As Thomas Sowell tells us, this is because there are no solutions to intractable, hard problems like cultural integration between wildly different ways of living. Only trade offs. Many of which are unfavorable to all parties.

But by the same token, just because the overall project of integrating many of the most divergent cultures from mass immigrations has failed, there are many individual cases of great success. Much of the Danish press, for example, has for years propped up the hope of broad integration success by sharing hopeful, heartwarming stories of highly successful integration. And you love to see it.
Heartwarming anecdotes don't settle trade offs, though. They don't prove a solution or offer a conclusion either.

I think the conclusion at this point is clear. First, cultural integration, let alone assimilation, is incredibly difficult. The more divergent the cultures, the more difficult the integration. And for some combinations, it's outright impossible.
Second, the compromise of multiculturalism has been an abject failure in Europe. Allowing parallel cultures to underpin parallel societies is poison for the national unity and trust.

Which brings us to another bad social thesis from the last thirty-some years: That national unity, character, and belonging not only isn't important, but actively harmful. That national pride in history, traditions, and culture is primarily an engine of bigotry.
What a tragic thesis with catastrophic consequences.
But at this point, there's a lot of political capital invested into all these bad ideas. In sticking with the tired blame game. Thinking that what hasn't worked for fifty years will surely start working if we give it five more. 
Now, I actually have a nostalgic appreciation for the beautiful ideals behind such hope for humanity, but I also think that at this point it is as delusional as it is dangerous.

And I think it's directly responsible for the rise of so-called populist movements all over Europe. They're directly downstream from the original theses of success in cultural integration going through just-try-harder efforts as well as the multicultural compromise. A pair of ideas that had buy-in across much of the European board until reality simply became too intolerable for too many who had to live with the consequences.

Such widespread realization doesn't automatically correct the course of a societal ship that's been sailing in the wrong direction for decades, of course. The playbook that took DEI and wokeness to blitzkrieg success in the States, by labeling any dissent to those ideologies racist or bigoted, have also worked to hold the line on the question of mass immigration in Europe until very recently. 

But I think the line is breaking in Europe, just as it recently did in America. The old accusations have finally lost their power from years of excessive use, and suppressing the reality that many people can see with their own eyes is getting harder.
I completely understand why that makes people anxious, though. History is full of examples of combative nationalism leading us to dark edges. And, especially in Germany, I can understand the historical hesitation when there's even a hint of something that sounds like what they heard in the 30s.

But you can hold both considerations in your head at the same time without losing your wits. Mass immigration to Europe has been a failure, and the old thesis of naive hope has to get replaced by a new strategy that deals with reality. AND that not all proposed fixes by those who diagnosed the situation early are either sound or palatable.

World history is full of people who've had the correct diagnosis but a terrible prescription. And I think it's fair to say that it's not even obvious what the right prescription is at this point!

Vibrant, strong societies surely benefit from some degree of immigration. Especially from culturally-compatible regions based on national and economic benefit. But whatever the specific trade-offs taken from here, it seems clear that for much of Europe, they're going to look radically different than they've done in the past three decades or so.

Best get started then.

David Heinemeir Hansson
January 20, 2025 

 

 

Governo congratula-se pela celeridade com que está a realizar a maior operação de regularização em Portugal

 


A Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) vai resolver as pendências relacionadas com os vistos ‘gold’ no próximo ano, o que justifica que tenha 85 milhões de euros de receitas próprias, disse ontem o ministro da Presidência.

“No próximo ano vamos resolver as pendências que faltam e que por uma razão de equidade social deixamos para o fim, que são aquelas que pagam mais, os vistos ‘gold’”, disse António Leitão Amaro no parlamento, durante o debate da especialidade da proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), justificando os 85 milhões de euros de receitas próprias da AIMA em 2026.

O ministro sustentou que “na escala de valores morais” o Governo decidiu “atender primeiro aqueles mais pobres” e “mais vulneráveis”, que foram os imigrantes com manifestação de interesse, depois resolveu a questão dos cidadãos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e “em terceiro aqueles que estavam sem poder visitar a família, que eram os que estavam com os cartões caducados”.

“Só depois de tratarmos destes todos, deixamos os mais ricos para o fim da fila”, frisou, sublinhando que “no próximo ano grande parte das autorizações de residência para atividade de investimento [vistos ‘gold’] vão ser resolvidas e vão pagar esse valor em taxas”.

Dando conta das medidas do executivo em matéria de imigração, Leitão Amaro destacou que “há mais de uma década que não há um Governo tão rigoroso e sobretudo que tenha tido um encargo e uma herança tão pesada de passar da desordem, da falta de rigor e do descontrolo para o rigor, ordem e controlo sempre com dignidade e humanismo”.

O ministro referiu que estão resolvidas 93% das pendências relacionadas com a regularização de imigrantes no país, sustentando que “nunca” se viu em “Portugal um Estado, num período tão curto, resolver um encargo de dependências com esta dimensão e com esta rapidez”.

“É a maior operação de regularização, o que significa também de segurança porque controlámos 500 mil registos criminais, pessoas a quem se recolheu dados biométricos, que sabemos quem são, onde estão e o que fazem”, precisou.

Na parte final do debate, o secretário de Estado Adjunto da Presidência e Imigração, Rui Armindo Freitas, deu conta do número de pendências existentes na AIMA quando, em setembro do ano passado, foi criada a estrutura de missão para tratar dos processos pendentes dos imigrantes.

Segundo o secretário de Estado, existiam cerca de um milhão de pendências, das quais 446 921 eram manifestações de interesse, 215 mil renovação das Autorizações de Residência (AR) CPLP atribuídas automaticamente e sem verificação de registo criminal, 374 mil renovações da AR e 184 mil referentes ao reagrupamento familiar.

Rui Armindo Freitas avançou ainda que “até ao final do ano” estará “totalmente resolvido” o estado das manifestações de interesse.

 

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Garcia Pereira: Morte aos Traidores

 


O MRPP usou o slogan "Morte aos traidores" em cartazes, o que causou controvérsia e levou à sua retirada em algumas campanhas, como a de 2015, a pedido de uma mandatária da Juventude. 

Apesar da retirada, o partido continuou a usar palavras de ordem semelhantes, com o candidato Garcia Pereira a afirmar que os "traidores" não estavam isentos da morte que os esperava, conforme citado pelo Expresso. "O Comité Central do Partido e a Candidatura Nacional do PCTP/MRPP vêm comunicar que a palavra de ordem morte aos traidores foi suspensa da campanha eleitoral em curso", lê-se num comunicado enviado às redações, em 2015.

O partido explica que pode ser considerada um eventual excesso de linguagem que pode configurar um apelo à violência. Garcia Pereira garante no entanto que a frase não viola a lei eleitoral. Panfletos do partido para as eleições legislativas 2015 começavam com a frase "Morte aos Traidores! Fora do Euro". 

A expressão era também repetida várias vezes, em texto e pelo próprio Garcia Pereira, durante todo o vídeo emitido no tempo de antena. Agora, o conhecido advogado e dirigente político vem apresentar queixa do "Chega" ao Procurador Geral da República, acusando o partido de André Ventura de "vários comportamentos racistas" e alusão a Salazar: MP deve requerer ao Tribunal Constitucional a extinção do partido. 

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

"Para ser português é preciso muito mais que trabalhar em Portugal"

 


“Ser português não é uma mera formalidade ou conveniência, é uma honra e responsabilidade. Para trabalhar em Portugal não é preciso ser português, mas para ser português é preciso muito mais que trabalhar em Portugal” - Luís Montenegro, 1º ministrode Portugal  

Muslim Council of Britain Welcomes Historic Appointment of a Muslim, Sir Mufti Hamid Patel, as Interim Chair of Ofsted

 

The Muslim Council of Britain (MCB) today welcomes the appointment of Sir Mufti Hamid Patel CBE as interim chair of Ofsted, the first British Muslim to be appointed to this role. The MCB also condemns the Islamophobic attacks directed at Sir Mufti Hamid following his appointment, which appears to be motivated by his Muslim identity rather than his professional capabilities.

Sir Mufti Hamid, the highly respected Chief Executive of Star Academies and respected Islamic scholar brings exceptional credentials to the role, having transformed one of the UK’s most successful school academy networks.

Dr. Wajid Akhter, Secretary General of the Muslim Council of Britain, said: “Sir Mufti Hamid Patel’s appointment represents a proud moment for British Muslims and indeed for Britain as a whole. However, we are deeply concerned by the prejudiced attacks directed at him, which are clearly motivated by his Muslim identity. It is profoundly disappointing that such a distinguished educational leader should face bigotry simply because of his faith. Such Islamophobic rhetoric undermines our shared British values of fairness and equality of opportunity.

These attacks are part of a wider pattern of Islamophobia targeting British Muslims in public life, fuelled by social media, right-wing media outlets, and politicians who seek to stoke division. The repeated vilification of British Muslims in prominent positions must be challenged to ensure that our society remains inclusive and just.

Sir Mufti Hamid’s wealth of experience, including his service as an Ofsted board member since 2019, makes him exceptionally well-qualified to guide the organisation through this important transition period.”

We wish Sir Mufti Hamid every success in his new role and look forward to the positive impact his leadership will bring to education across Britain.


"Não queremos portugueses de ocasião": Montenegro aplaude nova lei da nacionalidade

 

 
Primeiro-ministro enalteceu "larga maioria" que aprovou o Orçamento do Estado para 2026 e refere que Governo "está aqui para unir e não dividir". Sobre a lei da nacionalidade, sublinha que "ser português é uma honra e uma responsabilidade". PSD, CDS, Chega e IL aprovam alterações à Lei da Nacionalidade

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, aproveitou a aprovação das alterações à lei da nacionalidade para iniciar as suas declarações no Palácio de São Bento, no qual indicou que, depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2026, foram dados "passos seguros" para um Portugal "mais próspero e mais justo". Referindo que este é um dia "marcante" para o país, o chefe de Governo usa a "larga maioria" que aprovou o orçamento para dizer: "Demonstra que o Governo está aqui para unir e não dividir".

Sobre a votação na generalidade, Luís Montenegro refere que o Orçamento do Estado para o próximo ano "reforça a política de rendimentos, valoriza o trabalho, o mérito e a justiça social" e vira a agulha aos outros partidos para dizer que é sua responsabilidade "não desvirtuar o Orçamento do Estado nem pôr em causa o rumo virtuoso das contas públicas", voltando a referir que "a margem para alterações é muito curta".

PSD, CDS, Chega e IL aprovam alterações à Lei da Nacionalidade

Depois, voltou atenções à lei da nacionalidade. Começa por referir uma "grave situação" no que toca ao tema da imigração e que o Governo está a operar uma reforma estrutural, que inclui não só esta medida como outras, como a resolução de casos pendentes na AIMA. Destaca a "maioria qualificada de cerca de 70% dos deputados" que aprovou as alterações à nova lei da nacionalidade e refere que em breve será apresentada a "lei do retorno", dedicada ao repatriamento "digno e eficaz" de imigrantes que "não respeitam as regras".

“Perante o caos, estamos a devolver a ordem. Perante a crise escolhemos reformar”, afirmou Montenegro. O primeiro-ministro refere depois que a nacionalidade "não deve ser banalizada" e que "é o reconhecimento de um vínculo profundo": "Dignificá-la significa dignificar cada português."

Montenegro sublinha que "ser português é uma honra e uma responsabilidade". "Não queremos portugueses de ocasião", apontou, para dizer que a lei vem cimentar a "soberania e identidade portuguesa".

As alterações à lei da nacionalidade foram esta terça-feira aprovadas no Parlamento, depois de PSD ter conseguido um acordo com o Chega durante o debate na Assembleia da República. Na votação, PSD, CDS, Iniciativa Liberal, Chega e JPP votaram a favor - 157 votos -, enquanto 64 deputados votaram contra - de PS, Livre, PCP, Bloco de Esquerda e PAN.


terça-feira, 28 de outubro de 2025

Rana Taslim Uddin: Se (Deus) não ficar feliz, então destruirá esta sociedade (portuguesa)

 


Rana Taslim Uddin, natural do Bangladesh, vive em Portugal há 35 anos e é o principal rosto (e dirigente) da comunidade do Bangladesh. 
Num discurso recente, perante outros dirigentes da comunidade do Bangladesh, Rana Taslim Uddin afirmou o seguinte:
“Aqueles que encontraram aqui uma sociedade nova, aqueles que estão aqui presentes hoje, perguntam-me o que eu fiz para a sociedade. Irmãos, fi-lo para fazer o meu Deus feliz, não para a sociedade. Se Deus ficar feliz, ele trará uma solução para a sociedade e conduzirá esta sociedade para o caminho certo. Se não ficar feliz, então destruirá esta sociedade. Por isso tentamos agradar a Deus e ao mesmo tempo construir uma amizade com as pessoas desta sociedade.” 
Quanto à questão da burqa, Rana Taslim Uddin disse que a reação dos muçulmanos vai depender do que ficar escrito no diploma final. "Não pode ser uma coisa contra os muçulmanos. Se é uma coisa sobre a cara e o rosto, por questões de segurança, tudo bem. Já há outros países que fazem e não levanta problemas", explicou Rana Taslim Usddin. Contudo, se a lei "impõe regras de vestir" para as mulheres muçulmanas, Rana Taslim Uddin alertou que isso pode constituir uma violação da lei islâmica. As normas religiosas impõem "uma prática de não mostrar as formas femininas", com uso de "roupas largas" e isso é algo que todos os muçulmanos vão querer manter, avisou. 
As palavras deste Rana Taslim Uddin, em entrevista a uma televisão, geram alguma inquietação: "Martim Moniz é zona de Bangladesh e Paquistão. Aqui usa-se a burqa",afirmou. Ou seja, aquela zona já foi ocupada pelos muçulmanos que se regem pelas suas próprias leis, a Sharia, a lei islâmica. Já não dispostos a reconhecer e cumprir as leis da República Portuguesa… 

Muçulmanos imigrantes minimizam importância do uso de burca em Portugal

  


O líder do Centro Islâmico do Bangladesh (CIB) afirmou hoje que vai analisar, após ser publicada, a lei contra a utilização de burca em espaços públicos, mas minimizou a importância dessa roupa entre os muçulmanos em Portugal.

"Não é normal" o uso de burca, mas "é uma tradição de alguns", afirmou à Lusa o imã Abu Sayed.
A comunidade irá respeitar as leis aprovadas, mas salientou que a prática religiosa deve ser livre. "Cada religião tem as suas tradições e os muçulmanos têm as suas", acrescentou.
Já Rana Taslim Uddin, um dos líderes comunitários do Bangladesh em Lisboa, disse que a reação dos muçulmanos vai depender do que ficar escrito no diploma final.

"Não pode ser uma coisa contra os muçulmanos. Se é uma coisa sobre a cara e o rosto, por questões de segurança, tudo bem. Já há outros países que fazem e não levanta problemas", explicou.
Contudo, se a lei "impõe regras de vestir" para as mulheres muçulmanas, Rana Taslim Uddin alertou que isso pode constituir uma violação da lei islâmica.
As normas religiosas impõem "uma prática de não mostrar as formas femininas", com uso de "roupas largas" e isso é algo que todos os muçulmanos vão querer manter, avisou.

Sobre o uso de burca ou de véu de tape a cara, Rana Taslim Uddin disse compreender a decisão dos deputados portugueses.
"Há uma questão de segurança que faz sentido o Governo estar atento", salientou.
PSD, IL e CDS-PP aprovaram hoje, na generalidade, o projeto de lei do Chega que visa proibir a utilização de burca em espaços públicos, invocando os direitos das mulheres e questões de segurança.

A iniciativa contou com os votos favoráveis do Chega, PSD, IL e CDS-PP, votos contra de PS, Livre, BE e PCP, e a abstenção de PAN e JPP.
Enquanto IL e CDS-PP declararam apoio ao projeto do Chega que "proíbe a ocultação do rosto em espaços públicos, salvo determinadas exceções", o PSD manifestou-se "disponível para fazer este caminho", mas defendeu que "o texto apresentado pode e deve ser aperfeiçoado em sede de especialidade".

Já à esquerda, o PS defendeu que é preciso cuidado na elaboração das leis, num contexto em que a extrema-direita quer "dirigir ódio" contra um "alvo específico", neste caso a comunidade muçulmana, PCP e BE contestaram a proposta, enquanto o Livre acusou o Chega de apresentar um projeto propositadamente "mal feito" e por isso não quis valorizar este debate.

Com esta iniciativa, o Chega propõe que seja "proibida a utilização, em espaços públicos, de roupas destinadas a ocultar ou a obstaculizar a exibição do rosto", com algumas exceções. Na abertura do debate, o líder do Chega especificou que o objetivo é proibir que "as mulheres andem de burca em Portugal" e dirigiu-se em particular aos imigrantes.

"Quem chega a Portugal, vindo de onde vier, vindo de que região venha, com os costumes que tiver ou com a religião que tiver, tem que acima de tudo cumprir, respeitar e fazer respeitar os costumes deste país e os valores deste país", defendeu André Ventura.  

domingo, 26 de outubro de 2025

"Martim Moniz é zona de Bangladesh e Paquistão, aqui usa-se a burqa"...

 


“O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) considerou que a proibição do uso da burca e do niqab em locais públicos, como a lei francesa de 2010, é compatível com a Convenção Europeia dos Direitos do Homem. O tribunal rejeitou a alegação de que a proibição viola os direitos humanos e a liberdade religiosa, argumentando que o objetivo de preservar as condições de convivência social é legítimo e a lei não tem como alvo a religião especificamente, mas sim a ocultação do rosto.

As palavras de Rana Taslim Uddin, u
m dos líderes comunitários do Bangladesh em Lisboa, em entrevista à CNN Portugal, geram inquietação e receios: "Martim Moniz é zona de Banglaseh e Paquistão, aqui usa-se a burqa", afirmou. Ou seja, aquela zona já foi ocupada pelos muçulmanos que se regem-se pelas suas próprios leis, a Sharia, a lei islâmica. Já não reconhecem as leis da República Portuguesa...

O mesmo Rana Taslim Uddin, disse que a reação dos muçulmanos vai depender do que ficar escrito no diploma final. "Não pode ser uma coisa contra os muçulmanos. Se é uma coisa sobre a cara e o rosto, por questões de segurança, tudo bem. Já há outros países que fazem e não levanta problemas", explicou Rana Taslim Usddin. Contudo, se a lei "impõe regras de vestir" para as mulheres muçulmanas, Rana Taslim Uddin alertou que isso pode constituir uma violação da lei islâmica. As normas religiosas impõem "uma prática de não mostrar as formas femininas", com uso de "roupas largas" e isso é algo que todos os muçulmanos vão querer manter, avisou. 

É necessário lembrar que este senhor, Rana Taslim Uddin, natural do Bangladesh, vive em Portugal há 35 anos e é o principal rosto (e dirigente) da comunidade do Bangladesh. Num discurso recente, perante outros dirigentes da comunidade do Bangladesh, Rana Taslim Uddin afirmou o seguinte:

“Aqueles que encontraram aqui uma sociedade nova, aqueles que estão aqui presentes hoje, perguntam-me o que eu fiz para a sociedade. Irmãos, fi-lo para fazer o meu Deus feliz, não para a sociedade. Se Deus ficar feliz, ele trará uma solução para a sociedade e conduzirá esta sociedade para o caminho certo. Se não ficar feliz, então destruirá esta sociedade. Por isso tentamos agradar a Deus e ao mesmo tempo construir uma amizade com as pessoas desta sociedade.”  

sábado, 25 de outubro de 2025

Juntas de freguesia, uma fábrica de emissão de atestados de residência

 

 

O presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, Francisco Lampreia, diz que passou centenas de atestados de residência que abriram caminho á legalização de imigrantes. Para o autarca, a questão é simples. “O que temos aqui é um negócio de importação e exploração de pessoas, que querem vir para a Europa à procura de uma vida melhor”. E esse negócio, sublinha, “é controlado por máfias, que ganham muito dinheiro com a vinda de imigrantes. E isto pode vir a provocar um problema grave no nosso país” considera Francisco Lampreia.

  A apresentação de duas testemunhas recenseadas na freguesia, que residam lá há mais de 180 dias seguidos, pode ser necessária caso não existam comprovativos de morada, ou em alternativa a alguns outros comprovativos para a passagem dos atestados de residência. As testemunhas devem fornecer o número do cartão de cidadão e o número do título de eleitor. Estas condições abrem a porta para uma imigração sem controle.

As técnicas da Sharia e da multiplicação de nascimentos de muçulmanos


 

Montenegro sugere "remigração" dos imigrantes ilegais

 


O primeiro-ministro Luís Montenegro defendeu hoje que os imigrantes ilegais na UE devem retornar aos países de origem e argumentou que a Europa só alocará “bons recursos humanos” à sua economia se tiver uma “imigração regulada”.
 
Na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos da cimeira dos Países do Sul da União Europeia (MED9), na cidade de Portoroz, Eslovénia, Luís Montenegro sublinhou a relevância da imigração para a coesão social e económica da União Europeia (UE), afirmando que se trata de um “fator de competitividade económica”, mas ressalvou a necessidade de regulação.
 
Nós precisamos de mão de obra. Mas só é possível nós alocarmos bons recursos humanos à nossa economia se tivermos uma imigração regulada, se as nossas fronteiras tiverem o controlo que precisamos para integrar bem, para dar esperança a quem procura na Europa uma oportunidade de trabalho e para não fomentarmos a imigração ilegal”, defendeu.
 
O primeiro-ministro argumentou também que a imigração ilegal deve ter como consequência “o retorno daqueles que chegam à Europa” ao país de origem e apelou ao “combate às redes ilegais, máfias organizadas, que estão a traficar seres humanos”.
 

A invasão islâmica da Europa - enquanto os europeus fingem que não vêem


 

Santana Lopes revela a verdade - estrangeiros têm prioridade na colocação dos filhos no pré-escolar

 


Há de facto, uma situação de privilégio para os filhos dos imigrantes. Santana Lopes revela tudo: os filhos dos imigrantes que estejam desempregados têm preferência sobre os portugueses para a colocação dos filhos no pré-escolar, de acordo com a lei em vigor. "A grande maioria desses lugares (no pré-escolar) são ocupados por filhos de cidadãos estrangeiros, o que deixa para trás os filhos dos cidadãos portugueses."

 

 

Muçulmanos querem probir donos de cães de passearem com eles pela rua


 

Mais lenha para a fogueira e para os gangues que ocupam as "no-go-zones"


 Lista de algumas das principais Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS) de acordo com a classificação da polícia, em Portugal, acompanhadas da sua caracterização étnica predominante:

Grande Lisboa
    Bairro da Cova da Moura (Amadora)
    – Maioritariamente de origem cabo-verdiana.
    Bairro da Jamaica (Seixal)
    – População maioritariamente de origem africana (Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau).
    Bairro da Quinta do Mocho (Loures)
    – População predominantemente africana, sobretudo cabo-verdiana e guineense.
    Bairro do Zambujal (Amadora)
    – Comunidade significativa de origem cabo-verdiana e cigana.
    Bairro da Bela Vista (Setúbal)
    – População mista, com presença significativa de comunidades ciganas e africanas.
    Bairro do Talude (Lisboa)
    – Presença de comunidades africanas e ciganas.
Área Metropolitana do Porto
    Bairro do Cerco do Porto (Porto)
    – Comunidade maioritariamente portuguesa, com presença de população cigana e africana.
    Bairro do Aleixo (Porto)
    – População maioritariamente portuguesa, com inclusão de famílias ciganas realojadas.
    Bairro da Pasteleira (Porto)
    – Diversidade étnica, com presença de população cigana e portuguesa em situação de exclusão.
Outras zonas
    Bairro da Estrada Militar (Loures)
    – Comunidades africanas e ciganas.
    Bairro do Rego (Lisboa)
    – Forte presença de imigrantes de origem africana.
    Bairro do Pendão (Queluz, Sintra)
    – Comunidade mista, com presença de famílias de origem cabo-verdiana. 

Fernanda Câncio: "A única coisa que interessava eram as férias de luxo..."


 

A Europa é um "clube cristão". Quem não está bem, que se mude


 

O indivíduo na imagem, festejou o ataque do Hamas, ficou sem nacionalidade alemã


 

O Almirante não vai substituir o outro almirante, que já foi presidente da República há muito tempo, o Américo Tomás...

 


Imigrantes têm que aprender Inglês no Reino Unido


 

Mais de 50 mil imigrantes em situação irregular em Portugal


 

A Suécia foi o país mais pacífico do mundo, até abrir as portas aos imigrantes


 

Muçulamana protesta contra lei da burqa, mas coloca fotos online sem burga nem niqab


 

Almirante ao fundo...


 

Proibição do uso da "burqa à portuguesa" no século XVIII

 


Os homens da CPLP


 


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

O Islão, um projecto político de conquista do poder

 

Quando se começam a instalar num país, os muçulmanos adoptam uma postura submissa e fazem de conta que estão integrados na sociedade, nomeadamente no que toca às leis desse país. Numa segunda fase, tomam conta do terreno - isto é, fazem questão de ter uma visibilidade e uma agressividade que não correspondem à sua percentagem populacional. Exemplo disso são as rezas colectivas no Martim Moniz, na Alameda Afonso Henriques ou diante da catedral de Westminster, em Inglaterra. No Reino Unido há cerca de 3 mesquitas para cada 100 mil habitantes na população total (67 milhões). Se o cálculo for baseado apenas na população muçulmana (cerca de 4 milhões em 2021), o número será muito maior, refletindo a concentração das estruturas religiosas dentro da própria comunidade muçulmana - cerca de 47 mesquitas por 100.000 muçulmanos. Em França, as ruas são bloqueadas por muçulmanos, à hora das rezas. Em Inglaterra é comum ver manifestações de muçulmanos com cartazes onde se lê "Democracia não, Islão Sim" ou slogans semelhantes.

A ocupação do terreno passa pela construção de guetos islâmicos, zonas onde os muçulmanos se concentram, geralmente em redor de uma mesquita, criando "no-go zones" sobretudo para as mulheres ocidentais, 
pelas suas atitudes de intimidação e assédio, e para os não-islâmicos, em geral. A sua actividade política começa pela conquista de alguns lugares, nas eleições autárquicas, integrados em listas dos partidos políticos laicos, numa obsessão de conseguirem mais uns votos - o que já aconteceu, nestas últimas eleições. Em lugar da tradicional dispersão de votos por vários partidos políticos, os muçulmanos concentram os seus votos num único candidato. Foi assim que elegeram o presidente câmara de Londres, Sadiq Khan. Foi assim que elegeram os presidentes das câmaras de Manchester, Oxford, Rotherham, Camden, Tameside, entre outros. Nas eleições de 2024, foram eleitos 24 deputados muçulmanos. Na câmara dos Lordes, há 19 membros muçulmanos. 

Esta presença política, que é reforçada e crescente, permite aos muçulmanos interferir em questões relacionadas com os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, sempre com a mesma alegação: determinadas práticas da sociedade são contrárias à sua fé e às suas tradições religiosas. Por exemplo, a direcção dos serviços de Educação de Inglaterra determinou, há alguns anos, que os livros infantis com a história dos três porquinhos deviam ser retirados das bibliotecas escolares, a fim de não "ofenderem" os alunos muçulmanos. Um passo importante é o seguinte: a construção de um sistema educacional e judicial muçulmano. Nos guetos que constroem, os muçulmano incluem sempre escolas islâmicas, com o argumento de que as escolas laicas destroem a fé islâmica. Da mesma forma, criam tribunais islâmicos que aplicam a Sharia, ignorando a legislação do país onde se instalaram.

Sir Trevor Phillips

Até hoje, não se chegou ainda à conquista total de um país ocidental por grupos muçulmanos. Mas a não integração e a criação de "estados dentro do Estado", como disse Sir Trevor Phillips (*), constituem já uma realidade. O exercício do crescente poder e influência, por parte dos muçulmanos estabelecidos nos países ocidentais, na área política, tem como objectivo principal atingir uma "massa crítica" que lhes permita impôr uma separação total da comunidade em que estão falsamente inseridos. Esta conquista do poder é facilitada pela atitude complacente e submissa da maioria dos políticos dos países ocidentais para com as exigências dos muçulmanos. O receio de serem acusados de islamofobia leva os políticos e autoridades a ignorarem a prática de crimes quando estão em causa membros de minorias étnicas, muçulmanas, na sua maioria. 

O caso de Roterham é significativo. Cerca de 1.400 jovens raparigas em situação de fragilidade e provenientes de famílias disfuncionais foram aliciadas por grupos maioritariamente de muçulmanos paquistaneses, para depois acabarem por ser violadas durante meses e até, nalguns casos, durante anos, por gangues de dezenas de homens. Os assistentes sociais e a polícia estiveram ao corrente do que se vinha a passar, durante bastante tempo. No entanto, recusaram-se a agir com o receio de serem considerados islamófobos. A atitude das sociedades ocidentais que, na sua maioria, aceita as exigências dos muçulmanos é encarada como uma posição de fraqueza, da parte desses mesmos muçulmanos. Aquilo que o Ocidente entende como sendo um comportamento correcto e amigável no acolhimento e na concessão de benefícios para a integração dos imigrantes muçulmanos é considerado por esses mesmos imigrantes como uma oportunidade para impôr as suas regras, dada a falta de coragem dos cidadãos e políticos desses países a resistirem a essas imposições. 

Portugal está na fase da construção de guetos, com cerca de 80 mesquitas e locais de culto, bem como sete escolas islâmicas, algumas ainda em construção, espalhadas pelo país. Ao mesmo tempo, assiste-se, desde há alguns anos, à ocupação do terreno, com as "manifestações" das preces finais do Ramadão na praça do Martim Moniz e na Alameda Afonso Henriques. Não é por acaso que esses dois locais foram escolhidos. A toponímia de ambos remete para a conquista aos muçulmanos da cidade de Lisboa. A concentração de milhares de imigrantes, nesses locais e nessa data levanta uma questão: porque razão têm que ocupar aquele espaço? Onde fazem eles as suas preces, nos dias normais? De destacar também outro passo que já foi dado pelos muçulmanos portugueses: a criação de tribunais islâmicos, que funcionam à margem da lei, neste país, em tribunais ilegais e que já deveriam ter merecido a intervenção do Ministério Público - que nestes casos, faz como as assistentes sociais e a polícia de Roterham - ignora o assunto, para não serem acusados de islamófobos. 

Há mais de quinze anos que funciona um tribunal islâmico na mesquita de Lisboa, presidido pelo Xeque Munir. Nesse tribunal são emitidas sentenças em casos que violam frontalmente a Constituição da República Portuguesa e as leis em geral, nomeadamente o Código Civil e o Código Penal. Exemplo disso é uma passagem de uma entrevista do Xeque Munir ao jornal Público, onde ele explica a sentença passada em relação a um caso que é uma violação óbvia da legislação em matéria de heranças e partilhas: "É também com a "necessidade de o homem sustentar a família" que David Munir justifica a norma da Sharia de que o homem "tem direito ao dobro da herança"' se um parente morrer, "porque ele é obrigado a ajudar, e a mulher não". Outro aspecto que separa a lei de um país ocidental é a questão do direito do marido bater na mulher. O Xeque Munir admite que no Corão se diz que "quando uma mulher é desobediente", o marido "pode repreendê-la", embora considere que teólogos misóginos, com uma interpretação mais radical, considerem "ser legítimo bater depois de admoestar". Esse direito é explícito na Sura 4, Versículo 34 (An-Nisā'): "Quanto àquelas, de quem temeis deslealdade (ou desobediência), admoestai-as (na primeira vez), abandonai os seus leitos (na segunda vez) e batei-lhes (na terceira vez); porém, se vos obedecerem, não procureis meios contra elas. Sabei que Deus é Excelso, Magnânimo."

Nenhum muçulmano será, nunca, português. O Corão e a Sharia são incompatíveis com a Constituição da República. Ser português ou não, nada tem a ver com genes, mas sim com o tempo de permanência em Portugal, disse recentemente o almirante Gouveia e Melo, ao afirmar que um imigrante que viva em Portugal dez anos "é tão português como nós" - o que é falso. Ser português tem a ver com a cultura, tradições, princípios e leis. Bater na mulher é crime, em Portugal mas é autorizado pelo Islão. Trata-se de um entre centenas de exemplos. A atitude dos muçulmanos em relação à homossexualidade é outro exemplo concreto. A condenação religiosa baseia-se principalmente na história do Profeta Ló (Lot) e do seu povo, em Sodoma, mencionada em várias Suras do Alcorão (por exemplo, Sura 7:80-81; Sura 26:165-166). Estes versículos condenam especificamente a prática de "ir aos homens com desejo, em vez de ir às mulheres". O facto é que na maioria dos países islâmicos a homossexualidade é criminalizada e em diversos casos, punida com a pena de morte. Irão, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen — entre outras nações islâmicas — contemplam a pena de morte como punição pela homossexualidade. No total, 69 países-membros das Nações Unidas têm leis que criminalizam a homossexualidade. O Iêmen, a Nigéria, o Uganda, o Afeganistão, o Qatar, a Somália, e os Emirados Árabes Unidos também aplicam a pena de morte aos casos de homossexualidade.

O projecto político de conquista do poder que o Islão constitui, camuflado numa falsa atitude de integração e inserção nos países ocidentais, terá resultados negativos, em Portugal, a curto prazo. Segundo o próprio Xeque Munir, o número de muçulmanos no país já ultrapassa os 100 mil. Portugal não escapará a essa estratégia de domínio, cujos primeiros sinais já se vislumbram: escolas islâmicas, onde os rapazes e as raparigas se sentam separados, na sala de aulas; ocupação do terreno, com a construção de cada vez mais mesquitas, exigindo, inclusive, a construção de uma mesquita na Mouraria, o que iria descaracterizar completamente aquele espaço turístico; manifestações de força, como são as duas as preces colectivas do final do Ramadão; fornecimento, em escolas públicas em Odivelas, de comida "halal" (comida islâmica preparada de acordo com os seus rituais), e domínio da comunidade muçulmana por um grupo fundamentalista, os Tablighi Jamaat, para além de outros detalhes.

(*) Sir Trevor Phillips, ex-deputado trabalhista e ex-presidente da "Commission for Racial Equality (CRE)" e ex-chairman da "Equality and Human Rights Commission (EHRC)", filho de pais imigrantes das Caraíbas
 

domingo, 19 de outubro de 2025

Três mulheres do círculo íntimo de Sócrates vão a tribunal


Lígia Correia, Célia Tavares e Fernanda Câncio serão confrontadas com escutas comprometedoras e com o circuito que o dinheiro fazia antes de lhes chegar às mãos.

O tribunal que julga a Operação Marquês vai ouvir no início da próxima semana, como testemunhas, três mulheres que estão no centro da acusação do Ministério Público (MP) ao ex-primeiro-ministro José Sócrates. O trio faz parte do ecossistema sentimental do antigo líder socialista, incluindo a jornalista Fernanda Câncio, sua namorada de muitos anos. As três terão beneficiado da sua fortuna através do pagamento de avultadas despesas ou de férias de luxo, com verba saídas das contas tituladas pelo empresário e seu amigo Carlos Santos Silva.

Na barra do tribunal, na terça-feira, comparecerão Lígia Correia e Célia Tavares, que, além da sua relação afetiva com Sócrates, criaram com ele também uma grande cumplicidade. O ex-primeiro-ministro e Lígia Correia, sua atual companheira, conheceram-se na década de 1980, quando era uma simples funcionária do PS. Estreitaram a ligação quando ela passou a secretária de outro chefe de governo socialista, António Guterres, e Sócrates, por ele apadrinhado, se tornou um político promissor. Lígia funcionou, durante anos, como a placa giratória que distribuía, conforme as necessidades de Sócrates, as suas próprias amigas. Foi ela quem lhe apresentou Célia Tavares, que será também ouvida pelo coletivo judicial no mesmo dia. Num complexo quadro de relações afetivas, no qual se incluíam outras mulheres, o governante abriu os cordões à bolsa. Quem acabou por pagar a fatura dos seus esbanjamentos sentimentais foram o primo José Paulo Pinto de Sousa e Carlos Santos Silva, os guardiões – na versão do MP – de uma fortuna feita à conta de comissões alegadamente ilícitas que envolveram o mais destacado e reputado banqueiro nacional, Ricardo Salgado, líder do Grupo Espírito Santo.

As sessões no Juízo Criminal de Lisboa durante a próxima semana prometem, portanto, alguma animação. Estas duas mulheres serão, seguramente, confrontadas com o circuito financeiro dos dinheiros que chegaram às suas mãos e também com escutas telefónicas.

Propinas e outras despesas

Célia Tavares, por exemplo, era muito difícil de satisfazer. Trabalhara como personal shopper na Loja das Meias, mas, em 2012, quando o conheceu, estava desempregada e voltara a estudar. Sem meios para financiar o curso de Direito, era a Sócrates que recorria para pagar as propinas e cobrir outras despesas. As conversas entre ambos acabaram por embater sempre nos seus problemas financeiros: «Olá querido, recebeste a minha mensagem? Tenho o seguro do carro que já venceu ontem e não tenho possibilidades para o pagar sem a tua ajuda. Desculpa. Bjs.» Célia não lhe dava um minuto de sossego, mesmo quando os interesses pareciam ser outros. Uma SMS enviada a 25 de maio de 2014, na noite das eleições para o Parlamento Europeu, ganhas pela lista do PS encabeçada por Francisco Assis, ilustra o tipo de afinidade e de dependência que com ele mantém: «Boa ganhámos… Zé estás bonito, estou a ver-te na RTP1. Mesmo com 60% de votos [já apurados] ganhámos. Olha, preciso de ajuda este mês, fiquei com pouco menos, como sabes. E tive muitos gastos. Obrigada, meu querido, e parabéns. Gostava que fosses tu ali em vez do Assis. Bjs.» Ouvida pelo MP, Célia admitiu que quem lhe pagava as dádivas do ex-dirigente socialista, numa rotina quase mensal, eram, à vez, o seu motorista, João Perna, ou o amigo Carlos Santos Silva.

Uma amiga Cada vez mais ‘caprichosa’

Mas, das mulheres do círculo íntimo de José Sócrates, será Lígia, que com ele passou a viver após ter saído de prisão preventiva, quem mais deverá ter de explicar. Conhecia-lhe a avidez de afetos, marcara e desmarcara encontros, regateou preços, colocava travões às despesas quando percebia que o estavam a enganar.

É o caso de Sandra Santos que, com um filho pequeno a seu cargo, vivia na Suíça de um subsídio de desemprego. A logística para a colocar no país sempre que o apetite de Sócrates a reclamava tornara-se numa dor de cabeça para Lígia. E Sandra, conhecedora dos caprichos constantes do ex-governante, não facilitava. Numa década, conseguiu extorquir-lhe, só em transferências bancárias de contas do universo do primo e de Santos Silva, cerca de 150 mil euros.

Lígia, que com eles participava em convívios alargados, tentou abrir os olhos do ex-dirigente socialista, indo em 2013, numa conversa telefónica, direta ao assunto. Avisou-o para ter cuidado, pois Sandra ficava cada vez mais «caprichosa» e nem sempre se mostrava disponível. Acrescentou que não estava a dizer para terminar a relação, mas que tinha de haver «um limite».

Lígia ganhara a confiança do ex-primeiro-ministro e estava num patamar acima da restante teia feminina que o rodeava. Fazia parte da célula dos amigos mais próximos que correram Portugal de lés a lés para comprarem 20 mil exemplares de um livro com a sua assinatura, com o intuito de o fazer guindar ao top das vendas. Só por ela, que recebia para o efeito as despesas de deslocação – combustível, portagens, refeições e alojamento -, foram adquiridos pelo menos 355 exemplares, a um custo de 17 euros cada.

As viagens e o apartamento em Paris

No dia seguinte à audição de Célia e Lígia, quarta-feira, marcará presença em julgamento Fernanda Câncio, que manteve uma longa relação amorosa com Sócrates. O cerco à jornalista da parte do MP terá outro ângulo. Durante o relacionamento, tornado público quando Sócrates, em 2005, assumiu o cargo de primeiro-ministro, o casal fez várias viagens de luxo suportadas pelo omnipresente Santos Silva, que com eles conviveu em retiros de férias na maioria das vezes. Em 2008, apenas duas viagens a Menorca e outra para a passagem de ano em Veneza, englobando Sócrates, a namorada, os filhos, outros familiares e o casal Santos Silva, orçaram por volta de 85 mil euros, mais de metade do vencimento anual do chefe do governo. Ainda houve umas badaladas férias em Formentera, no verão de 2014, em casa arrendada por 18 mil euros num período que não ultrapassou duas semanas.

O MP quer demonstrar que o dinheiro é de quem dele beneficia, e Fernanda Câncio será também confrontada com património que os acusadores afirmam pertencer ao ex-governante, apesar de se encontrar no nome do empresário amigo.

É o caso do luxuoso apartamento parisiense de 225 metros quadrados com vista sobre a Torre Eiffel situado num prédio oitocentista da Avenue du Président Wilson, no 16.º arrondissement, o bairro mais exclusivo e caro da capital francesa, que José Sócrates nega ser seu. Inevitavelmente, Fernanda Câncio será confrontada com escutas e mensagens trocadas com o ex-namorado que contrariam a versão dele. É o caso de uma SMS surgida a 22 de setembro de 2014. A jornalista, que convivia com um quadro de múltiplas relações femininas de Sócrates, mostrou aí o seu desconforto: «Vais ver [que] ela volta para ti. Não há assim tantos ex-pm com massa e casa em Paris e com t*** permanente disponíveis.

Jornal "Sol"
Felícia Cabrita
19 de Outubro 2025
 

sábado, 18 de outubro de 2025

A falsa liberdade que apaga o rosto das mulheres e o discurso cúmplice do Sheik David Munir (WHISTLEBLOWER.Pt)

 


O FALSO DEBATE SOBRE LIBERDADE
O Parlamento português decidiu restringir o uso da burca em espaços públicos, e imediatamente surgiu o coro previsível: “a mulher tem o direito de vestir o que quiser”.
É um argumento bonito, mas intelectualmente desonesto.
A liberdade de escolha pressupõe ausência de coação.
E ninguém pode, em consciência, afirmar que a burca — um símbolo nascido do medo e da submissão — é resultado de livre escolha.
Na maioria dos casos, o que se apresenta como “autodeterminação feminina” é pressão social, familiar ou religiosa.

Mesmo em países europeus, muitas mulheres usam a burca porque temem o julgamento da comunidade, o isolamento ou o castigo.
O Islão, nos seus textos fundadores, não impõe a burca.
Fala em modéstia e recato, mas a cobertura total do corpo e do rosto é uma interpretação cultural e patriarcal, não uma ordem divina.
O próprio Sheik David Munir, imã da Mesquita Central de Lisboa, reconheceu isso publicamente.

Ora, se não é mandamento religioso, o que significa o seu uso?
Significa submissão simbólica e social.
É a presença visível de uma ideologia que coloca a mulher abaixo do homem e a transforma num corpo a esconder, num sujeito a calar.
O DISCURSO DO SHEIK: NORMALIZAÇÃO DO RETROCESSO
O Sheik David Munir — figura mediática e bem tratada pela imprensa nacional — afirmou que “a burca não é obrigatória, mas deve ser respeitada enquanto escolha individual”.

À primeira vista, parece um discurso moderado e conciliador.
Na prática, é profundamente político.
Ao relativizar o significado da burca, o imã promove a aceitação cultural de um símbolo de opressão, transformando-o num simples elemento de “identidade”.
E ao fazê-lo, introduz no espaço público português a ideia de que qualquer prática religiosa — mesmo que anule direitos universais — merece respeito automático.
O problema é que essa “moderação” não defende o direito das mulheres, defende a imunidade cultural de sistemas patriarcais.
O Sheik Munir é inteligente: sabe que o Islão não impõe o véu integral, mas usa o discurso da tolerância para ganhar espaço e legitimidade política.
Cada vez que uma figura religiosa é amplificada pelos media sem contraditório, o país cede um pedaço da sua laicidade.

O que ele promove, em última análise, é a aceitação gradual de uma exceção permanente: a ideia de que certas comunidades podem viver segundo regras próprias, acima das leis da República.
PORQUE ALGUMAS MULHERES AINDA A DEFENDEM
Algumas mulheres muçulmanas afirmam usar a burca “por vontade própria”.
Mas a psicologia social explica: quando uma norma de submissão é interiorizada desde a infância, a obediência passa a ser confundida com fé, e o medo com virtude.
É o mesmo mecanismo que leva vítimas de regimes autoritários a defender os seus algozes — a chamada submissão interiorizada.
Outras veem na burca um ato de identidade cultural — uma forma de se distinguir num mundo ocidental que as julga.
Mas o resultado é o mesmo: o corpo torna-se bandeira e a mulher desaparece por detrás de uma causa que não é dela, mas de quem a formou para servir.
A verdadeira liberdade não é poder tapar o rosto.
É poder mostrá-lo sem medo de ninguém.

O FEMINISMO QUE ABANDONOU AS MULHERES
O maior paradoxo é ver feministas e organizações ditas progressistas a defender o uso da burca como “expressão da autonomia feminina”.
O feminismo clássico combatia o véu como símbolo de submissão.
O feminismo contemporâneo, capturado pelo identitarismo, passou a desculpá-lo em nome da diversidade cultural.
A Amnistia Internacional é o exemplo perfeito dessa hipocrisia:
denuncia o uso obrigatório da burca no Irão, mas defende o direito de usá-la na Europa — como se o mesmo ato pudesse ser opressão lá e liberdade cá.
Se é opressão quando imposta, não deixa de o ser quando normalizada.
A diferença está apenas na forma, não na essência.
Este duplo padrão é o retrato de uma esquerda que prefere parecer tolerante a ser coerente.
Teme ser acusada de islamofobia e, por isso, aceita a desigualdade quando ela vem “do outro”.
É o triunfo do relativismo sobre o universalismo dos direitos humanos.

A CONTRADIÇÃO IMPOSSÍVEL: ISLAMISMO E MOVIMENTO LGBTQIA+
A esquerda progressista construiu uma coligação de minorias onde tudo cabe: feministas, ambientalistas, ativistas LGBTQIA+ e defensores do multiculturalismo islâmico.
Mas essa aliança é ideologicamente impossível.
O islamismo tradicional condena a homossexualidade como pecado grave — e, em dezenas de países, como crime punível com prisão ou morte.
Em nenhum Estado islâmico há igualdade de género ou liberdade sexual plena.
Mesmo em comunidades islâmicas europeias, a hostilidade ao movimento LGBTQIA+ é aberta e frequente.
O progressismo europeu, contudo, finge não ver.
Tenta proteger todas as minorias ao mesmo tempo, mesmo quando uma destrói a outra.

É o “multiculturalismo esquizofrénico”: um sistema que exige aceitação de valores mutuamente excludentes e depois culpa o Ocidente quando a convivência falha.
O CONFRONTO COM A IGUALDADE DE GÉNERO
O princípio universal da igualdade de género — base do direito europeu — é inconciliável com o islamismo tradicional.
A sharia define hierarquia entre homem e mulher: o homem herda o dobro, o testemunho feminino vale metade, a mulher precisa de autorização para viajar, casar ou trabalhar.
Isto não é exceção cultural, é lei religiosa.
Defender igualdade e ao mesmo tempo proteger a expansão dessas normas é autodestruição moral.
A esquerda tolera em nome da diversidade aquilo que, na sua própria lógica, deveria denunciar como violência estrutural.
O resultado é visível: bairros onde a separação de género reaparece, escolas onde meninas são retiradas das aulas de educação sexual, mulheres que já evitam circular sozinhas.
A Europa que dizia “nunca mais” começa a ceder terreno ao regresso do mesmo patriarcado, só que agora importado.

A ILUSÃO DO MULTICULTURALISMO
O multiculturalismo não trouxe integração; trouxe comunidades paralelas.
Em nome da “inclusão”, o Estado laico começou a recuar.
Proibiu o crucifixo, mas aceita a burca.
Critica a Igreja Católica, mas teme questionar o Islão.
As elites progressistas criaram um sistema onde as leis universais se aplicam apenas aos ocidentais.
As minorias religiosas ganham imunidade moral — não por mérito, mas por medo político.
É o novo dogma europeu: “respeitar todas as culturas, mesmo as que não respeitam ninguém”.

A LIBERDADE SEM ADJETIVOS
Mostrar o rosto não é um gesto político, é um gesto humano.
É dizer “eu existo”, “sou reconhecida”, “sou igual”.
Quando o Estado permite que a mulher se apague por trás de um pano em nome da fé, abdica da igualdade em troca da aparência de tolerância.
Portugal é um Estado laico.
E num Estado laico, nenhuma religião tem o direito de transformar o corpo humano num símbolo ideológico.
A burca não é um adereço de moda — é a negação visível da identidade feminina.
O QUE ESTÁ REALMENTE EM CAUSA
A polémica sobre a burca não é sobre vestuário — é sobre valores civilizacionais.
É sobre se o Ocidente ainda acredita nos seus próprios princípios ou se vai continuar a destruí-los para não ser acusado de intolerância.
É sobre se queremos viver numa sociedade de pessoas visíveis, livres e iguais, ou numa de guetos culturais onde cada um responde apenas às suas tradições.
Quando figuras como o Sheik David Munir falam de “respeito” e “diversidade”, não estão a defender o pluralismo.
Estão a testar os limites da submissão cultural europeia.
Sabem que o medo de ofender é hoje mais forte do que a vontade de defender.
E cada vez que os media lhes dão palco sem contraditório, Portugal cede mais um metro à fragmentação da sua própria soberania moral.

CONCLUSÃO
A burca é o espelho perfeito do que o progressismo europeu se tornou:
um sistema que confunde liberdade com rendição, diversidade com relativismo e tolerância com medo.
O discurso do Sheik David Munir não promove o diálogo — promove a aceitação do recuo civilizacional.
Apresenta-se como voz de moderação, mas o seu efeito é o da normalização do desigual.
Cada frase aparentemente pacífica é uma peça na lenta desmontagem do princípio da igualdade.
Portugal precisa de líderes que defendam a liberdade sem vergonha e a igualdade sem exceções.
Porque quem relativiza a opressão em nome da tolerância não é progressista — é cúmplice.
A mulher livre mostra o rosto.
A sociedade livre reconhece-o.
E o Estado livre não pede desculpa por o defender.
WHISTLEBLOWER.Pt

 

Entre o véu e a República: porque a burca não tem lugar nos espaços públicos portugueses

 

 Na sequência da aprovação, esta sexta-feira, em sede parlamentar, do projeto de lei que proíbe o uso de vestuário destinado a ocultar o rosto em espaços públicos
— uma medida amplamente interpretada como uma proibição da burca,
impõe-se um olhar sereno, informado e desprovido de instrumentalizações políticas sobre uma questão que toca simultaneamente a liberdade religiosa, a igualdade de género, a segurança coletiva e os fundamentos da convivência democrática.


Num momento em que Portugal se junta a outros países europeus que já adotaram legislação semelhante, torna-se essencial compreender não apenas o que a lei diz, mas o que o fenómeno que pretende regular representa em diferentes contextos sociais e culturais — nomeadamente à luz de experiências vividas em sociedades onde a tensão entre tradição, modernidade e identidade religiosa se manifesta de forma aguda.
Fui docente no Ensino Secundário e Superior na Tunísia, entre 2017 e 2019.
Durante esses três anos, testemunhei uma transformação silenciosa, mas profunda: o aumento abrupto do uso da burca, mesmo em ambientes historicamente laicos.
A Tunísia, herdeira do projeto modernizador de Habib Bourguiba — que, em 1956, aboliu a poligamia e promoveu a igualdade jurídica entre homens e mulheres — sempre se orgulhou de uma tradição de emancipação feminina rara na região.
 
No entanto, após a Revolução do Jasmim, em 2011, e a subsequente legalização do Movimento Ennahda, partido de inspiração islamita, assistiu-se a uma reconfiguração das normas de visibilidade feminina.
Nas salas de aula, a maioria das alunas usava vestuário comum — calças, blusas, saias — ou, no máximo, o hijab, o véu que cobre os cabelos, mas deixa o rosto visível.
Esse uso era respeitado, sem controvérsia.
Mas a burca, essa sim, era uma novidade desconcertante.
Diretores de escola, Professores, muitos deles formados na tradição secular tunisina, confessavam perplexidade: “Isto nunca existiu aqui”, diziam, com um misto de inquietação e desconfiança. 
 
Não se tratava de islamofobia, mas de um choque com uma prática que parecia alheia à identidade nacional recentemente construída.
Lembro-me, com particular intensidade, de um episódio durante a vigilância de exames nacionais, em pleno Ramadão.
O calor era insuportável — as salas não tinham ar condicionado, e os alunos suavam copiosamente.
Uma aluna entrou coberta pela burca integral.
Os alunos olhavam perplexos.
A direção interveio, não por hostilidade, mas por questões de identificação e segurança, mas também por uma preocupação ética silenciosa: aquela jovem estaria a agir por convicção própria, ou sob pressão familiar ou comunitária?
Naquele contexto, questionar a burca era delicado. 
 
O Ennahda, embora não estivesse no poder na altura, exercia uma influência simbólica considerável e qualquer crítica podia ser interpretada como um ataque à “identidade islâmica”.
Tudo isto senti na pele.
Essa experiência ajuda a compreender por que, num país como Portugal — cuja tradição republicana assenta na laicidade, na igualdade de género e na visibilidade como condição da vida em comum — a proibição da burca em espaços públicos é não apenas legítima, mas coerente com os valores constitucionais. 
 
A burca não é um acessório de moda.
É um símbolo carregado de significados políticos, religiosos e sociais.
Em contextos onde a liberdade feminina foi historicamente conquistada contra práticas patriarcais, a sua imposição — mesmo que disfarçada de “escolha” — representa um retrocesso.
E mesmo quando não há coerção explícita, a normalização da invisibilidade do rosto feminino reforça uma lógica que vê a mulher como fonte de tentação, como corpo que deve ser escondido para preservar a “moral pública”.
Essa visão é incompatível com a ideia de cidadania plena.
Importa sublinhar: proibir a burca não é proibir o Islão. 
 
O hijab continua plenamente permitido — e respeitado — em Portugal, como aliás o é em França, Bélgica ou Dinamarca, países que já adotaram legislação semelhante.
A distinção é crucial: o véu que cobre os cabelos é uma expressão de fé compatível com a vida em sociedade;
a burca, que apaga o rosto, rompe com o princípio básico da reconhecibilidade mútua, essencial à convivência democrática.
Além disso, há uma dimensão de segurança incontornável.
Em transportes públicos, escolas, tribunais ou manifestações, a identificação visual é um pilar da ordem pública.
Não se trata de desconfiança generalizada, mas de garantir que todos os cidadãos — homens e mulheres — possam ser identificados quando necessário.
A Tunísia, aliás, compreendeu isso: em 2019, proibiu a burca em espaços públicos por razões de segurança, após uma série de atentados terroristas (e eu assisti a eles!).
A medida não foi apresentada como um ataque ao Islão, mas como uma defesa do Estado laico e da segurança coletiva.
Portugal não vive sob ameaça terrorista iminente, nem tem uma tradição de uso da burca. 
 
Por isso mesmo, a sua introdução em espaços públicos não é um fenómeno cultural autóctone, mas uma importação de lógicas que, em muitos casos, se aliam a visões fundamentalistas da religião e do género.
Nesse contexto, a proibição não é um ato de exclusão, mas de afirmação dos valores republicanos.
A liberdade religiosa é um direito fundamental — mas não absoluto.
Quando entra em conflito com outros direitos fundamentais, como a igualdade entre homens e mulheres ou a segurança coletiva, exige-se equilíbrio.
 
E nesse equilíbrio, o rosto descoberto não é um luxo: é uma condição mínima de dignidade, de reconhecimento, de pertença a uma comunidade de iguais.
Na Tunísia, aprendi que a liberdade das mulheres não se mede apenas pelo direito de votar ou estudar ou de conduzir ou de publicar livros ou realizar filmes, mas também pelo direito de ser vista.
Em Portugal, devemos defender esse mesmo princípio — não por medo do outro, mas por fidelidade ao que somos todos.
 
José Paulo Santos.
Revista Visão, 17 de Outubro de 2025.

A fortuna de Dino d’Santiago: em cinco anos, Estado dá-lhe 1,6 milhões de euros para ‘empoderamento social’

 


No final de 2021, Dino d’Santiago — o músico português nascido no Algarve mas com orgulhosas raízes cabo-verdianas — dizia ao Observador: “Hoje já me sinto merecedor de tudo.” E tem sido isso mesmo que sucedeu a Claudino Jesus Borges Pereira, hoje com 42 anos.

Ao sucesso musical, Dino d’Santiago somou o reconhecimento político, tendo sido, em 2023, condecorado com a Medalha de Mérito Cultural, é agora membro da Comissão para a Igualdade e Luta Contra a Discriminação Racial e até do Conselho Geral da Universidade de Aveiro . Tudo isto muito por ter assumido um papel de relevância pública nos projectos sociais em que se envolveu, sobretudo nas áreas da raça e da discriminação. Publicou recentemente o livro Cicatrizes, com prefácio da escritora (e conselheira de Estado) Lídia Jorge, e recebeu ainda um convite para conceber uma ópera “estrelada” no Centro Cultural de Belém, numa encomenda da Bienal de Artes Contemporâneas. Por isso, é amiúde visto em companhia de figuras públicas e de poder.

Mas há outro lado da história: Dino d’Santiago tem sido copiosamente apoiado, como poucos, pelos poderes públicos. E o apoio não é apenas de solidariedade e ‘pancadinhas nas costas’. É com ‘txeu dinheru’ – como se dirá na ilha de Santiago para ‘”muito dinheiro”. Com efeito, ao longo dos últimos cinco anos, Dino d’Santiago tem conseguido implementar, graças à sua popularidades nos corredores da política, um modelo de financiamento que, sendo formalmente escorreito, choca pelas verbas envolvidas. ↓

Na passada terça-feira, o PÁGINA UM revelou que, através da associação Mundu Nôbu — que fundou em finais de 2023 e que preside, sem se conhecerem outros membros da direcção além de Liliana Valpaços —, Dino d’Santiago conseguiu garantir, nos últimos 13 meses, 481 mil euros de duas empresas municipais (Gebalis e EGEAC) para a prestação de serviços sociais e para dois espectáculos musicais contratualizados por valores inflacionados. Mas essa era apenas uma parte da história.

Uma investigação mais aprofundada nos últimos dias apurou que, de forma directa e indirecta, desde 2021, Dino d’Santiago já garantiu muito mais em subsídios e contratos públicos: quase 1,6 milhões de euros, grande parte através de uma empresa da qual é o único sócio.
Ligações privilegiadas ao poder não têm trazido apenas capacidade de intervenção, mas também muito dinheiro. Foto: DR.

Antes de fundar a associação Mundu Nôbu — nome retirado do álbum homónimo de 2018 —, o músico criou, em 2019, a empresa unipessoal Batuku Roots, com sede em Albufeira, que incluía, além das actividades musicais, o arrendamento de imóveis e a comercialização de vestuário e brindes. Contudo, foi em Lisboa, e sobretudo a partir de 2021, que a empresa começou a facturar em grande escala.

Nesse ano, ainda com fortes limitações impostas pela pandemia — período em que muitos artistas foram severamente penalizados —, a Câmara Municipal de Lisboa entregou-lhe 250 mil euros de subsídio para lançar um projecto online denominado “Lisboa Criola”. No mesmo ano, o Turismo de Portugal, no âmbito das medidas de mitigação dos efeitos económicos da pandemia, concedeu-lhe mais de 20 mil euros.

Em 2022, já sem restrições sanitárias, o projecto de Dino d’Santiago manteve-se activo, centrando-se num festival de música com workshops e conferências durante três dias. Resultado: mais 250 mil euros atribuídos à Batuku Roots, valor que, segundo as demonstrações financeiras consultadas pelo PÁGINA UM, representou praticamente a totalidade das suas receitas desse ano. E, como não há duas sem três, em 2023 a empresa de Dino d’Santiago voltou a receber 250 mil euros da autarquia liderada por Carlos Moedas. Nesse exercício, a Batuku Roots registou receitas de 346 mil euros, não se sabendo se os cerca de 100 mil euros adicionais provêm de actividade empresarial ou de outros subsídios públicos.
Em três edições da ‘Lisboa Criola’, uma das quais online, a empresa unipessoal de Dino d’Santiago, a Batuku Roots, recebeu 750 mil euros da autarquia liderada por Carlos Moedas.

Na lista de entidades subvencionadas em 2024 pela autarquia de Lisboa, a Batuku Roots já não surge, mas a razão parece simples: com a criação da associação Mundu Nôbu no final de 2023, Dino d’Santiago deslocou as suas atenções e passou a beneficiar de um estatuto ainda mais privilegiado nos corredores do poder — deixando de necessitar de apresentar candidaturas e passando a celebrar contratos directos com a Câmara de Lisboa, através da Gebalis e da EGEAC. Entre 2024 e 2025, essas contratações já totalizam 481 mil euros.

A associação Mundu Nôbu recebeu ainda, em Setembro de 2023, um apoio adicional de 314.863 euros no âmbito do Portugal Inovação Social, destinado a um projecto de “empoderamento e capacitação de jovens afrodescendentes” com duração de três anos. O projecto é um dos que a autarquia de Lisboa apoiou este ano.

Contas feitas, e não tendo sido possível confirmar se houve outros financiamentos por outras entidades públicas de menor dimensão, Dino d’Santiago obteve, através da empresa e da associação, cerca de 1,6 milhões de euros em apoios e contratos públicos desde 2021, sendo que no caso da Mundu Nôbu a verba de subsídios atinge quase 800 mil euros. E a autarquia de Lisboa é, de longe, o principal financiador:Ç mais de 1,2 milhões de euros, entre a Batuku Roots e a Mundu Nôbu. No caso da associação, são também divulgadas mais de uma dezena de entidades privadas como parceiras, designadamente o Banco BPI, a Fundação La Caixa, o BNP Paribas, a Fundação Calouste Gulbenkian, a FNAC, a Emerald Group, a PwC, a Microsoft, a IKEA, a Worten, a Randstad, a Euro M e o ISPA. Mas nada se indica sobre os montantes envolvidos ou se se trata de prestação de serviços ‘pro bono’.
Concerto do ano passado, que incluiu uma conferência, que deu à Mundu Nôbu 130 mil euros pagos pela EGEAC. Como artista, Dino d’Santiago recebe, por norma, menos de 20 mil euros.

Contactados novamente a associação Mundu Nôbu e Dino d’Santiago, houve desta vez resposta — embora evasiva. O PÁGINA UM quis saber o valor total dos financiamentos públicos obtidos desde 2021, quer através da associação, quer da empresa, bem como as respectivas proveniências. Foi ainda questionado se, dado que a Batuku Roots deixou de receber financiamento da autarquia em 2024, Dino d’Santiago passou a prestar serviços remunerados à associação Mundu Nôbu. Reiterou-se também o pedido de relatório e contas de 2024 — que já deveriam estar aprovados até Março —, bem como a lista de membros dos órgãos sociais e o número de associados, informações que continuam a não ser divulgadas.

(Continua) 


PÁGINA UM
Pedro Almeida Vieira|
17/10/2025
 

 

 

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