segunda-feira, 1 de abril de 2024

Censura: Governo de Macau quer saber antecipadamente conteúdo de peça teatral

Dóci Papiaçám, um grupo de teatro macaense,  espera “esclarecimento” sobre intenções do Instituto Cultural, ao pedir o guião de uma peça prestes a estrear. O dirigente do grupo de teatro em patuá, Miguel de Senna Fernandes, disse ao Jornal TRIBUNA DE MACAU que espera um esclarecimento do Instituto Cultural sobre a intenção de pedir o guião da peça que vai subir ao palco do Centro Cultural, no âmbito do Festival de Artes. 

Em 30 anos, esta é a primeira vez que isso acontece. Senna Fernandes frisou que “é fundamental que haja uma liberdade de criatividade” e disse acreditar que não haverá censura, até porque há uma “relação de confiança” de parte a parte. Caso aconteça, porém, “naturalmente vai haver protesto”, garantiu.
O Instituto Cultural (IC) pediu ao grupo de teatro em patuá, Dóci Papiaçám di Macau, para que entregasse o guião da peça que vai subir a palco no âmbito do Festival de Artes de Macau, segundo noticiou o Canal Macau. Miguel de Senna Fernandes confirmou o pedido, em declarações ao Jornal TRIBUNA DE MACAU, indicando que ainda não entregou o guião, que já anda a ser solicitado há dois meses, e que está à espera de um esclarecimento do organismo com o qual, sublinha, há uma “relação de confiança” há décadas.

“Toda esta problemática é nova” para o grupo, uma vez que em 30 anos é a primeira vez que sucede. “Nunca nos solicitaram fosse o que fosse. Houve sempre uma certa confiança no trabalho dos Dóci Papiaçám ao longo de 30 anos, isto tendo a consciência de que somos um grupo cuja maneira de fazer teatro e intervir é retratar aspectos sociais. Os Dóci são um grupo satírico. Só isto seria absolutamente incompatível com a submissão de guiões. Submeter para quê? Temos de perceber”, vincou.

O dramaturgo afirmou que “se for apenas um pró-forma, é normal”: “Temos este guião e ponto final”. Mas “quando as coisas começam a ser objecto de alguma análise – e parece-me que é essa a finalidade, a não ser que eu esteja errado – aí já incomoda, a história é completamente diferente”, sublinhou, lembrando as notícias sobre espectáculos que têm vindo a ser alvo de “alguma espécie de intervenção” nos últimos tempos.
(Continua)

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