terça-feira, 30 de setembro de 2025

‘Esquizofrenia’: Família Balsemão avisa mercado de que foi informada pela família Balsemão sobre entrada da família Berlusconi na Impresa

 


Menos de três horas após o PÁGINA UM ter revelado que a Impresa estava em violação do Regulamento Abuso de Mercado (RAM) da União Europeia por estar em negociações com a MFE-MediaForEurope sem avisar a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e os accionistas, o grupo controlado e dominado pela família Balsemão foi literalmente a correr avisar a ‘polícia da bolsa’.

A holding fundada e presidida por Francisco Pinto Balsemão, e que tem o seu filho Francisco Pedro como CEO, arrisca, mesmo assim, uma coima até 5 milhões de euros e outras penalidades se a CMVM não fechar os olhos, uma vez que a falta de informação ou a revelação de informação incompleta para o “sistema de difusão “são consideradas contra-ordenações “muito graves”.

O jornal italiano Il Messaggero já revelara ontem de manhã que no conselho de administração da MFE, que aprovara as contas semestrais na passada quarta-feira, o CFO Marco Giordani tinha informado sobre a retoma das negociações para uma entrada na Impresa, o grupo de media fundado por Francisco Pinto Balsemão e actualmente em situação financeira fragilizada. ↓

Ao final da tarde de ontem, a partir das 19h00, a imprensa económica portuguesa – como o Jornal de Negócios e o Eco – começaram a divulgar também essa notícia do jornal italiano, mas sem destacarem que a Impresa tinha obrigações legais de avisarem o regulador e o mercado sobre essas negociações, que tenham ou não sucesso acabam por possuírem uma potencial influência na cotação das acções em bolsa.

Somente depois de o PÁGINA UM ter revelado pelas 22h15 de ontem que estaria a ser violado o Regulamento Abuso de Mercado da União Europeia e as regras da CMVM – porque as empresas cotadas ou emitentes de dívida têm a obrigação de esclarecer o mercado sempre que circulem rumores ou notícias susceptíveis de influenciar a cotação dos seus títulos -, a Impresa fez um comunicado no site do regulador. O comunicado da Impresa na área da informação privilegiada foi feito numa hora inusitada: 00 horas, 59 minutos e 47 segundos. Ou seja, menos de três horas depois, num fim-de-semana. O mercado bolsista em Portugal só reabre na próxima segunda-feira. Impresa fechou ontem a 0,126 euros

Nesse comunicado nocturno, a Impresa manifesta uma estranha esquizofrenia corporativa porque começa por dizer “que lhe foi comunicado pelo seu accionista maioritário que este se encontra a desenvolver contactos, em exclusividade, com o grupo MFE com vista à avaliação de potenciais operações societárias para a aquisição de uma participação relevante na Impresa, embora não exista, nesta data, qualquer acordo vinculativo entre o acionista e a MFE para o efeito”.

Ora, sucede que o tal accionista maioritário (com 50,1%) da Impresa é a Impreger, que por sua vez é controlada (cerca de 71,4%) pela Balseger. E em todas estas empresas, a família Balsemão é dona e senhora. Com efeito, a administração da Impresa é constituída pelo patriarca Francisco Pinto Balsemão (chairman) e por dois dois seus filhos: Francisco Maria (vice-presidente) e Francisco Pedro (vogal e CEO), sendo que todos os restantes quatros membros são indicados pela Impreger.

Por sua vez, a Impreger só tem Balsemão nos apelidos dos três administradores: Francisco Pinto Balsemão, Francisco Maria Balsemão e Mónica Balsemão, que é também quadro de topo da Impresa. Por fim, a Balseger, detida a 100% pela família Balsemão, é presidida pelo patriarca e tem como membros do conselho geral e de supervisão todos os seus cinco filhos: Francisco Pedro, Francisco José, Mónica, Henrique e Joana.
Pier Silvio Berlusconi, presidente-executivo do grupo MFE. / Foto: D.R.

Só os dois últimos não estão associados aos negócios familiares nos media, sendo que Joana Balsemão foi vereadora da autarquia de Cascais e actualmente é administradora não executiva da Brisa, ocupando ainda funções no Kaizen Institute.

Em suma, trocando por miúdos, o comunicado nocturno da Impresa pretende convencer o mercado de que só ontem à noite Francisco Pinto Balsemão, Francisco Maria Balsemão e Francisco Pedro Balsemão, administradores da dona da SIC e do Expresso, foram formalmente informados por Francisco Pinto Balsemão, Francisco Maria Balsemão e Mónica Balsemão de que a própria Impreger (sócia maioritária da Impresa) estava em negociações com a MFE, controlada pela família Berlusconi, “para avaliar potenciais operações societárias com vista à aquisição de uma participação relevante” no grupo.

Seria uma tese aceitável — se não fosse o pequeno detalhe da impossibilidade técnica de Francisco Pinto Balsemão e Francisco Maria Balsemão notificarem-se a si próprios, a menos que o conselho de administração tenha passado a reunir-se em frente a um espelho na Quinta da Marinha.
Impresa comunicou informação privilegiada às 00h59m47s de hoje sem querer assumir que a escondeu ao mercado durante bastante tempo.

Também curioso é observar o facto de o comunicado da Impresa no site da CMVM, que só por si constitui “informação privilegiada” (daí a publicação), terminar com a frase: “Caso venha a existir informação privilegiada, será feita comunicação ao mercado nos termos previstos no artigo 29.º-Q do Código dos Valores Mobiliários e do Regulamento (UE) n.º 596/2014, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de abril de 2014”.

Ou seja, a Impresa quer dar a entender que a informação privilegiada que escondeu ao mercado (negociações em curso que podem levar mesmo a uma OPA e à mudança de mãos de importantes órgãos de comunicação social) não é informação privilegiada, tanto assim que promete revelar informação privilegiada quando a houver. Uma curiosa subversão do conceito de transparência, porque se a informação privilegiada fosse um conceito definido pelo livre arbítrio das empresas cotadas corria-se o risco de nada ser relevante para ser considerada informação privilegiada.

Aliás, ainda ontem, fonte oficial da Impresa tinha dito que “não existe informação privilegiada” a reportar, mas ao fazer um comunicado poucas horas depois – e sem que fosse possível avançar com factos novos por se tratar de uma sexta-feira à noite – acabou por confessar implicitamente que existia informação privilegiada escondida.

Na verdade, ontem, através da agência de comunicação JLMA, a Impresa não negava conversações, mas relativiza o ponto da situação das negociações, afirmando que, “como no passado, não deixará de analisar parcerias que contribuam para o crescimento e cumprimento dos [seus] objectivos estratégicos”, acrescentando ainda que “mantém, há alguns anos, uma relação de cooperação comercial com o grupo MFE”.

Recorde-se que o Il Messaggero salientava ontem que as negociações entre a MFE, sediada em Cologno Monzese, e a Impresa tiveram início no Verão de 2024, embora já tivessem existido contactos em 2019. A nova fase de negociações incide sobretudo sobre a SIC, subsidiária da Impresa que mantém resultados operacionais positivos, ainda que em queda devido ao peso da dívida acumulada pela casa-mãe nos últimos anos.

O jornal italiano referiu ainda que vários pontos permanecem em aberto, estando a MFE a avaliar se avança para a compra de todo o grupo Impresa ou apenas de activos específicos, como a SIC. O fecho das negociações é apontado para o final do ano, com a nota de que “o preço não será elevado, mas terá de contemplar uma eventual OPA”, uma vez que a dívida a ser assumida pela MFE será significativa.
Francisco Pedro Balsemão.

A MFE tem prosseguido uma estratégia agressiva de expansão e não esconde as suas ambições. No final do ano passado, o presidente-executivo, Pier Silvio Berlusconi, afirmou ter garantido o apoio de bancos para um empréstimo de 3,4 mil milhões de euros destinado a financiar o crescimento do grupo na Europa. “Queremos estar prontos para avaliar o que, se é que há algo, poderá ser a decisão certa a tomar na Alemanha, mas também relativamente a quaisquer outras oportunidades”, afirmou então Berlusconi, citado pela Reuters, acrescentando esperar que o ano em curso fosse de consolidação.

A megaholding italiana de media, anteriormente denominada Mediaset Group, é controlada pelos herdeiros do antigo primeiro-ministro Sílvio Berlusconi através do Fininvest Group. O grupo detém operações de televisão privada, bem como cinemas, produtoras e editoras em Itália, Espanha e Alemanha, país onde passou este mês a controlar a ProSiebenSat.1. 

PÁGINA UM 

Pedro Almeida Vieira e Elisabete Tavares 

"Porrada" é afinal "morada": Acusações entre Hugo Soares e André Ventura

 


Em causa está um incidente a 17 de setembro, onde Hugo Soares e Pedro Frazão protagonizam uma troca de palavras acesa. O Chega diz que o social-democrata ameaçou "dar porrada" ao outro deputado, algo que não se verificou. "Porrada" é afinal "morada": Acusações entre Hugo Soares e André Ventura

A alegada ameaça do líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, ao deputado do Chega Pedro Frazão voltou a dar que falar esta segunda-feira, com trocas de acusações entre o social-democrata e André Ventura. Em causa está um incidente a 17 de setembro, onde Hugo Soares e Pedro Frazão protagonizam uma troca de palavras acesa e onde o líder parlamentar do PSD convida, de forma provocatória, o outro deputado a ir a sua casa.

As palavras que diz a seguir são as que originaram uma queixa por parte do Chega no parlamento. O partido alega que Hugo Soares disse "eu dou-te porrada" em plena Assembleia da República. Na verdade, e segundo o próprio parecer da Comissão Parlamentar da Transparência, Hugo Soares disse: "Eu dou-te a morada". A queixa do Chega foi, por isto mesmo, arquivada.

O vídeo do momento, foi disponibilizado pelo próprio partido, que o legendou, de acordo com a sua versão dos eventos, e que pode ver já a seguir. É este mesmo vídeo que Hugo Soares exige agora que André Ventura elimine das redes sociais, devido à decisão da comissão, considerando que o líder do Chega "deturpou" a realidade deliberadamente.

"O deputado André Ventura publicou um vídeo onde deturpou propositadamente as minhas palavras com legendas que são falsas. Queria dizer ao deputado André Ventura que ele tem hoje a oportunidade, até ao final do dia, de ter o respeito democrático, de ter o respeito pelas instituições (se não tiver por mais ninguém) retirando o vídeo e fazendo uma coisa tão simples como pedir desculpa", declarou o presidente do Grupo Parlamentar do PSD. 

E acrescentou: "Já sabíamos que o Chega confundia hambúrgueres com cidadãos e agora sabemos que o Chega também confunde moradas com porradas". Hugo Soares considerou que André Ventura publicou "um vídeo que é falso, com legendas falsas". "Sei que ele diz que nunca volta para trás, mas neste caso ficava-lhe bem voltar trás e pedir desculpa. Duvido que ele tenha a humildade de pedir desculpa depois de ter errado", observou.
"Moradas" e não "porradas": Hugo Soares exige a Ventura que peça desculpa

Através da visualização de gravações pelos serviços do parlamento, concluiu-se que Hugo Soares falou em "moradas" e não em "porradas", razão pela qual a queixa do deputado do Chega foi arquivada. Ventura acusa jornalistas de "abafarem" o caso. Em resposta, André Ventura continuou a defender a visão do partido quanto ao momento, reiterando que o líder parlamentar do PSD ameaçou “dar porrada” a outro deputado.

"O país ficou a conhecer um vídeo claro em que o secretário-geral do PSD ameaça deputados do Chega, a ouvir-se, no Parlamento, com voz própria: 'Vou-te dar porrada'. São estas as palavras", garantiu. O líder do Chega decidiu depois apontar o dedo aos jornalistas e aos órgãos de comunicação, acusando-os de não noticiarem esta situação, quando a semana passada "abriram e fecharam" telejornais com o momento em que Filipe Melo envia beijos à deputado do PS Isabel Moreira.

"Há uns que são filhos e outros que são enteados. E na democracia não há filhos nem enteados", afirmou numa publicação na rede social X, intitulada 'Jornalistas abafam ameaças contra o Chega'. "Dá ideia de que há um país nas mãos do PS e do PSD e que não conseguem sair disso", acusou.

Já antes tinha afirmado que "Não é justo para o país, mas é não é justo, sobretudo, para a democracia, que num caso em que há violência à vista, evidente, notória, os senhores tentem esconder isto”. Note-se que, já na semana passada a imprensa nacional publicava a notícia da queixa feita pelo deputado Pedro Frazão à Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados de ter sido ameaçado na semana passada.

in Notícias num minuto
 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

História dos Ciganos Entra nas Aprendizagens Essenciais Escolares

 


A notícia é do Público de hoje, dia 29 de Setembro e enche duas páginas com a novidade: "O tempo ainda é de teste, mas já sabe a vitória para quem há muito sonha com a inclusão da história dos portugueses ciganos nos manuais escolares". O artigo lembra os "séculos e séculos de leis repressivas" que afectaram os ciganos. Em 2018, a Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância "aconselhou Portugal (…) a reconhecer o contributo de afrodescendentes e ciganos na sua História." O Público destaca ainda que, a nível escolar "(…) há um contexto de grande hostilidade em relação a este grupo de portugueses." Em relação à História de Portugal, há um par de referências ao Holocausto cigano "que não faz parte da História de Portugal, mas da História Internacional. No conjunto de iniciativas previstas "também haverá uma formação de escrita criativa para jovens e jovens ciganos".

No final do ano lectivo, "haverá umas jornadas de balanço do trabalho desenvolvido. O plano é publicar um livro sobre história e literatura oral cigana, criar um Museu Virtual, construído com comunidades ciganas, fazer uma grande festa de lançamento", entre outras iniciativas. O ênfase dado a uma comunidade que representa apenas 0,5 % da população portuguesa parece-me algo exagerado. Mais ainda quando esses 0,5 % (cerca de 50 mil, de acordo com o Conselho da Europa, representam 5 % da população prisional - ou seja, dez vezes superior às taxas normais de prisão. Um cigano tem dez vezes mais probabilidade de ser preso do que outros cidadãos portugueses.

Que valores se pretende trazer para estudo dos jovens, com esta inserção do tema da comunidade cigana nos currículos escolares? A rejeição da escolaridade, sobretudo para as raparigas? O casamento combinado, com jovens de 13, 14 anos? Os episódios de violência, que são frequentes, por exemplo, em hospitais, onde famílias inteiras agridem, com relativa frequência, os profissionais de saúde, por não serem imediatamente atendidos? A violência gratuita que se revela até no seio das próprias famílias? Ainda há algumas semanas dois jornais diários noticiavam um caso de homicídio num "acampamento" (maneira de fugir à designação "cigano"). Tratou-se de um conflito entre familiares que terminou com um tiro de caçadeira e um jovem morto.

Um dos jornais afirmava que se tinha tratado de um conflito em torno do casamento de uma jovem de 14 anos, o outro periódico afirmava que tinha sido uma quezília por causa da venda de um cavalo. A criminalidade e o uso de armas de fogo são notícia frequente nos jornais, embora se utilizem subtis formas de identificar os intervenientes como ciganos, sem utilizar essa palavra - o politicamente correcto aplicado pelos jornalistas.

De acordo com CEMME – Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas - num trabalho elaborado em Janeiro de 2007 - "QUE FUTURO TEM PORTUGAL PARA OS PORTUGUESES CIGANOS?" - de José Gabriel Pereira Bastos, no final de Maio de 1998, encontravam-se detidos em prisões portuguesas, entre preventivos (34,7%) e condenados, 787 pessoas de etnia cigana, mais de dez vezes a taxa de população nacional (não cigana) encarcerada que, em 1997, era de 145 reclusos por 100 mil habitantes, e a proporção de mulheres ciganas presas (11, 6 % de todas as presas) mais do que duplicava a média nacional de encarceramento de ciganos, os quais constituíam 5,5 % de todos os presos à data (J. J. Moreira: 1998: 8).

A criminalidade violenta praticada pelos ciganos, muitas vezes no interior da própria comunidade e até da família, é sempre tema político. Tornou-se um tabú de Esquerda, que não referencia casos de criminalidade violenta envolvendo ciganos. A Direita, por seu lado, destaca esses episódios. Recentemente, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas num tiroteio nas imediações do centro comercial Palácio do Gelo, em Viseu. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que os tiros são disparados, vê-se uma vítima ser atingida e o pânico vivido de seguida. André Ventura não tardou a reagir e a culpar os ciganos - “os mesmos de sempre", nas palavras do líder do Chega. Na SIC Notícias, Rui Tavares e Sebastião Bugalho comentaram o episódio.

Para o porta-voz do Livre, este é “um crime chocante e perigoso”, mas que não deve ser usado pelo Chega para “tomar a parte pelo todo”. A SIC Notícias trata o assunto com "paninhos quentes": "Em causa terá estado um desentendimento entre famílias e o atirador será um indivíduo de etnia cigana", disse à SIC o presidente da Câmara Municipal de Viseu." Sebastião Bugalho, eurodeputado português do PSD, também comentou o assunto, com cautela," dizendo que acreditava que “ainda é cedo para tirar conclusões" e “ainda mais cedo é para fazer política com base no que aconteceu”.

Um exemplo de "jornalismo soft" e da violência tradicional da comunidade cigana aconteceu na noite de sábado, a 21 de Junho de 1999. "Muitos lisboetas desceram à Praça do Comércio para participar no casamento cigano que ali se realizou. Mais de um milhar de ciganos faziam as honras da 'casa' e a música, a dança, a comida e a bebida não faltaram", com a colaboração do então presidente da Câmara de Lisboa, João Soares. "No entanto, há tradições que nunca se quebram e que ontem se cumpriram a rigor, ditando que a boda acabasse prematuramente: à estalada!" - escreveu o jornalista do Público, num tom quase elogioso.

A reportagem é um exemplo típico de uma tentativa de "adoçar" um episódio que ia acabando a tiro. "O caldo acabou por ser entornado pouco mais de uma hora depois. Uma família cigana, não convidada para o evento, apareceu na praça para pedir satisfações e limpar a honra de tal desfeita. E nestas coisas, como também deve mandar a tradição, a honra foi mesmo lavada, sem navalhadas ou tiros de pistola, mas com muita estalada à mistura." escreveu o Público

"A polícia foi chamada a intervir, mas nada teve de fazer. A comunidade cigana já resolvera a questão entre si, com muitos murros e sopapos à mistura e dava a festa por encerrada, ordenando a retirada. Os curiosos que tinham acorrido para ver a festa, esses já haviam retirado em debandada, sem mal maior, pois bastaram as ladaínhas de pragas cantadas pelas ciganas durante a refrega para os pôr em fuga apressada. E, mesmo antes da meia noite, a Praça de Comércio já era um lugar vazio, com cacos de garrafas espalhados aos quilos pelo terreiro e algumas cadeiras partidas, para lembrar que não se convida um cigano e se fica impune."

Espero que episódios como este façam parte do material didáctico a incluir na História dos Ciganos, que este ano vai ser integrada nas chamadas Aprendizagens Essenciais Escolares. Os professores envolvidos neste projecto planeiam, no final do ano lectivo, "umas jornadas de balanço do trabalho desenvolvido. O plano é publicar um livro sobre história e literatura oral cigana, criar um Museu Virtual, construído com comunidades ciganas, fazer uma grande festa de lançamento". Desejo-lhes mais sorte, nessa festa, do que aquela que tiveram as famílias convidadas para o jantar-casamento promovido pelo presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, em 1999.

 

 

Ventura coloca limitação de acesso a apoios sociais como condição para aprovar lei de estrangeiros

 

O presidente do Chega colocou hoje como condição para um acordo em torno da lei de estrangeiros que a nova legislação estipule que os imigrantes tenham de ter cinco anos de descontos para poderem receber apoios sociais.

"Apelo ao primeiro-ministro para este ponto absolutamente sensível. Concorda ou não que os imigrantes que chegam a Portugal têm que ter pelo menos cinco anos de descontos até poderem ir buscar subsídios à Segurança Social", questionou.

E deixou um aviso: "Se não concordar, não temos acordo. Porque para nós este é um ponto decisivo".

André Ventura falava aos jornalistas em Alenquer, no distrito de Lisboa, à chegada a uma ação da pré-campanha para as eleições autárquicas de 12 de outubro.

"Nós estamos, infelizmente, à beira de não ter uma lei de estrangeiros", sustentou, comentando de seguida: "se é uma lei de estrangeiros que não impõe limites aos estrangeiros entrarem em Portugal, se podem entrar quase de qualquer maneira" e se "também não têm que mostrar os meios que têm, nem os meios económicos que dispõem para não beneficiar da Segurança Social", poderá dar-se "o pior efeito chamada que é possível numa lei de imigração".

"Nós não podemos ter imigrantes em Portugal que tenham que beneficiar da segurança social. Uma coisa é no futuro virem a precisar de Segurança Social, como qualquer cidadão, outra coisa é quando chegam cá já virem na cabeça com a ideia de beneficiar da Segurança Social", argumentou.

 O líder do Chega indicou que existiram "negociações e conversações entre o Chega e o PSD ao longo do fim de semana", mas ainda "não há consenso ainda sobre a lei de estrangeiros", porque os sociais-democratas "parecem recusar" uma proposta do seu partido para limitar a atribuição de apoios aos imigrantes que tenham pelo menos cinco anos de contribuições.

André Ventura disse que o Chega já recuou "em muita coisa" e apelou ao PSD e ao Governo que façam o mesmo nesta questão para ser possível um acordo até ao final do dia, uma vez que as alterações a este diploma serão reapreciadas pelo parlamento na terça-feira de manhã.

"Esta para nós é uma questão fundamental, é uma questão decisiva. E se o Tribunal Constitucional obrigou a refazer a lei em certas matérias, [...] há coisas que nós não podemos prescindir, e esta é uma delas", afirmou, dizendo não compreender "a birra, a hesitação do PSD em matérias que são estruturantes".

O líder do Chega recusou o argumento de que a sua proposta possa ser considerada inconstitucional.

"Só é inconstitucional se quisermos que a Constituição seja um bloqueio a tudo. A Constituição também nos obriga a que quem cá chega venha utilizar a nossa saúde sem pagar e que podem vir do mundo inteiro. Isto não é assim. O que é que interessa sinceramente a Constituição se vierem todas as pessoas do Bangladesh, da Índia, do Paquistão e da China a tratar-se a Portugal?", defendeu, considerando que "o Tribunal Constitucional não quer criar o caos no país".

No que toca ao reagrupamento familiar, o presidente do Chega indicou que a proposta do partido é que só possa ocorrer 18 meses depois do casamento.

A lei que regula a entrada de estrangeiros em Portugal vai ser reapreciada pelo parlamento na terça-feira, depois do chumbo do Tribunal Constitucional e o consequente veto do Presidente da República.

Na sexta-feira, o Chega indicou que constituiu, em conjunto com o PSD, um grupo com elementos dos dois partidos para negociar alterações à lei de estrangeiros, para esta legislação "estar pronta para aprovação". Mais tarde, André Ventura disse ter sido o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a dar o primeiro passo para os dois partidos chegarem a um consenso nesta matéria.

No mesmo dia, o primeiro-ministro e líder do PSD confirmou um diálogo entre que o PSD e Chega sobre as alterações à lei de estrangeiros, mas vincou que a porta da negociação estava aberta a todas as forças políticas.

Greta goza a caminho de Gaza

 


Portugal e Espanha afetados por desinformação sobre frota da flotilha

 


Portugal e Espanha foram visados por desinformação 'online' sobre a dimensão da frota da flotilha Global Sumud, no mês de setembro, revelou o mapa de verificação de factos do Observatório Europeu dos Media Digitais (EDMO).

O observatório destacou no plano ibérico (liderado pelo Iberifier), um vídeo que mostra uma grande frota de navios falsamente associados à flotilha humanitária com destino a Gaza, na qual está a deputada do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.
 
"Um vídeo viral que mostra uma grande frota de navios foi falsamente associado, nas redes sociais, à Flotilha Global Sumud, que se dirige para Gaza para quebrar o bloqueio israelita", lê-se na informação divulgada.

A publicação foi partilhada em rede sociais como o X, Instagram, YouTube e TikTok, sendo sempre associada à Flotilha Global Sumud.

De acordo com o EDMO, o vídeo em questão mostra, na verdade, embarcações pesqueiras chinesas a partir de um porto local, depois do fim da proibição sazonal de navegação dos mares Amarelo e Bohai, na costa nordeste da China.

Neste sentido, as imagens difundidas referem-se ao fim da moratória da pesca em Huangjinhai, uma zona costeira da China, como descreveram no início do mês media chineses.

Além disso, o EDMO salienta que "a estrutura, as cores e as bandeiras chinesas dos barcos diferem das embarcações brancas e variadas da flotilha".

Também no mês de setembro, deputados do Chega e da Iniciativa Liberal denunciaram que os ativistas da Flotilha Global Sumud pararam em Ibiza ou noutras ilhas Baleares para participar em festas noturnas, disseminado outra narrativa desinformativa.

Em 10 de setembro, a Lusa Verifica constatou que era falso que os ativistas da flotilha tivessem aproveitado uma escala técnica nas ilhas Baleares para irem a festas noturnas em Ibiza ou em qualquer outra ilha, sendo que os vídeos partilhados são de uma iniciativa realizada ainda em Barcelona, antes da partida da frota.

A Flotilha Global Sumud está a navegar na sua etapa final em direção à Faixa de Gaza para desafiar o bloqueio israelita, com um total de 43 embarcações, e planeia entrar numa "zona de alto risco" no Mediterrâneo Oriental nos próximos dois dias.

Nos restantes países europeus, como França, o observatório destacou uma rede de desinformação 'online' que promove vídeos manipulados com idosos para gerar empatia entre os utilizadores e vender produtos. 

Em Itália, as falsas notícias centraram-se na crise na Palestina, nomeadamente na "negação do sofrimento dos civis palestinianos".  

Os muçulmanos estão proibidos de ter amigos judeus ou cristãos...

 



"(...) Allah forbids His believing servants from having Jews and Christians as friends, because they are the enemies of Islam and its people, may Allah curse them. Allah then states that they are friends of each other and He gives a warning threat to those who do this (…) O you who believe! Take not the Jews and the Christians as friends… (…) (And you see those in whose hearts there is a disease...) A disease of doubt, hesitation and hypocrisy." (…) - A tafsir for the group of verses 5:51 to 5:53 (*)

"(...) "And kill them wherever you overtake them and expel them from wherever they have expelled you, for persecution is worse than slaughter. But do not fight them at al-Masjid al-Haram until they fight you there. But if they fight you, then kill them. Such is the recompense of the disbelievers." Surah Al-Baqara 191

"(...) Allah's Messenger (ﷺ) said, "The Hour will not be established until you fight with the Jews, and the stone behind which a Jew will be hiding will say. "O Muslim! There is a Jew hiding behind me, so kill him.(...)" Vol. 4, Book 52, Hadith 177

(*) afsir (تفسير) in Islam is the term for the exegesis or interpretation of the Quran, the religion's holy book. It is a complex academic process used to unveil the meanings, wisdom, and intended messages of the words of Allah, utilizing various Islamic sciences such as linguistics, theology, and history. The term comes from the Arabic root "fassara," which means to explain or clarify.




A new version of the fable the Scorpion and the Frog (or how Europe is sinking...)

 


A Scorpion, who could not swim, came to the bank of a river and asked a Frog to carry him across. "I can't do that," said the Frog. "If I let you on my back, you might sting me."

"Don't be ridiculous," replied the Scorpion. "If I were to sting you, you would sink, and I would drown. What possible good would that do me?" 

The Frog thought about this for a moment. The Scorpion's logic seemed sound. "Very well," the Frog said, "hop on."

The Scorpion climbed onto the Frog's back, and the Frog began to paddle across the river. They reached the middle, where the water was deep, and suddenly, the Frog felt a searing pain. The Scorpion had stung him!

The Frog's body began to go numb and sink. With his dying breath, he cried out, "Why? Why would you do that? Now you will drown too!"

The Scorpion watched the water rise around them, a look of despair in his eyes, and replied, "I couldn't help it. It is my nature."