domingo, 12 de outubro de 2025

Os turistas do Serviço Nacional de Saúde (WHISTLEBLOWER.Pt)

 

Oficialmente, Portugal poderia recuperar anualmente entre 250 e 400 milhões de euros só através da cobrança de cuidados de saúde prestados a cidadãos estrangeiros da UE e do Reino Unido.
Mas segundo dados do Relatório de Contas do SNS e da ACSS, em alguns anos o país só cobrou menos de 10% desse valor.
Em 2023, o défice acumulado destas faturas não processadas já ultrapassava 1,5 mil milhões de euros.

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 O tema é gravíssimo, raramente falado, e revela uma das maiores fontes ocultas de prejuízo do Serviço Nacional de Saúde (SNS): o uso massivo por estrangeiros residentes

Vamos destrinçar isto por partes.
🏥 I. O FENÓMENO — “TURISMO DE SAÚDE INVERSO”
Em regiões como o Algarve, Lisboa e até o Porto, uma parte significativa dos utentes do SNS não são portugueses.
Incluem:
Reformados estrangeiros que vivem parte do ano em Portugal (sobretudo britânicos, franceses, holandeses e alemães);
Turistas de longa estadia;
Nómadas digitais;
Residentes temporários que ainda não transferiram formalmente o seu número de segurança social ou sistema nacional de saúde.
👉 Muitos deles apresentam o Cartão Europeu de Seguro de Doença (CESD), emitido pelo país de origem, o que obriga Portugal a faturar o atendimento à segurança social desse país.
Mas o que acontece?
Em mais de 80% dos casos, segundo auditorias internas da ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) e relatórios do Tribunal de Contas, essas despesas nunca são cobradas — por “morosidade administrativa” e “falta de recursos técnicos”.
💶 II. OS VALORES EM CAUSA — UM DÉFICE ESCONDIDO DE CENTENAS DE MILHÕES
Oficialmente, Portugal poderia recuperar anualmente entre 250 e 400 milhões de euros só através da cobrança de cuidados de saúde prestados a cidadãos estrangeiros da UE e do Reino Unido.
Mas segundo dados do Relatório de Contas do SNS e da ACSS, em alguns anos o país só cobrou menos de 10% desse valor.
Em 2023, o défice acumulado destas faturas não processadas já ultrapassava 1,5 mil milhões de euros.
Isto significa que:
Portugal paga médicos, enfermeiros, exames e medicamentos de estrangeiros com impostos dos contribuintes portugueses;
Enquanto países ricos como a França ou a Alemanha poupam centenas de milhões por ano, porque os seus cidadãos são tratados cá sem que lhes seja enviado o custo.
🧾 III. A JUSTIFICAÇÃO OFICIAL — “DEMASIADA BUROCRACIA”
Questionados, responsáveis do Turismo de Portugal e do Ministério da Saúde admitem que “faturar à origem é burocraticamente complicado e demorado”.
A tradução real: ninguém quer tratar do assunto.
O processo exige:
Identificação correta do utente estrangeiro;
Cópia do Cartão Europeu de Seguro de Doença;
Registo do tratamento;
Emissão de fatura detalhada à ACSS;
Comunicação ao sistema de compensação internacional da UE (EESSI — Electronic Exchange of Social Security Information).
Como o sistema português é antiquado e subfinanciado, quase nenhum hospital cumpre todas as etapas.
O resultado é um buraco invisível — e um défice que não aparece nas contas oficiais, mas pesa brutalmente sobre o SNS.
🌍 IV. IMPACTO NO ALGARVE E OUTRAS REGIÕES TURÍSTICAS
O Algarve é o epicentro do problema.
Nos meses de verão, até 40% dos atendimentos nos hospitais públicos de Faro, Portimão e Lagos são feitos a cidadãos estrangeiros.
Mas apenas uma fração mínima é devidamente cobrada.
Em 2024, o Hospital de Faro reportou mais de 52 mil atendimentos a estrangeiros, dos quais menos de 5 mil foram registados para faturação internacional.
➡️ Resultado: os profissionais trabalham mais, o SNS gasta mais, e os portugueses esperam mais tempo por atendimento — enquanto países ricos poupam à custa do nosso défice.
🧨 V. O QUE ISTO REVELA — UM PAÍS DE BRAÇOS CAÍDOS
Este caso é o espelho perfeito da gestão invertebrada do Estado português:
Temos leis e mecanismos para cobrar;
Temos acordos bilaterais e europeus;
Mas não os aplicamos por falta de organização, digitalização e vontade política.
Em vez de cobrar à Alemanha, o Governo prefere endividar-se mais.
Em vez de exigir compensações a Londres ou Paris, pede fundos à UE e apresenta-se como “bom aluno europeu”.
É a mesma lógica de sempre:
Portugal trabalha, os outros lucram.
Portugal acolhe, os outros não pagam.
Portugal gasta, e o contribuinte português é quem cobre o buraco.
🧩 VI. O DÉFICE INVISÍVEL DO SNS
Quando ouvimos que o SNS tem um “défice de 1,2 mil milhões”, é bom lembrar que quase metade desse valor corresponde a serviços prestados a estrangeiros não cobrados.
E que essa “incompetência” é, na verdade, uma forma de transferência indireta de riqueza dos contribuintes portugueses para os sistemas de saúde mais ricos da Europa.
É caridade forçada, mascarada de hospitalidade.
⚠️ VII. CONCLUSÃO — O PREJUÍZO NÃO É APENAS ECONÓMICO
O verdadeiro dano é moral e estrutural.
Portugal transformou-se num país que tem vergonha de defender os seus próprios recursos.
Pagamos para tratar turistas, mas faltam pediatras para as nossas crianças.
Deixamos os hospitais colapsar, mas elogiamos “o sucesso do turismo”.
E quando se pergunta “porquê?”, respondem:
> “É burocrático.”
Não.
É incompetência crónica e submissão institucional.
Portugal não precisa de mais turistas. Precisa de gestores que saibam cobrar o que é seu.

 

Derby gay death call leaflet 'was Muslim duty'

 


A man who handed out a leaflet calling for homosexuals to be executed has said he was just doing his "duty as a Muslim". Kabir Ahmed, 28, is one of five Muslim men on trial for stirring up hatred on the grounds of sexual orientation at Derby Crown Court. The leaflet, named The Death Penalty?, was one of three distributed in Derby ahead of a gay pride event in 2010.

The literature was described in court as "frightening and threatening". Mr Ahmed, of Madeley Street, Derby, admitted giving the leaflet to people outside the city's Jamia Mosque as well as putting them through letterboxes. Its cover featured a mannequin hanging from a noose and said homosexuality was punishable by death under Islam.

However, he denied the leaflets had been created to spread hatred against gay people. He said: "My intention was to do my duty as a Muslim, to inform people of God's word and to give the message on what God says about homosexuality. "My duty is not just to better myself but to try and better the society I live in.

"We believe we can't just stand by and watch somebody commit a sin. We must try and advise them to stay away from sin." The group produced and distributed two other leaflets, called God Abhors You and Turn Or Burn. A fourth leaflet, called Dead Derby, was found but not circulated.

The four other men, Ihjaz Ali, 42, of Fairfax Road; Mehboob Hussain, 45, of Rosehill Street; Umar Javed, 38, of Whittaker Street and his brother Razwan Javed, 28, of Wilfred Street, also deny the charges. 

O Anonimato Como Escudo da Cobardia (II)

  
    "O anónimo nunca é generoso, e muitas vezes é uma máscara indigna."

Italy wants to ban Islamic face coverings, mosque funding

 

Those who violate the proposed burqa ban could face a fine of up to €3,000. Italy’s ruling Brothers of Italy party has said it plans to introduce legislation seeking to ban the burqa and niqab face and body coverings in all public spaces nationwide, calling it a bill against “Islamic separatism.”

“Religious freedom is sacred, but it must be exercised in the open, in full respect of our constitution and the principles of the Italian state,” said lawmaker Andrea Delmastro, one of the initiators of the planned bill, in a Facebook post on Wednesday. The burqa is a full-body garment covering a woman from head to toe, and includes a mesh screen over the eyes. A niqab leaves the area around the eyes clear.

The ban would prohibit the wearing of garments covering the face in all public spaces, including shops, schools and offices. Those who violate the ban would face a fine of €300 to €3,000. The proposal is part of a broader bill intended to address what the right-wing party of Prime Minister Giorgia Meloni has described as “cultural separatism” associated with Islam.

“It is a bill that will essentially deal with regulating the funding of mosques, and with preventing and banning the use of the full-face veil. It also emphasizes the legislation against forced marriages. In Italy, we apply our laws which are based on a specific set of values,” said Sara Kelany, head of immigration for Brothers of Italy, during Wednesday’s press conference.

The proposed bill would include increased penalties for forced marriages and requirements that religious groups not formally recognized by the state disclose any foreign funding. Delmastro said Italy had drawn inspiration from France, the first European country to introduce a full burqa ban in 2011. Since then, Belgium, Denmark, Switzerland and several other countries in Europe and around the world have imposed full or partial bans on women’s clothing related to Islam.

“We have taken inspiration for this law from staunchly secular France, with the deep conviction that no foreign funding should ever undermine our sovereignty or our civilization,” said Delmastro.

Italy already has a law, dating back to 1975, that prohibits complete face covering in public places, though it does not specifically mention burqas. The Union of Islamic Communities of Italy, one of Italy’s main Islamic organizations, could not be reached for comment. 

Entre a Memória e o Futuro: Carta ao Imigrante


Se vieres com vontade de somar, de respeitar, de contribuir, serás recebido de braços abertos. Mas é justo que saibas: estás a usufruir de um País que foi construído com suor, sacrifício e esperança. Vivemos tempos em que a chegada de imigrantes é muitas vezes celebrada com números: “Vêm ajudar a Segurança Social”, dizem.

Como se a dignidade humana pudesse ser reduzida a uma equação populacional. Mas a verdade é mais complexa, e mais profunda. Caro Imigrante, que chega de avião, de barco ou de autocarro,  com esperança nos olhos e promessas no bolso: é bem-vindo. Mas antes de te instalares, escuta a história do país que agora te acolhe.

Vivemos tempos em que a chegada de imigrantes é muitas vezes celebrada com números: “Vêm ajudar a Segurança Social”, dizem. Como se a dignidade humana pudesse ser reduzida a uma equação populacional. Mas a verdade é mais complexa, e mais profunda. Caro Imigrante, que chega de avião, de barco ou de autocarro,  com esperança nos olhos e promessas no bolso: é bem-vindo. Mas antes de te instalares, escuta a história do país que agora te acolhe.

Portugal não nasceu ontem. Foi reconstruído por gerações que não emigraram. Gente que ficou, que estudou, que trabalhou, que resistiu. Que enfrentou ditaduras, revoluções sociais e económicas, que lutou por direitos, por liberdade, por dignidade. Nos anos 60, milhares de portugueses partiram, não por escolha, mas por necessidade, fugiram da guerra, da fome e da ditadura. Foram trabalhar para fábricas, minas, campos, longe da família, longe da pátria. E enquanto uns partiam, outros ficavam. E foi essa dualidade,  os que emigraram e os que ficaram, que manteve Portugal de pé.

O 25 de Abril de 1974 não foi apenas uma mudança de regime,  foi uma conquista coletiva. Em 1975, 500 mil Portugueses voltam, não deixamos ninguém para trás. Foi o início de um projeto de país onde todos pudessem ter voz, escola, saúde, trabalho e futuro. Essas conquistas não caíram do céu. Foram arrancadas à força da história por quem acreditou que Portugal podia ser mais justo e próspero.

E mesmo quando, décadas depois, a Troika entrou pela porta da frente, impondo austeridade, cortando salários, pensões e sonhos, houve quem ficasse. Houve quem resistisse, quem reconstruísse de novo, quem não desistisse. Hoje, tu chegas. E se vieres com vontade de somar, de respeitar, de contribuir, serás recebido de braços abertos. Mas é justo que saibas: estás a usufruir de um País que foi construído com suor, sacrifício e esperança. Não é apenas um lugar,  é uma memória viva.

O País que te acolhe, a Segurança Social que te acolhe, a Escola que educa os teus filhos, o Hospital que te trata, tudo isso é fruto de décadas de luta e trabalho. Não te pedimos gratidão cega, mas pedimos consciência. Porque só com respeito mútuo se constrói uma verdadeira comunidade. Portugal é feito de encontros. Que o teu seja um encontro feliz  e justo.

Jordnal "Público" - Elisa Manero