domingo, 8 de dezembro de 2024

Loja de "souvenirs" em Lisboa tinha registados como empregados 1.600 indostânicos

"O estranho negócio das lojas de souvenirs". A investigação SIC foi perceber junto de proprietários e trabalhadores porque existem tantas lojas de souvenirs nas cidades de Lisboa e Porto.
As cidades de Lisboa e do Porto têm assistido a um aumento de lojas de souvenirs, muitas vezes localizadas lado a lado e com produtos quase idênticos, como ímanes, t-shirts e miniaturas turísticas.

O fenómeno preocupa os comerciantes tradicionais, que enfrentam a descaracterização dos centros históricos e o aumento dos preços das rendas, que levam ao encerramento de negócios antigos. Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, exige mais competências para regular este tipo de comércio.

Grande parte das lojas de souvenirs é gerida por imigrantes que veem nelas uma forma de permanecer legalmente em Portugal.


Alguns empresários, como Shah Alam Kazol, explicam que as lojas servem também como espaço de habitação temporário, especialmente para quem enfrenta dificuldades financeiras e burocráticas para alugar casa. A rentabilidade destas lojas é questionável, já que muitas aparentam ter pouco movimento e apenas geram receita suficiente para cobrir as despesas.

As autoridades estão atentas a possíveis irregularidades. A Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Polícia Judiciária (PJ) investigam suspeitas de esquemas de falsificação de documentos e exploração de imigrantes.

Em Lisboa, descobriu-se um esquema em que uma única morada foi usada para validar mais de 1.600 atestados de residência.

Mas há outro problema: muitas lojas de souvenirs conseguem abrir sem licenças específicas, o que dificulta o controlo pelas autarquias. Rui Moreira tem defendido que as câmaras municipais deviam ter poderes semelhantes aos administradores de centros comerciais para gerir melhor a diversidade de negócios nos centros urbanos. Sem isso, argumenta, as cidades perdem autenticidade e tornam-se espaços descaracterizados.

Os imigrantes que trabalham nestas lojas enfrentam condições difíceis, incluindo longos períodos de trabalho e salários baixos. Alguns chegam a viver nos próprios espaços comerciais devido à falta de opções. Mesmo assim, muitos consideram Portugal uma oportunidade para uma vida melhor e aproveitam as regras para a obtenção de nacionalidade após cinco anos de residência legal.

Entretanto, os centros históricos de Lisboa e Porto continuam a perder o comércio tradicional para lojas de souvenirs.

SIC 

Negócio das grávidas estrangeiras que utilizam o SNS português para ter os filhos

 

 Ana Leal explica que negócio das grávidas estrangeiras que utilizam o SNS português para ter os filhos é controlado por cidadãos estrangeiros

"Estas mulheres chegam a Portugal já com contactos estabelecidos no país de origem, por isso têm uma retaguarda já preparada", explicou a jornalista no NOW.

A investigação do Repórter Sábado descobriu — além de que o SNS é usado por estrangeiras que viajam para Portugal já grávidas e querem ter os filhos em segurança no nosso país, sem qualquer custo — que este negócio é controlado por cidadãos estrangeiros que, até ao parto, colocam as grávidas a viverem em espaços a poucos metros dos hospitais onde vão ter os filhos.

Quem está por trás deste esquema chega a cobrar a cada mulher cerca de 500 euros, como explicou a jornalista Ana Leal no NOW durante a manhã deste sábado. 

"É um negócio e eu até diria mais, é um caso de polícia. O que nós descobrimos é que estas mulheres chegam a Portugal já com contactos estabelecidos no país de origem, por isso têm uma retaguarda já preparada para que possam chegar e com a maior das facilidades conseguir entrar no sistema", explica inicialmente Ana Leal. 

"Em Loures, uma cave que está controlado por cidadãos paquistaneses e do Bangladeche, acolhe grávidas que estão lá no tempo de permanência em Portugal. Tem condições verdadeiramente desumanas, onde uma cama custa 500 euros, e estão a 100 metros do hospital Beatriz Angelo", mencionou ainda a jornalista.

Rádio Now

30 de Novembro de 2024 às 15:03

 
 

 

 

 

 


Exemplos típicos de racismo negro


 "(...) O dia 10 de julho de 2016 ficará para a história do desporto português. Pelo triunfo da seleção no europeu, e pelas medalhas (uma de ouro, duas de bronze) conquistadas no campeonato europeu de atletismo (...) Como portugueses e imigrantes não-brancos residentes em Portugal, de diversas origens, recusamos contribuir com o nosso silêncio para esse branqueamento. Sim, reivindicamos orgulhosamente os triunfos de atletas nos quais nos revemos e identificamos. 

O nosso Portugal é o de Patrícia Mamona, de Pepe, deBruno Alves, de Eliseu, de Danilo, de João Mário, de RenatoSanches, de William Carvalho, de Éder, de Nani e de Ricardo Quaresma– filhos e netos de criadas, empregadas de limpeza, trabalhadoresda construção civil. 

É tempo de quebrar este pesado silêncio, e passar da celebração a um combate sem tréguas, por um país que ofereça a todos os seus habitantes real igualdade de oportunidades, incluindo a de participar em todas as esferas da sociedade.

Medidas que garantam o acesso efectivo às esferas da sociedade que nos permanecem vedadas. Não aceitamos que, das unidades de saúde à função pública, passando pelos órgãos de comunicação social, escolas e universidades, todos estes espaços permaneçam exclusivos a portugueses brancos;

A desmilitarização imediata da polícia, e o fim imediato das operações do CIR (Corpo de Intervenção Rápida) nos nossos bairros, como primeiro passo rumo à abolição total da PSP e GNR, e sua substituição por mecanismos de garantia da segurança colectiva, baseados nas comunidades; 

Direito à nacionalidade e cidadania plena para todos os nascidos em Portugal, e para todos os habitantes no território nacional que a requeiram;

O direito ao voto para todos os residentes em Portugal.

 

 

 

 

Qualquer dia o crioulo é lígua de ensino obrigatória

 

Excerto de um abaixo assinado, resultantes de uma conferência da Organização Buala, no Porto, em 7 de Julho de 2003:

(...)

17. Descolonização do hino e de todos os símbolos nacionais que evoquem a exaltação do passado colonial.   

18. Reconhecimento do cabo-verdiano e do guineense enquanto línguas nacionais, à semelhança do mirandês, e difusão da diversidade linguística que habita o país, através da promoção de políticas públicas do seu ensino. 

19. Implementação da data de 10 de Junho como o dia de Alcindo Monteiro e de todas as vítimas de racismo e de xenofobia em Portugal. 

(...)

Excertos de uma petição de Mamadou Ba e outros activistas africanos à Assembleia da República 

3. Uma comissão de inquérito independente aos assassinatos perpetrados pela policia;

4. A passagem do racismo a crime, público e com penas tipificadas no Código Penal;

5. A exclusão de conteúdos racialmente discriminatórios dos manuais escolares e do Plano Nacional de Leitura;

6. A reforma da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, no sentido de garantir a representação das comunidades não-brancas e imigrantes;

7. Definição clara e inequívoca de práticas discriminatórias, com critérios de avaliação e punição;

8. Direito à nacionalidade e cidadania plena para todos os nascidos em Portugal, e para todos os habitantes no território nacional que a requeiram;

9. O direito ao voto para todos os residentes em Portugal. 

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"(Portugal) é um país que pratica o terrorismo de Estado nos bairros periféricos de Lisboa, essas autênticas colónias internas onde se concentram as populações não-brancas, nas quais vigora um estado de exceção permanente, e onde uma polícia militarizada se comporta como um exército ocupante levando a cabo, com total impunidade, execuções extrajudiciais"(...) Mamadou Ba

 

 

Frio!!!!!

 


 

Mais uma demonstraçao de talento da inteligência Artificial

 As duas primeira estrofes são de uma música de Chico Buarque

A saudade é arrumar
o quarto do filho que já morreu,
onde os brinquedos ainda esperam,
e o silêncio grita tudo o que não se pode ver.

É tocar nas paredes, com as mãos trémulas,
sentir o perfume que ficou no ar,
e tentar juntar os pedaços do passado
que a dor insiste em espalhar.

Cada livro aberto, cada desenho guardado,
um pedaço de vida que se perdeu no tempo.
A saudade é o espaço vazio,
que ecoa mais forte que o vento.

Arrumar o quarto, é um gesto de amor,
onde o adeus nunca tem fim,
pois em cada canto, ainda vive

Um poema diário, da Inteligência Artificial, apenas com o mote: "A saudade é o pior tormento"

 

A saudade é o pior tormento,
Que na alma se instala, lenta,
Como o vento que tudo arrasa,
E arrasta a paz com seu sofrimento.

É um vazio que cresce no peito,
Um eco que grita e não se cala,
Uma lembrança que nunca falha,
Mas que se prende, num nó estreito.

A saudade é sombra, é dor,
É a falta que se faz presente,
É a saudade que nos torna ausentes,
E nos afasta do que foi amor.

Mas, no tormento que a saudade traz,
Há também uma doce memória,
Que acende no escuro, a sua história,
E nos mantém vivos, embora fugaz.

sábado, 7 de dezembro de 2024

Excerto de um abaixo assinado, resultantes de uma conferência da Organização Buala, no Porto, em 7 de Julho de 2003:

 

A escravatura, a colonização, o genocídio e o etnocídio de populações nativas em África, na Abya Yala e na Ásia, a racialização e a exploração de povos e corpos-territórios humanos e não humanos, constituem os maiores crimes cometidos contra as nossas humanidades. Desde o século XV, milhões de pessoas foram sequestradas, escravizadas, violadas e submetidas às mais variadas formas de desumanização, em função de um projeto colonialista, forjado numa ideia perversa de civilização.

Portugal foi pioneiro nesse bárbaro empreendimento de acumulação de capital baseado em práticas genocidas e escravocratas, tendo deslocado quase 6 milhões de pessoas dos 12,500 milhões de registos. Foi o último país da Europa a abolir a escravatura, em 1869, mantendo a prática do trabalho forçado até aos anos 1960 do século XX. Foi ainda a última potência colonial a reconhecer as independências dos territórios ocupados. Se, de facto, o 25 de Abril fechou as portas ao fascismo salazarista, várias janelas ficaram escancaradas e, através delas, os saudosistas vão reavivando a sua memória colonial e (re)inscrevendo-a no espaço público. Portugal não se descolonizou

 (...)

Nesse sentido, e na continuidade das reivindicações históricas das organizações e movimentos de (e em) luta, exigimos ao Estado Português: 

1. Reconhecimento do COLONIALISMO, da ESCRAVATURA, dos MASSACRES COLONIAIS, do TRABALHO FORÇADO, da negligência às FOMES, das PRÁTICAS GENOCIDAS, ETNOCIDAS, SEGREGACIONISTAS e EPISTEMICIDAS enquanto crimes contra a humanidade e, consequentemente, a formalização de pedidos de desculpas.

2. Anulação de todas as dívidas (odiosas, injustas, ilegais e/ou imorais) contraídas pelos países ocupados e colonizados por Portugal e o pagamento de indemnizações às pessoas lesadas pelo colonialismo, por exemplo, entre outros, aos ex-contratados de São Tomé e seus descendentes. 

3. Implementação de políticas públicas afirmativas, transversais, de combate à desigualdade racial e ao racismo estrutural através da mobilização de recursos financeiros consequentes, via Orçamento de Estado, em áreas-chave para a equidade social – educação, emprego, habitação, saúde, justiça,  transportes, cultura – envolvendo diretamente as pessoas racializadas e as suas organizações na definição, elaboração e execução de políticas públicas. Para tal, é fundamental a urgente recolha de dados étnico-raciais.

4. Adopção e plena implementação do princípio jus soli, atribuindo a nacionalidade portuguesa a todas as pessoas que nasceram e nascem em Portugal.

5. Desburocratização dos processos de pedido de vistos, livre circulação e garantia dos direitos de cidadania para os imigrantes dos países que foram colonizados por Portugal.

6. Criminalização do racismo, com condenação efetiva, para as pessoas acusadas e indemnização financeira para as vítimas. 

7. Desinvestimento nas prisões e no policiamento racista e repressivo, com canalização de recursos financeiros diretamente para as comunidades mais marginalizadas, de modo a apoiar o seu fortalecimento, investindo, com vigor, em áreas fundamentais como educação, saúde, habitação e emprego. Implementação de medidas políticas estruturais, não reformistas, que tenham por horizonte a abolição das prisões e a adoção de políticas sociais baseadas numa justiça retributiva e restaurativa.    

8. Instituição de uma Carta de Princípios Anti-Racistas e formação em literacia étnico-racial, em todas as áreas da função pública e do sector privado de prestação de bens e serviços, nomeadamente no âmbito da educação básica. 

9. Descolonização dos manuais escolares, designadamente no que toca ao colonialismo português, com introdução no programa de ensino da história de África, do Brasil e da presença negra e cigana/roma em Portugal numa perspectiva não-eurocêntrica, submetendo-os à apreciação de uma comissão formada por pessoas e organizações racializadas e antirracistas.

10. Reconhecimento do papel dos Movimentos de Libertação Africanos no 25 de Abril de 1974.

11. Isenção de propinas para alunos provenientes dos países e territórios colonizados por Portugal.

12. Restituição às comunidades colonizadas, e sem prejuízo de condições financeiras ou de outra natureza, dos objetos, arquivos, artefatos e corpos humanos presentes nas instituições de cariz museológico. Disponibilização de recursos financeiros e outros, de acordo com as demandas dessas comunidades, no apoio às infraestruturas para receber e ativar objetos, arquivos, obras e criação de uma plataforma de encontros para troca de ideias sobre restituições e responsabilidades coletivas com a participação ativa das comunidades.

13. Desmantelamento de estátuas e de monumentos racistas, e contextualização das sequelas do passado colonial. Desenvolvimento de políticas públicas de (sobre e para) a memória que destituam o imaginário colonial e, simultaneamente, identifiquem e inscrevam as pessoas e narrativas não-brancas ausentes do imaginário coletivo.

14. Construção do Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas, um dos projetos mais votados no Orçamento Participativo do Município de Lisboa de 2017 e consecutivamente adiado. Discussão na Assembleia da República sobre a memorialização das vítimas da escravatura e do colonialismo como um projeto abrangente a nível nacional. 

15. Total transparência no que diz respeito aos restos mortais das 158 pessoas encontradas no Valle da Gafaria, em Lagos, atualmente a cargo de uma empresa privada em Coimbra. A sua transladação e enterro, bem como a digna memorialização do local (hoje um parque de estacionamento com um mini-golfe no topo) como o mais antigo cemitério de pessoas escravizadas no mundo e em diálogo com o Núcleo Museológico Rota da Escravatura.

16. Reconhecimento e inscrição da figura de Amílcar Cabral no espaço público como um dos precursores da democracia em Portugal.

17. Descolonização do hino e de todos os símbolos nacionais que evoquem a exaltação do passado colonial.   

18. Reconhecimento do cabo-verdiano e do guineense enquanto línguas nacionais, à semelhança do mirandês, e difusão da diversidade linguística que habita o país, através da promoção de políticas públicas do seu ensino. 

19. Implementação da data de 10 de Junho como o dia de Alcindo Monteiro e de todas as vítimas de racismo e de xenofobia em Portugal. 

20. Políticas de reparação de biomas e de paisagens, apoiando as comunidades dilaceradas pelo extrativismo e pela monocultura intensiva e superintensiva, em Portugal e nos países que foram colonizados por Portugal.

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Entendemos que reparar tem necessariamente de provocar uma ruptura radical com o sistema colonial e capitalista cujo brutalismo e política de morte assombra ainda os futuros dos nossos povos.

Acreditamos que Portugal, tal como toda a Europa, é estruturalmente racista e colonialista. 

Sabemos que os crimes cometidos pelo colonialismo são não só indefensáveis como irreparáveis. Entendemos, no entanto, que a reparação é um imperativo, o único caminho possível para um sentimento de justiça com os nossos ancestrais e para a construção de presentes e de futuros mais dignos e mais justos. 

Inscrevendo-se numa constelação histórica por reparações, tão antiga quanto o colonialismo e a escravatura, e tendo nascido de um contexto específico para acomodar distintas vontades e realidades sócio-políticas, a Declaração do Porto: Reparar o Irreparável será sempre um documento inacabado e, por isso mesmo, nele não se encerra