sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Former prime-minister warns Portuguese people will feel like foreigners in their own land if immigration continues to grow

 


“If everything stays as it is with family reunification and so forth, one of these days the people who are part of that society will feel like foreigners in their own land,” he warned.

The former Prime Minister Pedro Passos Coelho warned this Thursday, October 16, that, if everything remains as it is regarding immigration, Portuguese people will feel like foreigners “in their own land” and accused the Socialist Party (PS) of eight years of inaction on the matter.

During the presentation of the book "Introduction to Liberalism," by Miguel Morgado, in Lisbon, Passos Coelho addressed the data released this Thursday by AIMA, which indicates that the number of foreign citizens residing in Portugal quadrupled in seven years, with around 1.5 million registered at the end of 2024, to stress that "a huge number of people entered Portugal in a very short time."

"And, if everything stays as it is with family reunification and so forth, well, one of these days what happens in other societies will also happen here, where the people, the nationals, the people who are part of that society, feel like foreigners in their own land," he warned.

In a speech dedicated to the theme of liberalism, Passos Coelho stressed that, according to that political philosophy, "there should be no problem with people feeling like foreigners in their own land," ironically stating that they would be considered "cosmopolitan," which "would be great."

"The problem is that it is not great because people feel insecure, threatened, disoriented in a certain way, suspicious... All those very human characteristics which, under normal circumstances, are not worth much, in these environments, things can spiral out of control," he stated.

Passos Coelho considered that "the minimum common sense makes anyone understand this," before criticizing the PS governments led by António Costa, whom he accused of having an immigration policy based on the principle of "let them in, this is how it’s going to be and I don't ask anyone anything."

"This was what the previous Prime Minister [António Costa] told the senior staff of the Foreigners and Borders Service (SEF) when they alerted him, 'Mr. Prime Minister, be careful because we are losing control of this situation. Look, a lot of people are coming in, we don't even know who they are. We don't even ask for criminal records,'" he said.

According to Passos Coelho, in response to these warnings he attributed to the SEF, António Costa replied as follows: "This is how it is, understand? Don't think it's an accident, it's meant to be this way, it is to put these people here, this is to proceed."

The former Prime Minister accused the PS governments of having "done this consciously," before suggesting a question to António Costa. "Has anyone asked the President of the European Council if he would not like to review that position, which brought so much radicalism to Portugal, so much insecurity and uncertainty in the way people debate in the public sphere," he inquired. Afterward, Passos Coelho recalled that, during the 2024 legislative election campaign, in a speech at a rally supporting Luís Montenegro in the Algarve, he had already warned about the "immigration problem."

"When I drew attention to these problems two years ago, my God, several media outlets said: 'this guy is mixing security and immigration in the same sentence. Populism, total irresponsibility, he doesn't even seem like he was Prime Minister, completely irresponsible.' I don't know what they will say now," he noted. In this speech, which lasted about 50 minutes, Passos Coelho also warned that "there is a radicalism everywhere that is taking over the public sphere" and considered that its growth "results from an absolutely irresponsible way in which many of the issues that concern and trouble people have not been addressed."

For the former Prime Minister, whenever "there are governments that behave with an excess of demagoguery, in a populist way, that want to please everyone and push forward everything that needs to be done," the problems "accumulate and people say 'what are these guys doing there?'"

"This level of distrust, discredit, and uncertainty that results from the practices of liberal institutions, for being occupied and performed with general irresponsibility, generates radicalism. And radicalism generates radicalism," he warned.

in "Diário de Notícias" 

Passos Coelho avisa que portugueses vão sentir-se estrangeiros na própria terra se imigração crescer mais

 


"Se tudo se mantiver como está com o reagrupamento familiar e por aí fora, qualquer dia as pessoas que fazem parte daquela sociedade, se sentem estrangeiras na sua própria terra", advertiu.

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho avisou esta quinta-feira, 16 de outubro, que, se tudo se mantiver como está na imigração, os portugueses se sentirão estrangeiros "na sua própria terra" e acusou o PS de oito anos de inação na matéria.

Na apresentação do livro "Introdução ao Liberalismo", de Miguel Morgado, em Lisboa, Passos Coelho abordou os dados esta quinta-feira divulgados pela AIMA, que indicam que o número de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal quadruplicou em sete anos, com cerca de 1,5 milhões registados no final de 2024, para salientar que "em muito pouco tempo entrou imensa gente em Portugal".

"E, se tudo se mantiver como está com o reagrupamento familiar e por aí fora, bem, qualquer dia também acontecerá cá aquilo que acontece noutras sociedades em que as pessoas, os nacionais, as pessoas que fazem parte daquela sociedade, se sentem estrangeiras na sua própria terra", advertiu.

Numa intervenção consagrada ao tema do liberalismo, Passos Coelho salientou que, de acordo com essa filosofia política, "não devia haver nenhum problema em que as pessoas se sentissem estrangeiras na sua própria terra", ironizando que seriam consideradas como "cosmopolitas" o que "era ótimo".

"O problema é que não é ótimo porque as pessoas sentem-se inseguras, ameaçadas, de certa maneira desorientadas, desconfiadas… Tudo aquilo que são características muito humanas e que, em circunstâncias normais, não valem grande coisa, em ambientes destes, as coisas podem descambar", afirmou.

Passos Coelho considerou que "o mínimo de bom senso faz qualquer pessoa perceber isto", antes de deixar crítica aos governos do PS liderados por António Costa, que acusou de terem tido uma política sobre imigração que tinha como princípio "deixa entrar, isto é para ser assim e não pergunto nada a ninguém".

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"Isto era o que anterior primeiro-ministro [António Costa] dizia aos quadros superiores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) quando era por eles alertado 'senhor primeiro-ministro, cuidado porque nós estamos a perder o controlo desta situação. Olhe, está a entrar muita gente, a gente nem sabe quem é. A gente nem o certificado criminal pede'", disse.

Segundo Passos Coelho, em resposta a esses avisos que atribuiu ao SEF, António Costa respondia da seguinte forma: "Isto é mesmo assim, está a perceber? Não pense que é um acaso, é mesmo para isso, é para meter essas pessoas cá dentro, isto é para prosseguir".

O ex-primeiro-ministro acusou os governos PS de terem "feito isso conscientemente", antes de deixar uma sugestão de pergunta a António Costa.

"Já alguém perguntou ao senhor presidente do Conselho Europeu se ele não queria rever essa posição, que trouxe tanto radicalismo a Portugal, tanta insegurança e incerteza na maneira como as pessoas discutem no espaço público", inquiriu.

Depois, Passos Coelho recordou que, na campanha para as eleições legislativas de 2024, num discurso num comício de apoio a Luís Montenegro no Algarve, já tinha advertido para o "problema da imigração".

"Quando eu chamei a atenção para estes problemas há dois anos, meu Deus, vários órgãos de comunicação social disseram: 'este tipo está a misturar segurança e imigração na mesma frase. Populismo, irresponsabilidade total, nem parece que foi primeiro-ministro, completamente irresponsável'. Não sei o que dirão agora", referiu. 

Neste discurso, de cerca de 50 minutos, Passos Coelho advertiu ainda que há "em todo o lado um radicalismo que está a tomar conta do espaço público" e considerou que o seu crescimento "resulta de uma forma absolutamente irresponsável com que muitos dos assuntos que preocupam e perturbam as pessoas, não foram tratados".

Para o ex-primeiro-ministro, sempre que "há governos que se comportam com excesso de demagogia, de forma populista, que querem agradar a toda a gente e empurram com a barriga tudo aquilo que é preciso fazer", os problemas "acumulam-se e as pessoas dizem 'o que é que estes tipos estão lá a fazer'".

"Este nível de desconfiança, de descrédito, de incerteza que resulta das práticas das instituições liberais, por serem ocupadas e desempenhadas com irresponsabilidade geral, geram radicalismo. E o radicalismo gera radicalismo", advertiu.

Pedro Passos Coelho manifestou-se esta quinta-feira "muito satisfeito" com o que considerou ser "resultado muito bom" do PSD nas eleições autárquicas, após ter feito um discurso no qual deixou advertências quanto à política económica do Governo.

"Eu fiquei muito contente com o resultado das eleições autárquicas, até porque o meu partido, o PSD, teve um resultado muito bom. E, portanto, eu fico satisfeito", afirmou Pedro Passos Coelho em declarações aos jornalistas após ter discursado na apresentação do livro "Introdução ao Liberalismo", de Miguel Morgado, em Lisboa.

Sobre o facto de Suzana Garcia, cuja candidatura Passos Coelho tinha apoiado, não ter conseguido ser eleita presidente da Câmara da Amadora, o ex-primeiro-ministro disse que "foi por uma unha negra". PSD diz que confiança no Governo e no primeiro-ministro contribuiu para resultados positivos.

"Eu espero que a candidata não desista porque, realmente, é uma força da natureza, é uma pessoa que, não direi sozinha, mas, enfim, com apoios muito limitados, fez um grande resultado e isso deve fazer pensar quem tem responsabilidades para pensar sobre isso", considerou.

Perante a insistência dos jornalistas para falar sobre outros temas, Passos Coelho disse que, sobre política, já tinha dito tudo o que tinha a dizer no discurso que fez na apresentação do livro de Miguel Morgado, antes de deixar uma garantia.

"Não me ouvirão tão cedo falar sobre coisa nenhuma", assegurou, depois de, desde 25 de setembro, ter feito cinco intervenções públicas.

No discurso que fez na sessão de apresentação do livro de Miguel Morgado, Pedro Passos Coelho acusou os governos do PS liderados por António Costa de não terem feito "uma reforma digna de jeito".

Foram "oito anos com uma conversa fiada a dizer às pessoas que elas iam ter imenso do que não tinham afinal. Claro, com o PCP e o BE a apoiar isso. É uma delícia. Mas com uma austeridade encapotada. Portanto, mentir às pessoas", acusou.

O ex-primeiro-ministro afirmou que, nesses anos de governação do PS, a "verdade não estava a ser dita" e considerou que isso se está a verificar agora quando se observa a "insuficiência dramática do investimento público" ou a situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Depois, acusando o PS de ter tido uma "política pública desqualificada" e ainda que tenha dito que não tencionava falar sobre os últimos de governação, Passos Coelho deixou uma advertência em termos de matéria económica.

"O senhor ministro das Finanças é um homem muito competente
e, portanto, eu acredito que ele tenha as contas muito bem feitas e garanta que não vamos voltar aos défices públicos e à dívida pública e isso tudo. Mas a minha experiência de vida também mostra que há muita coisa que não depende do ministro das Finanças", referiu.

E, no que não depender do ministro das Finanças, prosseguiu Passos Coelho, "a coisa não está a encaminhar-se para o resultado" desejado.

"Deveríamos estar a preparar-nos para aliviar o passo do desendividamento da economia porque o que se está a passar em França [onde o Governo aceitou suspender o aumento da idade da reforma] não vai acabar bem. O pensamento mágico é uma coisa que tem uma duração limitada", advertiu.

Passos Coelho reconheceu que se pode argumentar que Portugal está melhor porque tem "um bocadinho menos do que 90% do rácio de dívida".

"Sim, mas ponham-lhe uma crise económica em cima, para quanto é que passa o rácio da dívida? Desde logo, o denominador encolhe, a despesa aumenta toda, para onde é que vai o rácio dívida? É muito rápido voltar a um rácio mais elevado", avisou.

in "Diário de Notícias" 

Parliament approves ban on the use of the burqa in public spaces in Portugal

 

 

Parliament approves ban on the use of the burqa in public spaces in Portugal. The Chega party’s proposal was supported by the PSD, Liberal Initiative (Iniciativa Liberal, IL) and CDS. The Socialist Party (PS), Livre, PCP (Portuguese Communist Party) and Left Bloc (Bloco de Esquerda, BE) voted against, while PAN and JPP abstained.

The Assembly of the Republic approved on Friday, October 17, the ban on the use of the burqa in public spaces in Portugal. The proposal by Chega was supported by the PSD, Iniciativa Liberal (IL) and CDS. PS, Livre, PCP and Bloco de Esquerda voted against, while PAN and JPP abstained.

While the IL and CDS-PP declared support for the Chega bill that “prohibits the concealment of the face in public spaces, except for certain exceptions,” the PSD expressed its “willingness to pursue this path,” but argued that “the text presented can and should be improved during the specialty phase.”

The bill intends to prohibit the use of “clothing designed to conceal the display of the face.” Although the word burqa is not explicitly mentioned, in the argument for the law, André Ventura’s party points to the example of countries like Denmark, France, and Belgium, which have already banned the use of the Islamic veil in public spaces.

The proposed sanctions include fines ranging from 200 to four thousand euros, depending on whether the use of the burqa is due to "negligence" or "intent (dolo)." For those who force the concealment of the face, Chega advocates for a punishment "under the terms of article 154 of the Penal Code," which is up to three years in prison.

The bill was approved in general terms and will now be discussed in the Parliamentary Committee on Constitutional Affairs, Rights, Freedoms and Guarantees. It will then return to the plenum for the final overall vote, and will only come into force after promulgation. In a reaction on social media, Chega wrote that “women in Portugal must be free” and that André Ventura’s party “made that happen.” “Those who do not agree can return to their country, they have no place here!”, the post read.

From "Diário de Notícias" 

Parlamento aprova proibição da utilização de burca em espaços públicos em Portugal

  


A proposta do Chega teve o apoio de PSD, Iniciativa Liberal e CDS. PS, Livre, PCP e Bloco de Esquerda votaram contra, enquanto PAN e JPP abstiveram-se.

A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira, 17 de outubro, a proibição da utilização da burca em espaços públicos em Portugal. A proposta do Chega teve o apoio de PSD, Iniciativa Liberal e CDS. PS, Livre, PCP e Bloco de Esquerda votaram contra, enquanto PAN e JPP abstiveram-se.

Enquanto IL e CDS-PP declararam apoio ao projeto do Chega que “proíbe a ocultação do rosto em espaços públicos, salvo determinadas exceções”, o PSD manifestou-se “disponível para fazer este caminho”, mas defendeu que “o texto apresentado pode e deve ser aperfeiçoado em sede de especialidade”.

O projeto de lei pretende proibir a utilização "de roupas destinadas a ocultar a exibição do rosto". Embora a palavra burca não seja explicitamente mencionada, na argumentação da lei o partido de André Ventura aponta o exemplo de países como a Dinamarca, França ou a Bélgica, que já proibiram a utilização do véu islâmico em espaços públicos.

Nas sanções previstas, estão coimas entre os 200 e os quatro mil euros, dependendo se a utilização da burca for feita por "negligência" ou "dolo". Para quem forçar a ocultação do rosto, o Chega defende uma punição "nos termos do art. 154.º do Código Penal", ou seja, até aos três anos de prisão.

O projeto foi aprovado na especialidade e vai agora ser discutido na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Depois volta ao plenário para a votação final global e só depois da promulgação é que entrará em vigor. Numa reação nas redes sociais, o Chega escreve que "as mulheres em Portugal devem ser livres" e que o partido de André Ventura "fez com que isso aconteça". "Quem não concorda, pode voltar para o seu país que aqui não tem lugar!", pode ler-se.

(Continua)
 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Grupo de mais de 50 pessoas força entrada nas Urgências de Abrantes para exigir reanimação de homem


Multidão transportava corpo do homem que morreu num acidente de carro.
16 de outubro de 2025 - Correio da Manhã

Após um grupo de meia centena de pessoas ter forçado a entrada nas Urgências do Hospital de Abrantes, no passado sábado, a Unidade de Saúde do Médio Tejo afirmou, em comunicado, estar a “adotar todas as medidas” necessárias evitar que se repitam situações deste género. 

O grupo, que transportava o corpo de um homem que morreu num acidente de viação ao volante de um carro de alta cilindrada, exigiu aos profissionais de saúde que realizassem manobras de reanimação. Só após a chegada dos agentes da PSP ao local foi possível retirar o grupo das instalações. A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo, que tutela o hospital de Abrantes, confirmou a ocorrência de uma “situação de tensão”, da qual “não resultaram feridos ou danos físicos a profissionais de saúde, sendo os danos materiais muito limitados, e declarou que, até agora, “não foi apresentada qualquer queixa formal por parte de utentes ou profissionais de saúde relativamente a este episódio”.

PS: Mais um caso de violência com um clã de ciganos em que o jornal opta por silenciar esse pormenor

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

The muslim strategy (in 50 words) to conquer western countries

 


O espelho cruel de Gaza: a esquerda europeia perante o islamismo

 

O antissionismo, envolto em linguagem progressista e apelos humanitários, surge como nova máscara de antigas formas de antissemitismo. Sob o pretexto da justiça social, ressurgem temas de perseguição e culpabilização do povo judeu, agora adaptados ao discurso político contemporâneo.

João Maurício Brás - Sol
15 de Outubro 2025

Num cartoon recente surge uma figura facilmente reconhecível como expressão do Hamas ou, em sentido mais amplo, do radicalismo islâmico. Segura um palestiniano num braço e um judeu no outro. Perante o anúncio de um cessar-fogo em Gaza, pergunta: «É para libertar os reféns judeus ou os reféns palestinianos?»

Os reféns israelitas, os ainda vivos, porque muitos foram brutalmente assassinados pelo Hamas, especialmente mulheres, começam finalmente a ser libertados. E, no entanto, continua por resolver uma questão ainda mais trágica: quando será verdadeiramente liberto o povo palestiniano, refém do próprio Hamas, do Irão e do ódio antissemita que o instrumentaliza? Após a retirada do exército israelita de certas zonas de Gaza, o Hamas iniciou uma nova vaga de execuções contra palestinianos considerados desobedientes aos seus ditames. O cartoon acerta, assim, numa das verdades fundamentais e frequentemente esquecidas deste conflito: os principais reféns do terrorismo islâmico antissemita são, muitas vezes, os próprios palestinianos.

Há, porém, uma segunda questão, igualmente inquietante: a coexistência cada vez mais visível entre a esquerda ocidental e este islamismo.

O massacre de 7 de outubro e o subsequente recrudescimento do conflito israelo-palestiniano revelaram o verdadeiro rosto da esquerda europeia contemporânea. Incapaz de pensar a tragédia fora do seu velho esquema ideológico de opressor e oprimido, grande parte dessa esquerda projetou sobre o Médio Oriente a sua grelha moral maniqueísta, onde Israel encarna o papel de colonizador e os palestinianos o de vítima absoluta. 

Essa leitura simplificadora, que confunde moral com ressentimento, expôs a falência ética e intelectual de uma tradição política que outrora se afirmava racional e universalista. A defesa automática de qualquer causa antiocidental, mesmo quando animada por um fanatismo teocrático e homicida, tornou-se reflexo condicionado de uma esquerda que já não distingue a crítica legítima do ódio civilizacional. 

O conflito mostrou, assim, uma esquerda europeia sem bússola moral, disposta a relativizar o terror em nome da sua velha mitologia revolucionária e do seu instinto pavloviano de oposição ao Ocidente. Como lembra Nora Bussigny, o antissemitismo mudou de aparência, mas permanece o mesmo tanto na extrema-direita como na extrema-esquerda.

Nos últimos meses surgiram dois livros notáveis sobre esta relação entre a esquerda radical e o islamismo político: Les Nouveaux Antisémites, de Nora Bussigny, e Les Complices du Mal, de Omar Youssef Souleimane. Ambos resultam de investigações diretas em ambientes de extrema-esquerda, em França, na Bélgica e até em universidades norte-americanas, procurando compreender como os acontecimentos de 7 de outubro desencadearam uma nova vaga de antissemitismo disfarçado de crítica à política de Israel.

No livro de Bussigny, revela-se com clareza como discursos progressistas, fundados na pretensão de superioridade moral, degeneraram em retórica de ódio e desumanização. A autora mostra como uma certa esquerda, que se apresenta como vítima de perseguições, se tornou ela própria veículo de intolerância, impondo uma visão maniqueísta do mundo em que o “outro”, seja o fascista imaginário ou o judeu real é sistematicamente desumanizado. “O ódio ao judeu une os islamitas e os militantes LGBT nos meios da extrema-esquerda”, escreve Bussigny. A amplitude geográfica e social da sua investigação confere ao estudo um valor comparativo raro, revelando um mesmo fundo ideológico de hostilidade identitária.

O antissionismo, envolto em linguagem progressista e apelos humanitários, surge como nova máscara de antigas formas de antissemitismo. Sob o pretexto da justiça social, ressurgem temas de perseguição e culpabilização do povo judeu, agora adaptados ao discurso político contemporâneo. Bussigny demonstra como certas narrativas de emancipação facilmente descambam em retóricas de ódio e alerta para a necessidade urgente de reafirmar a fronteira moral entre a crítica legítima e a desumanização do outro. O seu livro é essencial para compreender uma das tensões morais mais inquietantes da Europa atual: a transformação de parte da esquerda em portadora de um novo moralismo persecutório.

Por sua vez, Les Complices du Mal, do poeta e jornalista sírio Omar Youssef Souleimane, aprofunda esta denúncia a partir de uma perspetiva pessoal e trágica. Tendo vivido sob um regime totalitário, o autor reconhece na França contemporânea os sinais de uma aliança perversa entre a extrema-esquerda, sobretudo a La France Insoumise (LFI), e os movimentos do islamismo político. Essa aliança, construída em nome do anticolonialismo, da causa palestiniana e da luta contra o racismo, degenerou, segundo Souleimane, em cumplicidade com discursos sectários, misóginos e abertamente antissemitas.

A partir de observações diretas em manifestações e reuniões, Souleimane descreve um ambiente de confusão moral em que o combate ao imperialismo e à islamofobia serve de escudo para justificar a tolerância a formas explícitas de ódio e a rejeição da laicidade republicana. “A LFI e Rima Hassan encarnam o ódio à França, ao tolerarem formas explícitas de ódio e ao rejeitarem a laicidade republicana”, acusa o autor numa entrevista recente. A esquerda francesa, paradoxalmente, surge-lhe cada vez mais inimiga da liberdade e da razão crítica. As reações que o livro provocou, incluindo acusações de difamação vindas da própria esquerda, apenas confirmam o incómodo que causa ao questionar os limites da tolerância e os riscos do relativismo moral.

(Continua)

The Tablighi Jamaat in Europe

 

The Tablighi Jamaat is a transnational Deobandi missionary movement formed in India in the early 20th century by Muhammad Ilyas Kandhlawi to encourage Muslims to become more religiously observant in response to the perceived deterioration of moral values. 
 
The Tabligh do not rely on a formal organizational structure, with minimal dependence on hierarchy and broad freedom on how to run their dawah activities. The Tablighi Jamaat is widespread in South Asia and the west, but it is impossible to know the precise number of members, not only due to its introverted institutional profile but also because there is no formal registration process. Additionally, many of its followers are only active on a part-time basis.

The Tablighi Jamaat’s lack of control over membership and activities at its ground level, and the ease with which a volunteer can join and leave, travel abroad and disappear can make the movement attractive to potential terrorists. 
 
Additionally, an increasing Wahhabization of some areas of the Tablighi Jamaat may drag its activists to embrace an extremist ideology that can easily fuel violence, something that has occurred since the mid-2000s. Several counter-terrorism investigations throughout Europe have targeted Tablighi activists and centers. 
 
This research analyzes the nexus between the Tablighi Jamaat’s structure, ideology, modus operandi and how these characteristics can make the Jamaat attractive to potential terrorists wishing to exploit its high degree of anonymity and the ease of transnational travel. Two specific terror-related cases involving Tablighi activists in Spain and Italy are examined in detail.
 


Failed integration and the fall of multiculturalismo

  For decades, the debate in Denmark around  problems with mass immigration was stuck in a self-loathing blame game of " failed integra...