𝐀𝐥𝐞𝐦𝐚𝐧𝐡𝐚 𝐞 𝐨 “𝐭𝐢𝐫𝐨 𝐧𝐨 𝐩é” 𝐩𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐨: 𝐚 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐩𝐨𝐫 𝐭𝐫á𝐬 𝐝𝐚 𝐜𝐥𝐚𝐬𝐬𝐢𝐟𝐢𝐜𝐚çã𝐨 𝐝𝐚 𝐀𝐟𝐃 𝐜𝐨𝐦𝐨 “𝐞𝐱𝐭𝐫𝐞𝐦𝐚-𝐝𝐢𝐫𝐞𝐢𝐭𝐚”
Hoje, a política alemã vive um momento de grande tensão e profunda divisão. A notícia de que a Alternativa para a Alemanha (AfD) foi oficialmente classificada como um partido de extrema-direita pelo Verfassungsschutz (Serviço de Protecção da Constituição) caiu como uma bomba na opinião pública. Enquanto os partidos do espectro esquerdista e verde celebram como se fosse uma vitória da democracia, uma análise mais fria e racional revela algo muito diferente: um erro estratégico monumental, um verdadeiro tiro no pé.

A ministra do Interior, Nancy Faeser, anunciou com orgulho a decisão, acompanhada de uma comunicação oficial e entusiasmada da imprensa estatal, nomeadamente da Tagesschau, que noticiou: "AfD classificada como seguramente extremista de direita". De imediato, os políticos verdes e sociais-democratas pediram o banimento do partido — uma medida extrema que, num verdadeiro Estado de Direito, só deveria ser usada em casos gravíssimos, com base em provas públicas e irrefutáveis.
𝐍𝐨 𝐞𝐧𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨, 𝐧ã𝐨 é 𝐢𝐬𝐬𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐭á 𝐚 𝐚𝐜𝐨𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐫 𝐚𝐪𝐮𝐢.
A própria Faeser afirma que a decisão se baseia num "relatório neutro e independente de 1.100 páginas", produzido pelo Verfassungsschutz. Mas há um problema evidente: esse relatório não foi publicado. Ninguém pode consultá-lo. Nenhum tribunal o validou. Nenhuma instância externa confirmou o seu conteúdo.
𝘚𝘦 é 𝘢𝘴𝘴𝘪𝘮 𝘵ã𝘰 “𝘤𝘰𝘯𝘤𝘭𝘶𝘴𝘪𝘷𝘰”, 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦 𝘳𝘢𝘻ã𝘰 é 𝘮𝘢𝘯𝘵𝘪𝘥𝘰 𝘦𝘮 𝘴𝘦𝘨𝘳𝘦𝘥𝘰 𝘢𝘣𝘴𝘰𝘭𝘶𝘵𝘰?
𝐌𝐚𝐧𝐢𝐩𝐮𝐥𝐚çã𝐨 𝐩𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐚 à𝐬 𝐯é𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐦𝐮𝐝𝐚𝐧ç𝐚 𝐝𝐞 𝐠𝐨𝐯𝐞𝐫𝐧𝐨?
A altura da publicação desta decisão não é inocente. Estamos a poucos dias da saída de Faeser e da chegada de um novo governo sob a liderança de Friedrich Merz (CDU), com Alexander Dobrindt como novo ministro do Interior — um político com uma visão bem diferente da actual gestão socialista.
Seria coincidência que, poucos dias antes desta mudança, o "relatório secreto" tenha sido de repente publicado e a AfD classificada como inimiga da Constituição? Ou será que o objectivo é criar uma pressão política massiva sobre o novo executivo, travando qualquer tentativa de aproximação ao eleitorado conservador e evitando colaborações futuras com a AfD?
𝐀 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞ç𝐚 𝐚 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐥𝐚𝐫-𝐬𝐞: 𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐦𝐞𝐝𝐢𝐝𝐚 𝐧ã𝐨 é 𝐣𝐮𝐫í𝐝𝐢𝐜𝐚, é 𝐞𝐥𝐞𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚𝐥. 𝐔𝐦 𝐣𝐨𝐠𝐨 𝐬𝐮𝐣𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞𝐯𝐢𝐯ê𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐩𝐨𝐥í𝐭𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐞𝐬𝐭á 𝐞𝐦 𝐪𝐮𝐞𝐝𝐚 𝐥𝐢𝐯𝐫𝐞 𝐧𝐚𝐬 𝐬𝐨𝐧𝐝𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬.

A AfD está a crescer a olhos vistos. Em muitas sondagens, já ultrapassou a CDU, tornando-se a maior força política da Alemanha. Isto não se deve a "narrativas radicais", mas ao facto de milhões de alemães estarem cansados do politicamente correcto, da imposição de agendas ideológicas, da criminalização da opinião e do colapso económico e migratório que se vive na Alemanha.
A resposta do sistema? Em vez de ouvir o povo, tenta-se calar o povo — classificando como “extremista” tudo aquilo que escapa ao monopólio ideológico das chamadas “partes boas” da política.

A ministra Faeser diz que o Verfassungsschutz é independente. Mas isso é mentira. O Verfassungsschutz é uma autoridade subordinada ao ministério do Interior, ou seja, à própria ministra. Não existe independência quando a autoridade que redige um relatório obedece hierarquicamente ao político que o anuncia.
Pior ainda: o relatório, que serviu de base à decisão, não deveria sequer estar pronto. O próprio presidente do Verfassungsschutz tinha afirmado que não poderia ser divulgado enquanto o cargo estivesse vago. Mas agora, por arte de magia e em cima da hora, ele aparece, como se fosse a tábua de salvação da coligação SPD-Verdes.

Mesmo que se tente avançar com um processo de proibição da AfD, isso não irá acontecer — e até o chanceler Olaf Scholz já o reconheceu. Porque em tribunal, as provas têm de ser públicas. E se esse relatório tiver de vir a público, cairá por terra em segundos.
Nenhum juiz sério validará um processo baseado num documento secreto, politizado e sem substância legal. As únicas acusações conhecidas até agora são frases vagas como: “a AfD defende uma definição étnica do povo” ou “considera imigrantes como cidadãos de segunda classe”. Afirmações absurdas e sem provas.
A AfD defende, de facto, uma política migratória rigorosa e combate a imigração ilegal — como qualquer outro partido conservador normal em qualquer democracia. Mas isso não é ser extremista. É ser sensato.

A ironia de tudo isto é gritante: os mesmos partidos que se dizem defensores da democracia, como os Verdes, são os primeiros a querer proibir partidos concorrentes. São os primeiros a querer controlar o discurso público, a imprensa, as redes sociais. São os primeiros a querer silenciar tudo o que é dissidente. São os verdadeiros antidemocratas.
Estão a tentar criminalizar milhões de cidadãos alemães que apenas pensam diferente. E essa tentativa autoritária de silenciar vozes legítimas é o que realmente ameaça a democracia.

Ao contrário do que esperam os seus adversários, esta campanha suja vai fortalecer ainda mais a AfD. Os alemães estão atentos. Já perceberam que estão a ser manipulados. E quando virem que tudo isto foi uma encenação, um golpe político, irão reagir nas urnas.
𝐂𝐨𝐦𝐨 𝐝𝐢𝐳 𝐨 𝐯𝐞𝐥𝐡𝐨 𝐝𝐢𝐭𝐚𝐝𝐨: "𝐐𝐮𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐢𝐚 𝐯𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬, 𝐜𝐨𝐥𝐡𝐞 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐞𝐬𝐭𝐚𝐝𝐞𝐬".
E neste caso, a tempestade pode levar à maior viragem política da história recente da Alemanha. Se o sistema continuar a abusar da sua posição para perseguir adversários políticos, o povo acabará por fazer justiça — nas urnas.
By Ricardo Gomes
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