Tem mais de um milhão de seguidores no TikTok, de acordo com a "euronews", e "deu uma lufada de ar fresco à política", refere um dos jovens entrevistados pela agência noticiosa, à porta de um comício do Reagrupamento Nacional (RN), antigamente liderado por Marine Le Pen.
Jordan Bardella, o terceiro político francês mais seguido na plataforma social, tem ascendentes italianos e argelinos, é filho e neto de imigrantes e lidera agora o partido francês mais bem colocado nas sondagens para as próximas eleições europeias: 33 por cento, contra os míseros 16 por cento do partido do presidente Macron.
A sua ascensão no partido, onde se filiou aos 16 anos, passou por um processo de "suavização" dos princípios políticos da geração Le Pen.
Num fenómeno que é transversal à Europa, o discurso anti-emigração continua a ser um dos pontos fortes dos programas eleitorais da direita. O centro-direita tem tentado, com escasso sucesso, "roubar" esse cavalo de batalha à extrema-direita.
O exemplo nacional
Em Portugal, ainda recentemente se assistiu a uma "manobra" dessas, quando da apresentação do livro de conteúdo conservador, "Identidade e Família". De uma forma totalmente inesperada, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho assumiu um posicionamento típico da extrema-direita, ao associar o excesso de imigrantes ao aumento da criminalidade.
Discursando antes da apresentação do livro, Passos Coelho fez questão de reavivar uma outra intervenção sua, em 2016, no Algarve, durante uma “Festa do Pontal” do PSD, lembrando que, já nessa altura, tinha alertado para os riscos da imigração, ao afirmar que era necessário sermos "um país aberto à imigração", mas acrescentando: “Cuidado que precisamos também de ter um país seguro“.
Um dos alvos que a extrema-direita aponta como fundamental, para as próximas eleições, é conseguir uma "minoria de bloqueio" (135 eurodeputados) que lhe permita impedir a aprovação de legislação como o Pacto de Migração europeu, salienta o canal noticioso euronews.
A "estrela" da política
Jordan Bardella atrai sobretudo os eleitores mais jovens, de acordo com a maioria das sondagens. Jovem, bem parecido, é uma espécie de versão mais nova de Marcelo Rebelo de Sousa - é um político que também nunca recusa uma "selfie".
A sua biografia também contribui para o seu sucesso político. Cresceu num bairro de habitação social, multiétnico, e é retratado, como salienta o jornal britânico "Guardian", como um "bom imigrante", alguém que "abraçou a cultura e civilização francesas".
Para além de cultivar o princípio de "A França para os Franceses", Jordan Bardella não se exime a criticar violentamente os muçulmanos, que considera serem uma "quinta coluna" que tem como objetivo conquistar o poder e impor os seus princípios a toda a população, destaca o jornal ritânico "Guardian".
A longo prazo, há quem coloque a possibilidade de Bardella ir mais longe e ser o candidato da extrema-direita às eleições presidenciais - isto caso Marine Le Pen se veja numa situação complicada, devido a uma investigação em curso, relacionada com um alegado desvio de fundos europeus.
O sucesso de Bardella assusta a esquerda, ao ponto de o acusarem de querer criar uma "Europa de arame farpado", como disse ao "Guardian" Pierre Jouvet, socialista e também candidato às europeias. Para este político de esquerda, a linguagem de Jordan Bardella é apenas uma espécie de "upgrade" do velho discurso anti-imigrante e xenófobo da família Le Pen: "Está sempre implícito que o responsável dos problemas dos franceses, o 'inimigo', é um estrangeiro, um norte-africano ou um muçulmano.
A grande diferença, argumenta Pierre Jouvet, é o facto de que a mensagem é a mesma mas difundida "com um tom de voz mais suave, equilibrado e calmo."