sábado, 18 de outubro de 2025

A falsa liberdade que apaga o rosto das mulheres e o discurso cúmplice do Sheik David Munir (WHISTLEBLOWER.Pt)

 


O FALSO DEBATE SOBRE LIBERDADE
O Parlamento português decidiu restringir o uso da burca em espaços públicos, e imediatamente surgiu o coro previsível: “a mulher tem o direito de vestir o que quiser”.
É um argumento bonito, mas intelectualmente desonesto.
A liberdade de escolha pressupõe ausência de coação.
E ninguém pode, em consciência, afirmar que a burca — um símbolo nascido do medo e da submissão — é resultado de livre escolha.
Na maioria dos casos, o que se apresenta como “autodeterminação feminina” é pressão social, familiar ou religiosa.

Mesmo em países europeus, muitas mulheres usam a burca porque temem o julgamento da comunidade, o isolamento ou o castigo.
O Islão, nos seus textos fundadores, não impõe a burca.
Fala em modéstia e recato, mas a cobertura total do corpo e do rosto é uma interpretação cultural e patriarcal, não uma ordem divina.
O próprio Sheik David Munir, imã da Mesquita Central de Lisboa, reconheceu isso publicamente.

Ora, se não é mandamento religioso, o que significa o seu uso?
Significa submissão simbólica e social.
É a presença visível de uma ideologia que coloca a mulher abaixo do homem e a transforma num corpo a esconder, num sujeito a calar.
O DISCURSO DO SHEIK: NORMALIZAÇÃO DO RETROCESSO
O Sheik David Munir — figura mediática e bem tratada pela imprensa nacional — afirmou que “a burca não é obrigatória, mas deve ser respeitada enquanto escolha individual”.

À primeira vista, parece um discurso moderado e conciliador.
Na prática, é profundamente político.
Ao relativizar o significado da burca, o imã promove a aceitação cultural de um símbolo de opressão, transformando-o num simples elemento de “identidade”.
E ao fazê-lo, introduz no espaço público português a ideia de que qualquer prática religiosa — mesmo que anule direitos universais — merece respeito automático.
O problema é que essa “moderação” não defende o direito das mulheres, defende a imunidade cultural de sistemas patriarcais.
O Sheik Munir é inteligente: sabe que o Islão não impõe o véu integral, mas usa o discurso da tolerância para ganhar espaço e legitimidade política.
Cada vez que uma figura religiosa é amplificada pelos media sem contraditório, o país cede um pedaço da sua laicidade.

O que ele promove, em última análise, é a aceitação gradual de uma exceção permanente: a ideia de que certas comunidades podem viver segundo regras próprias, acima das leis da República.
PORQUE ALGUMAS MULHERES AINDA A DEFENDEM
Algumas mulheres muçulmanas afirmam usar a burca “por vontade própria”.
Mas a psicologia social explica: quando uma norma de submissão é interiorizada desde a infância, a obediência passa a ser confundida com fé, e o medo com virtude.
É o mesmo mecanismo que leva vítimas de regimes autoritários a defender os seus algozes — a chamada submissão interiorizada.
Outras veem na burca um ato de identidade cultural — uma forma de se distinguir num mundo ocidental que as julga.
Mas o resultado é o mesmo: o corpo torna-se bandeira e a mulher desaparece por detrás de uma causa que não é dela, mas de quem a formou para servir.
A verdadeira liberdade não é poder tapar o rosto.
É poder mostrá-lo sem medo de ninguém.

O FEMINISMO QUE ABANDONOU AS MULHERES
O maior paradoxo é ver feministas e organizações ditas progressistas a defender o uso da burca como “expressão da autonomia feminina”.
O feminismo clássico combatia o véu como símbolo de submissão.
O feminismo contemporâneo, capturado pelo identitarismo, passou a desculpá-lo em nome da diversidade cultural.
A Amnistia Internacional é o exemplo perfeito dessa hipocrisia:
denuncia o uso obrigatório da burca no Irão, mas defende o direito de usá-la na Europa — como se o mesmo ato pudesse ser opressão lá e liberdade cá.
Se é opressão quando imposta, não deixa de o ser quando normalizada.
A diferença está apenas na forma, não na essência.
Este duplo padrão é o retrato de uma esquerda que prefere parecer tolerante a ser coerente.
Teme ser acusada de islamofobia e, por isso, aceita a desigualdade quando ela vem “do outro”.
É o triunfo do relativismo sobre o universalismo dos direitos humanos.

A CONTRADIÇÃO IMPOSSÍVEL: ISLAMISMO E MOVIMENTO LGBTQIA+
A esquerda progressista construiu uma coligação de minorias onde tudo cabe: feministas, ambientalistas, ativistas LGBTQIA+ e defensores do multiculturalismo islâmico.
Mas essa aliança é ideologicamente impossível.
O islamismo tradicional condena a homossexualidade como pecado grave — e, em dezenas de países, como crime punível com prisão ou morte.
Em nenhum Estado islâmico há igualdade de género ou liberdade sexual plena.
Mesmo em comunidades islâmicas europeias, a hostilidade ao movimento LGBTQIA+ é aberta e frequente.
O progressismo europeu, contudo, finge não ver.
Tenta proteger todas as minorias ao mesmo tempo, mesmo quando uma destrói a outra.

É o “multiculturalismo esquizofrénico”: um sistema que exige aceitação de valores mutuamente excludentes e depois culpa o Ocidente quando a convivência falha.
O CONFRONTO COM A IGUALDADE DE GÉNERO
O princípio universal da igualdade de género — base do direito europeu — é inconciliável com o islamismo tradicional.
A sharia define hierarquia entre homem e mulher: o homem herda o dobro, o testemunho feminino vale metade, a mulher precisa de autorização para viajar, casar ou trabalhar.
Isto não é exceção cultural, é lei religiosa.
Defender igualdade e ao mesmo tempo proteger a expansão dessas normas é autodestruição moral.
A esquerda tolera em nome da diversidade aquilo que, na sua própria lógica, deveria denunciar como violência estrutural.
O resultado é visível: bairros onde a separação de género reaparece, escolas onde meninas são retiradas das aulas de educação sexual, mulheres que já evitam circular sozinhas.
A Europa que dizia “nunca mais” começa a ceder terreno ao regresso do mesmo patriarcado, só que agora importado.

A ILUSÃO DO MULTICULTURALISMO
O multiculturalismo não trouxe integração; trouxe comunidades paralelas.
Em nome da “inclusão”, o Estado laico começou a recuar.
Proibiu o crucifixo, mas aceita a burca.
Critica a Igreja Católica, mas teme questionar o Islão.
As elites progressistas criaram um sistema onde as leis universais se aplicam apenas aos ocidentais.
As minorias religiosas ganham imunidade moral — não por mérito, mas por medo político.
É o novo dogma europeu: “respeitar todas as culturas, mesmo as que não respeitam ninguém”.

A LIBERDADE SEM ADJETIVOS
Mostrar o rosto não é um gesto político, é um gesto humano.
É dizer “eu existo”, “sou reconhecida”, “sou igual”.
Quando o Estado permite que a mulher se apague por trás de um pano em nome da fé, abdica da igualdade em troca da aparência de tolerância.
Portugal é um Estado laico.
E num Estado laico, nenhuma religião tem o direito de transformar o corpo humano num símbolo ideológico.
A burca não é um adereço de moda — é a negação visível da identidade feminina.
O QUE ESTÁ REALMENTE EM CAUSA
A polémica sobre a burca não é sobre vestuário — é sobre valores civilizacionais.
É sobre se o Ocidente ainda acredita nos seus próprios princípios ou se vai continuar a destruí-los para não ser acusado de intolerância.
É sobre se queremos viver numa sociedade de pessoas visíveis, livres e iguais, ou numa de guetos culturais onde cada um responde apenas às suas tradições.
Quando figuras como o Sheik David Munir falam de “respeito” e “diversidade”, não estão a defender o pluralismo.
Estão a testar os limites da submissão cultural europeia.
Sabem que o medo de ofender é hoje mais forte do que a vontade de defender.
E cada vez que os media lhes dão palco sem contraditório, Portugal cede mais um metro à fragmentação da sua própria soberania moral.

CONCLUSÃO
A burca é o espelho perfeito do que o progressismo europeu se tornou:
um sistema que confunde liberdade com rendição, diversidade com relativismo e tolerância com medo.
O discurso do Sheik David Munir não promove o diálogo — promove a aceitação do recuo civilizacional.
Apresenta-se como voz de moderação, mas o seu efeito é o da normalização do desigual.
Cada frase aparentemente pacífica é uma peça na lenta desmontagem do princípio da igualdade.
Portugal precisa de líderes que defendam a liberdade sem vergonha e a igualdade sem exceções.
Porque quem relativiza a opressão em nome da tolerância não é progressista — é cúmplice.
A mulher livre mostra o rosto.
A sociedade livre reconhece-o.
E o Estado livre não pede desculpa por o defender.
WHISTLEBLOWER.Pt

 

Entre o véu e a República: porque a burca não tem lugar nos espaços públicos portugueses

 

 Na sequência da aprovação, esta sexta-feira, em sede parlamentar, do projeto de lei que proíbe o uso de vestuário destinado a ocultar o rosto em espaços públicos
— uma medida amplamente interpretada como uma proibição da burca,
impõe-se um olhar sereno, informado e desprovido de instrumentalizações políticas sobre uma questão que toca simultaneamente a liberdade religiosa, a igualdade de género, a segurança coletiva e os fundamentos da convivência democrática.


Num momento em que Portugal se junta a outros países europeus que já adotaram legislação semelhante, torna-se essencial compreender não apenas o que a lei diz, mas o que o fenómeno que pretende regular representa em diferentes contextos sociais e culturais — nomeadamente à luz de experiências vividas em sociedades onde a tensão entre tradição, modernidade e identidade religiosa se manifesta de forma aguda.
Fui docente no Ensino Secundário e Superior na Tunísia, entre 2017 e 2019.
Durante esses três anos, testemunhei uma transformação silenciosa, mas profunda: o aumento abrupto do uso da burca, mesmo em ambientes historicamente laicos.
A Tunísia, herdeira do projeto modernizador de Habib Bourguiba — que, em 1956, aboliu a poligamia e promoveu a igualdade jurídica entre homens e mulheres — sempre se orgulhou de uma tradição de emancipação feminina rara na região.
 
No entanto, após a Revolução do Jasmim, em 2011, e a subsequente legalização do Movimento Ennahda, partido de inspiração islamita, assistiu-se a uma reconfiguração das normas de visibilidade feminina.
Nas salas de aula, a maioria das alunas usava vestuário comum — calças, blusas, saias — ou, no máximo, o hijab, o véu que cobre os cabelos, mas deixa o rosto visível.
Esse uso era respeitado, sem controvérsia.
Mas a burca, essa sim, era uma novidade desconcertante.
Diretores de escola, Professores, muitos deles formados na tradição secular tunisina, confessavam perplexidade: “Isto nunca existiu aqui”, diziam, com um misto de inquietação e desconfiança. 
 
Não se tratava de islamofobia, mas de um choque com uma prática que parecia alheia à identidade nacional recentemente construída.
Lembro-me, com particular intensidade, de um episódio durante a vigilância de exames nacionais, em pleno Ramadão.
O calor era insuportável — as salas não tinham ar condicionado, e os alunos suavam copiosamente.
Uma aluna entrou coberta pela burca integral.
Os alunos olhavam perplexos.
A direção interveio, não por hostilidade, mas por questões de identificação e segurança, mas também por uma preocupação ética silenciosa: aquela jovem estaria a agir por convicção própria, ou sob pressão familiar ou comunitária?
Naquele contexto, questionar a burca era delicado. 
 
O Ennahda, embora não estivesse no poder na altura, exercia uma influência simbólica considerável e qualquer crítica podia ser interpretada como um ataque à “identidade islâmica”.
Tudo isto senti na pele.
Essa experiência ajuda a compreender por que, num país como Portugal — cuja tradição republicana assenta na laicidade, na igualdade de género e na visibilidade como condição da vida em comum — a proibição da burca em espaços públicos é não apenas legítima, mas coerente com os valores constitucionais. 
 
A burca não é um acessório de moda.
É um símbolo carregado de significados políticos, religiosos e sociais.
Em contextos onde a liberdade feminina foi historicamente conquistada contra práticas patriarcais, a sua imposição — mesmo que disfarçada de “escolha” — representa um retrocesso.
E mesmo quando não há coerção explícita, a normalização da invisibilidade do rosto feminino reforça uma lógica que vê a mulher como fonte de tentação, como corpo que deve ser escondido para preservar a “moral pública”.
Essa visão é incompatível com a ideia de cidadania plena.
Importa sublinhar: proibir a burca não é proibir o Islão. 
 
O hijab continua plenamente permitido — e respeitado — em Portugal, como aliás o é em França, Bélgica ou Dinamarca, países que já adotaram legislação semelhante.
A distinção é crucial: o véu que cobre os cabelos é uma expressão de fé compatível com a vida em sociedade;
a burca, que apaga o rosto, rompe com o princípio básico da reconhecibilidade mútua, essencial à convivência democrática.
Além disso, há uma dimensão de segurança incontornável.
Em transportes públicos, escolas, tribunais ou manifestações, a identificação visual é um pilar da ordem pública.
Não se trata de desconfiança generalizada, mas de garantir que todos os cidadãos — homens e mulheres — possam ser identificados quando necessário.
A Tunísia, aliás, compreendeu isso: em 2019, proibiu a burca em espaços públicos por razões de segurança, após uma série de atentados terroristas (e eu assisti a eles!).
A medida não foi apresentada como um ataque ao Islão, mas como uma defesa do Estado laico e da segurança coletiva.
Portugal não vive sob ameaça terrorista iminente, nem tem uma tradição de uso da burca. 
 
Por isso mesmo, a sua introdução em espaços públicos não é um fenómeno cultural autóctone, mas uma importação de lógicas que, em muitos casos, se aliam a visões fundamentalistas da religião e do género.
Nesse contexto, a proibição não é um ato de exclusão, mas de afirmação dos valores republicanos.
A liberdade religiosa é um direito fundamental — mas não absoluto.
Quando entra em conflito com outros direitos fundamentais, como a igualdade entre homens e mulheres ou a segurança coletiva, exige-se equilíbrio.
 
E nesse equilíbrio, o rosto descoberto não é um luxo: é uma condição mínima de dignidade, de reconhecimento, de pertença a uma comunidade de iguais.
Na Tunísia, aprendi que a liberdade das mulheres não se mede apenas pelo direito de votar ou estudar ou de conduzir ou de publicar livros ou realizar filmes, mas também pelo direito de ser vista.
Em Portugal, devemos defender esse mesmo princípio — não por medo do outro, mas por fidelidade ao que somos todos.
 
José Paulo Santos.
Revista Visão, 17 de Outubro de 2025.

A fortuna de Dino d’Santiago: em cinco anos, Estado dá-lhe 1,6 milhões de euros para ‘empoderamento social’

 


No final de 2021, Dino d’Santiago — o músico português nascido no Algarve mas com orgulhosas raízes cabo-verdianas — dizia ao Observador: “Hoje já me sinto merecedor de tudo.” E tem sido isso mesmo que sucedeu a Claudino Jesus Borges Pereira, hoje com 42 anos.

Ao sucesso musical, Dino d’Santiago somou o reconhecimento político, tendo sido, em 2023, condecorado com a Medalha de Mérito Cultural, é agora membro da Comissão para a Igualdade e Luta Contra a Discriminação Racial e até do Conselho Geral da Universidade de Aveiro . Tudo isto muito por ter assumido um papel de relevância pública nos projectos sociais em que se envolveu, sobretudo nas áreas da raça e da discriminação. Publicou recentemente o livro Cicatrizes, com prefácio da escritora (e conselheira de Estado) Lídia Jorge, e recebeu ainda um convite para conceber uma ópera “estrelada” no Centro Cultural de Belém, numa encomenda da Bienal de Artes Contemporâneas. Por isso, é amiúde visto em companhia de figuras públicas e de poder.

Mas há outro lado da história: Dino d’Santiago tem sido copiosamente apoiado, como poucos, pelos poderes públicos. E o apoio não é apenas de solidariedade e ‘pancadinhas nas costas’. É com ‘txeu dinheru’ – como se dirá na ilha de Santiago para ‘”muito dinheiro”. Com efeito, ao longo dos últimos cinco anos, Dino d’Santiago tem conseguido implementar, graças à sua popularidades nos corredores da política, um modelo de financiamento que, sendo formalmente escorreito, choca pelas verbas envolvidas. ↓

Na passada terça-feira, o PÁGINA UM revelou que, através da associação Mundu Nôbu — que fundou em finais de 2023 e que preside, sem se conhecerem outros membros da direcção além de Liliana Valpaços —, Dino d’Santiago conseguiu garantir, nos últimos 13 meses, 481 mil euros de duas empresas municipais (Gebalis e EGEAC) para a prestação de serviços sociais e para dois espectáculos musicais contratualizados por valores inflacionados. Mas essa era apenas uma parte da história.

Uma investigação mais aprofundada nos últimos dias apurou que, de forma directa e indirecta, desde 2021, Dino d’Santiago já garantiu muito mais em subsídios e contratos públicos: quase 1,6 milhões de euros, grande parte através de uma empresa da qual é o único sócio.
Ligações privilegiadas ao poder não têm trazido apenas capacidade de intervenção, mas também muito dinheiro. Foto: DR.

Antes de fundar a associação Mundu Nôbu — nome retirado do álbum homónimo de 2018 —, o músico criou, em 2019, a empresa unipessoal Batuku Roots, com sede em Albufeira, que incluía, além das actividades musicais, o arrendamento de imóveis e a comercialização de vestuário e brindes. Contudo, foi em Lisboa, e sobretudo a partir de 2021, que a empresa começou a facturar em grande escala.

Nesse ano, ainda com fortes limitações impostas pela pandemia — período em que muitos artistas foram severamente penalizados —, a Câmara Municipal de Lisboa entregou-lhe 250 mil euros de subsídio para lançar um projecto online denominado “Lisboa Criola”. No mesmo ano, o Turismo de Portugal, no âmbito das medidas de mitigação dos efeitos económicos da pandemia, concedeu-lhe mais de 20 mil euros.

Em 2022, já sem restrições sanitárias, o projecto de Dino d’Santiago manteve-se activo, centrando-se num festival de música com workshops e conferências durante três dias. Resultado: mais 250 mil euros atribuídos à Batuku Roots, valor que, segundo as demonstrações financeiras consultadas pelo PÁGINA UM, representou praticamente a totalidade das suas receitas desse ano. E, como não há duas sem três, em 2023 a empresa de Dino d’Santiago voltou a receber 250 mil euros da autarquia liderada por Carlos Moedas. Nesse exercício, a Batuku Roots registou receitas de 346 mil euros, não se sabendo se os cerca de 100 mil euros adicionais provêm de actividade empresarial ou de outros subsídios públicos.
Em três edições da ‘Lisboa Criola’, uma das quais online, a empresa unipessoal de Dino d’Santiago, a Batuku Roots, recebeu 750 mil euros da autarquia liderada por Carlos Moedas.

Na lista de entidades subvencionadas em 2024 pela autarquia de Lisboa, a Batuku Roots já não surge, mas a razão parece simples: com a criação da associação Mundu Nôbu no final de 2023, Dino d’Santiago deslocou as suas atenções e passou a beneficiar de um estatuto ainda mais privilegiado nos corredores do poder — deixando de necessitar de apresentar candidaturas e passando a celebrar contratos directos com a Câmara de Lisboa, através da Gebalis e da EGEAC. Entre 2024 e 2025, essas contratações já totalizam 481 mil euros.

A associação Mundu Nôbu recebeu ainda, em Setembro de 2023, um apoio adicional de 314.863 euros no âmbito do Portugal Inovação Social, destinado a um projecto de “empoderamento e capacitação de jovens afrodescendentes” com duração de três anos. O projecto é um dos que a autarquia de Lisboa apoiou este ano.

Contas feitas, e não tendo sido possível confirmar se houve outros financiamentos por outras entidades públicas de menor dimensão, Dino d’Santiago obteve, através da empresa e da associação, cerca de 1,6 milhões de euros em apoios e contratos públicos desde 2021, sendo que no caso da Mundu Nôbu a verba de subsídios atinge quase 800 mil euros. E a autarquia de Lisboa é, de longe, o principal financiador:Ç mais de 1,2 milhões de euros, entre a Batuku Roots e a Mundu Nôbu. No caso da associação, são também divulgadas mais de uma dezena de entidades privadas como parceiras, designadamente o Banco BPI, a Fundação La Caixa, o BNP Paribas, a Fundação Calouste Gulbenkian, a FNAC, a Emerald Group, a PwC, a Microsoft, a IKEA, a Worten, a Randstad, a Euro M e o ISPA. Mas nada se indica sobre os montantes envolvidos ou se se trata de prestação de serviços ‘pro bono’.
Concerto do ano passado, que incluiu uma conferência, que deu à Mundu Nôbu 130 mil euros pagos pela EGEAC. Como artista, Dino d’Santiago recebe, por norma, menos de 20 mil euros.

Contactados novamente a associação Mundu Nôbu e Dino d’Santiago, houve desta vez resposta — embora evasiva. O PÁGINA UM quis saber o valor total dos financiamentos públicos obtidos desde 2021, quer através da associação, quer da empresa, bem como as respectivas proveniências. Foi ainda questionado se, dado que a Batuku Roots deixou de receber financiamento da autarquia em 2024, Dino d’Santiago passou a prestar serviços remunerados à associação Mundu Nôbu. Reiterou-se também o pedido de relatório e contas de 2024 — que já deveriam estar aprovados até Março —, bem como a lista de membros dos órgãos sociais e o número de associados, informações que continuam a não ser divulgadas.

(Continua) 


PÁGINA UM
Pedro Almeida Vieira|
17/10/2025
 

 

 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Former prime-minister warns Portuguese people will feel like foreigners in their own land if immigration continues to grow

 


“If everything stays as it is with family reunification and so forth, one of these days the people who are part of that society will feel like foreigners in their own land,” he warned.

The former Prime Minister Pedro Passos Coelho warned this Thursday, October 16, that, if everything remains as it is regarding immigration, Portuguese people will feel like foreigners “in their own land” and accused the Socialist Party (PS) of eight years of inaction on the matter.

During the presentation of the book "Introduction to Liberalism," by Miguel Morgado, in Lisbon, Passos Coelho addressed the data released this Thursday by AIMA, which indicates that the number of foreign citizens residing in Portugal quadrupled in seven years, with around 1.5 million registered at the end of 2024, to stress that "a huge number of people entered Portugal in a very short time."

"And, if everything stays as it is with family reunification and so forth, well, one of these days what happens in other societies will also happen here, where the people, the nationals, the people who are part of that society, feel like foreigners in their own land," he warned.

In a speech dedicated to the theme of liberalism, Passos Coelho stressed that, according to that political philosophy, "there should be no problem with people feeling like foreigners in their own land," ironically stating that they would be considered "cosmopolitan," which "would be great."

"The problem is that it is not great because people feel insecure, threatened, disoriented in a certain way, suspicious... All those very human characteristics which, under normal circumstances, are not worth much, in these environments, things can spiral out of control," he stated.

Passos Coelho considered that "the minimum common sense makes anyone understand this," before criticizing the PS governments led by António Costa, whom he accused of having an immigration policy based on the principle of "let them in, this is how it’s going to be and I don't ask anyone anything."

"This was what the previous Prime Minister [António Costa] told the senior staff of the Foreigners and Borders Service (SEF) when they alerted him, 'Mr. Prime Minister, be careful because we are losing control of this situation. Look, a lot of people are coming in, we don't even know who they are. We don't even ask for criminal records,'" he said.

According to Passos Coelho, in response to these warnings he attributed to the SEF, António Costa replied as follows: "This is how it is, understand? Don't think it's an accident, it's meant to be this way, it is to put these people here, this is to proceed."

The former Prime Minister accused the PS governments of having "done this consciously," before suggesting a question to António Costa. "Has anyone asked the President of the European Council if he would not like to review that position, which brought so much radicalism to Portugal, so much insecurity and uncertainty in the way people debate in the public sphere," he inquired. Afterward, Passos Coelho recalled that, during the 2024 legislative election campaign, in a speech at a rally supporting Luís Montenegro in the Algarve, he had already warned about the "immigration problem."

"When I drew attention to these problems two years ago, my God, several media outlets said: 'this guy is mixing security and immigration in the same sentence. Populism, total irresponsibility, he doesn't even seem like he was Prime Minister, completely irresponsible.' I don't know what they will say now," he noted. In this speech, which lasted about 50 minutes, Passos Coelho also warned that "there is a radicalism everywhere that is taking over the public sphere" and considered that its growth "results from an absolutely irresponsible way in which many of the issues that concern and trouble people have not been addressed."

For the former Prime Minister, whenever "there are governments that behave with an excess of demagoguery, in a populist way, that want to please everyone and push forward everything that needs to be done," the problems "accumulate and people say 'what are these guys doing there?'"

"This level of distrust, discredit, and uncertainty that results from the practices of liberal institutions, for being occupied and performed with general irresponsibility, generates radicalism. And radicalism generates radicalism," he warned.

in "Diário de Notícias" 

Passos Coelho avisa que portugueses vão sentir-se estrangeiros na própria terra se imigração crescer mais

 


"Se tudo se mantiver como está com o reagrupamento familiar e por aí fora, qualquer dia as pessoas que fazem parte daquela sociedade, se sentem estrangeiras na sua própria terra", advertiu.

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho avisou esta quinta-feira, 16 de outubro, que, se tudo se mantiver como está na imigração, os portugueses se sentirão estrangeiros "na sua própria terra" e acusou o PS de oito anos de inação na matéria.

Na apresentação do livro "Introdução ao Liberalismo", de Miguel Morgado, em Lisboa, Passos Coelho abordou os dados esta quinta-feira divulgados pela AIMA, que indicam que o número de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal quadruplicou em sete anos, com cerca de 1,5 milhões registados no final de 2024, para salientar que "em muito pouco tempo entrou imensa gente em Portugal".

"E, se tudo se mantiver como está com o reagrupamento familiar e por aí fora, bem, qualquer dia também acontecerá cá aquilo que acontece noutras sociedades em que as pessoas, os nacionais, as pessoas que fazem parte daquela sociedade, se sentem estrangeiras na sua própria terra", advertiu.

Numa intervenção consagrada ao tema do liberalismo, Passos Coelho salientou que, de acordo com essa filosofia política, "não devia haver nenhum problema em que as pessoas se sentissem estrangeiras na sua própria terra", ironizando que seriam consideradas como "cosmopolitas" o que "era ótimo".

"O problema é que não é ótimo porque as pessoas sentem-se inseguras, ameaçadas, de certa maneira desorientadas, desconfiadas… Tudo aquilo que são características muito humanas e que, em circunstâncias normais, não valem grande coisa, em ambientes destes, as coisas podem descambar", afirmou.

Passos Coelho considerou que "o mínimo de bom senso faz qualquer pessoa perceber isto", antes de deixar crítica aos governos do PS liderados por António Costa, que acusou de terem tido uma política sobre imigração que tinha como princípio "deixa entrar, isto é para ser assim e não pergunto nada a ninguém".

AIMA afasta problemas com NISS para renovação de residência, mas imigrantes seguem com dificuldades no portal

"Isto era o que anterior primeiro-ministro [António Costa] dizia aos quadros superiores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) quando era por eles alertado 'senhor primeiro-ministro, cuidado porque nós estamos a perder o controlo desta situação. Olhe, está a entrar muita gente, a gente nem sabe quem é. A gente nem o certificado criminal pede'", disse.

Segundo Passos Coelho, em resposta a esses avisos que atribuiu ao SEF, António Costa respondia da seguinte forma: "Isto é mesmo assim, está a perceber? Não pense que é um acaso, é mesmo para isso, é para meter essas pessoas cá dentro, isto é para prosseguir".

O ex-primeiro-ministro acusou os governos PS de terem "feito isso conscientemente", antes de deixar uma sugestão de pergunta a António Costa.

"Já alguém perguntou ao senhor presidente do Conselho Europeu se ele não queria rever essa posição, que trouxe tanto radicalismo a Portugal, tanta insegurança e incerteza na maneira como as pessoas discutem no espaço público", inquiriu.

Depois, Passos Coelho recordou que, na campanha para as eleições legislativas de 2024, num discurso num comício de apoio a Luís Montenegro no Algarve, já tinha advertido para o "problema da imigração".

"Quando eu chamei a atenção para estes problemas há dois anos, meu Deus, vários órgãos de comunicação social disseram: 'este tipo está a misturar segurança e imigração na mesma frase. Populismo, irresponsabilidade total, nem parece que foi primeiro-ministro, completamente irresponsável'. Não sei o que dirão agora", referiu. 

Neste discurso, de cerca de 50 minutos, Passos Coelho advertiu ainda que há "em todo o lado um radicalismo que está a tomar conta do espaço público" e considerou que o seu crescimento "resulta de uma forma absolutamente irresponsável com que muitos dos assuntos que preocupam e perturbam as pessoas, não foram tratados".

Para o ex-primeiro-ministro, sempre que "há governos que se comportam com excesso de demagogia, de forma populista, que querem agradar a toda a gente e empurram com a barriga tudo aquilo que é preciso fazer", os problemas "acumulam-se e as pessoas dizem 'o que é que estes tipos estão lá a fazer'".

"Este nível de desconfiança, de descrédito, de incerteza que resulta das práticas das instituições liberais, por serem ocupadas e desempenhadas com irresponsabilidade geral, geram radicalismo. E o radicalismo gera radicalismo", advertiu.

Pedro Passos Coelho manifestou-se esta quinta-feira "muito satisfeito" com o que considerou ser "resultado muito bom" do PSD nas eleições autárquicas, após ter feito um discurso no qual deixou advertências quanto à política económica do Governo.

"Eu fiquei muito contente com o resultado das eleições autárquicas, até porque o meu partido, o PSD, teve um resultado muito bom. E, portanto, eu fico satisfeito", afirmou Pedro Passos Coelho em declarações aos jornalistas após ter discursado na apresentação do livro "Introdução ao Liberalismo", de Miguel Morgado, em Lisboa.

Sobre o facto de Suzana Garcia, cuja candidatura Passos Coelho tinha apoiado, não ter conseguido ser eleita presidente da Câmara da Amadora, o ex-primeiro-ministro disse que "foi por uma unha negra". PSD diz que confiança no Governo e no primeiro-ministro contribuiu para resultados positivos.

"Eu espero que a candidata não desista porque, realmente, é uma força da natureza, é uma pessoa que, não direi sozinha, mas, enfim, com apoios muito limitados, fez um grande resultado e isso deve fazer pensar quem tem responsabilidades para pensar sobre isso", considerou.

Perante a insistência dos jornalistas para falar sobre outros temas, Passos Coelho disse que, sobre política, já tinha dito tudo o que tinha a dizer no discurso que fez na apresentação do livro de Miguel Morgado, antes de deixar uma garantia.

"Não me ouvirão tão cedo falar sobre coisa nenhuma", assegurou, depois de, desde 25 de setembro, ter feito cinco intervenções públicas.

No discurso que fez na sessão de apresentação do livro de Miguel Morgado, Pedro Passos Coelho acusou os governos do PS liderados por António Costa de não terem feito "uma reforma digna de jeito".

Foram "oito anos com uma conversa fiada a dizer às pessoas que elas iam ter imenso do que não tinham afinal. Claro, com o PCP e o BE a apoiar isso. É uma delícia. Mas com uma austeridade encapotada. Portanto, mentir às pessoas", acusou.

O ex-primeiro-ministro afirmou que, nesses anos de governação do PS, a "verdade não estava a ser dita" e considerou que isso se está a verificar agora quando se observa a "insuficiência dramática do investimento público" ou a situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Depois, acusando o PS de ter tido uma "política pública desqualificada" e ainda que tenha dito que não tencionava falar sobre os últimos de governação, Passos Coelho deixou uma advertência em termos de matéria económica.

"O senhor ministro das Finanças é um homem muito competente
e, portanto, eu acredito que ele tenha as contas muito bem feitas e garanta que não vamos voltar aos défices públicos e à dívida pública e isso tudo. Mas a minha experiência de vida também mostra que há muita coisa que não depende do ministro das Finanças", referiu.

E, no que não depender do ministro das Finanças, prosseguiu Passos Coelho, "a coisa não está a encaminhar-se para o resultado" desejado.

"Deveríamos estar a preparar-nos para aliviar o passo do desendividamento da economia porque o que se está a passar em França [onde o Governo aceitou suspender o aumento da idade da reforma] não vai acabar bem. O pensamento mágico é uma coisa que tem uma duração limitada", advertiu.

Passos Coelho reconheceu que se pode argumentar que Portugal está melhor porque tem "um bocadinho menos do que 90% do rácio de dívida".

"Sim, mas ponham-lhe uma crise económica em cima, para quanto é que passa o rácio da dívida? Desde logo, o denominador encolhe, a despesa aumenta toda, para onde é que vai o rácio dívida? É muito rápido voltar a um rácio mais elevado", avisou.

in "Diário de Notícias" 

Parliament approves ban on the use of the burqa in public spaces in Portugal

 

 

Parliament approves ban on the use of the burqa in public spaces in Portugal. The Chega party’s proposal was supported by the PSD, Liberal Initiative (Iniciativa Liberal, IL) and CDS. The Socialist Party (PS), Livre, PCP (Portuguese Communist Party) and Left Bloc (Bloco de Esquerda, BE) voted against, while PAN and JPP abstained.

The Assembly of the Republic approved on Friday, October 17, the ban on the use of the burqa in public spaces in Portugal. The proposal by Chega was supported by the PSD, Iniciativa Liberal (IL) and CDS. PS, Livre, PCP and Bloco de Esquerda voted against, while PAN and JPP abstained.

While the IL and CDS-PP declared support for the Chega bill that “prohibits the concealment of the face in public spaces, except for certain exceptions,” the PSD expressed its “willingness to pursue this path,” but argued that “the text presented can and should be improved during the specialty phase.”

The bill intends to prohibit the use of “clothing designed to conceal the display of the face.” Although the word burqa is not explicitly mentioned, in the argument for the law, André Ventura’s party points to the example of countries like Denmark, France, and Belgium, which have already banned the use of the Islamic veil in public spaces.

The proposed sanctions include fines ranging from 200 to four thousand euros, depending on whether the use of the burqa is due to "negligence" or "intent (dolo)." For those who force the concealment of the face, Chega advocates for a punishment "under the terms of article 154 of the Penal Code," which is up to three years in prison.

The bill was approved in general terms and will now be discussed in the Parliamentary Committee on Constitutional Affairs, Rights, Freedoms and Guarantees. It will then return to the plenum for the final overall vote, and will only come into force after promulgation. In a reaction on social media, Chega wrote that “women in Portugal must be free” and that André Ventura’s party “made that happen.” “Those who do not agree can return to their country, they have no place here!”, the post read.

From "Diário de Notícias" 

Parlamento aprova proibição da utilização de burca em espaços públicos em Portugal

  


A proposta do Chega teve o apoio de PSD, Iniciativa Liberal e CDS. PS, Livre, PCP e Bloco de Esquerda votaram contra, enquanto PAN e JPP abstiveram-se.

A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira, 17 de outubro, a proibição da utilização da burca em espaços públicos em Portugal. A proposta do Chega teve o apoio de PSD, Iniciativa Liberal e CDS. PS, Livre, PCP e Bloco de Esquerda votaram contra, enquanto PAN e JPP abstiveram-se.

Enquanto IL e CDS-PP declararam apoio ao projeto do Chega que “proíbe a ocultação do rosto em espaços públicos, salvo determinadas exceções”, o PSD manifestou-se “disponível para fazer este caminho”, mas defendeu que “o texto apresentado pode e deve ser aperfeiçoado em sede de especialidade”.

O projeto de lei pretende proibir a utilização "de roupas destinadas a ocultar a exibição do rosto". Embora a palavra burca não seja explicitamente mencionada, na argumentação da lei o partido de André Ventura aponta o exemplo de países como a Dinamarca, França ou a Bélgica, que já proibiram a utilização do véu islâmico em espaços públicos.

Nas sanções previstas, estão coimas entre os 200 e os quatro mil euros, dependendo se a utilização da burca for feita por "negligência" ou "dolo". Para quem forçar a ocultação do rosto, o Chega defende uma punição "nos termos do art. 154.º do Código Penal", ou seja, até aos três anos de prisão.

O projeto foi aprovado na especialidade e vai agora ser discutido na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Depois volta ao plenário para a votação final global e só depois da promulgação é que entrará em vigor. Numa reação nas redes sociais, o Chega escreve que "as mulheres em Portugal devem ser livres" e que o partido de André Ventura "fez com que isso aconteça". "Quem não concorda, pode voltar para o seu país que aqui não tem lugar!", pode ler-se.

(Continua)
 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Grupo de mais de 50 pessoas força entrada nas Urgências de Abrantes para exigir reanimação de homem


Multidão transportava corpo do homem que morreu num acidente de carro.
16 de outubro de 2025 - Correio da Manhã

Após um grupo de meia centena de pessoas ter forçado a entrada nas Urgências do Hospital de Abrantes, no passado sábado, a Unidade de Saúde do Médio Tejo afirmou, em comunicado, estar a “adotar todas as medidas” necessárias evitar que se repitam situações deste género. 

O grupo, que transportava o corpo de um homem que morreu num acidente de viação ao volante de um carro de alta cilindrada, exigiu aos profissionais de saúde que realizassem manobras de reanimação. Só após a chegada dos agentes da PSP ao local foi possível retirar o grupo das instalações. A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo, que tutela o hospital de Abrantes, confirmou a ocorrência de uma “situação de tensão”, da qual “não resultaram feridos ou danos físicos a profissionais de saúde, sendo os danos materiais muito limitados, e declarou que, até agora, “não foi apresentada qualquer queixa formal por parte de utentes ou profissionais de saúde relativamente a este episódio”.

PS: Mais um caso de violência com um clã de ciganos em que o jornal opta por silenciar esse pormenor