domingo, 30 de junho de 2024

Governo pede processo de averiguações a Escola Portuguesa de Macau


A Inspeção-Geral da Educação e Ciência abriu, a pedido do ministro, um processo de averiguações à Escola Portuguesa de Macau para apurar as circunstâncias em que decorreu a dispensa de quatro professores e um técnico superior, foi hoje revelado.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação indica que o ministro Fernando Alexandre solicitou a abertura de um processo para "apurar as circunstâncias e a forma como o diretor dispensou quatro docentes e um técnico superior".

Durante a reunião do Conselho de Administração da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (EPM), que decorreu na quinta-feira, foram dadas instruções para que os professores e o técnico superior permaneçam na escola até à conclusão do processo de averiguações.

"Caso seja apurado pela IGEC que não existiam fundamentos para a dispensa daqueles cinco trabalhadores, não será autorizada a sua substituição", acrescenta a tutela.

No início de junho, a direção da Escola Portuguesa de Macau comunicou a cinco professores e a uma técnica da instituição - cinco deles em Macau ao abrigo de uma licença especial de Portugal - que não ia renovar o vínculo laboral para o próximo ano letivo, alegando motivos de gestão.

Só no departamento de Português da EPM, três professores viram o contrato terminado, todos detentores de bilhete de residente permanente.

Num esclarecimento solicitado pela Lusa, fonte do gabinete do ministro da Educação, Ciência e Inovação explicou que, "dada a falta de professores em Portugal", este ministério "já deu indicações de que não vão ser disponibilizados professores para substituir os docentes que a direção da Escola Portuguesa de Macau vier a dispensar".

E recordou que, tal como definido no plano + Aulas + Sucesso, que visa reduzir o número de alunos com interrupções prolongadas de aulas, é intenção do Ministério da Educação, Ciência e Inovação reduzir em 25% o total de mobilidades estatutárias atribuídas a docentes de grupos de recrutamento deficitários, no ano letivo 2024/2025.

Nesta situação podem estar professores nas escolas portuguesas, mas também os destacados em serviços centrais ou regionais, em entidades públicas, federações, associações, entre outros.

A Escola Portuguesa de Macau foi constituída em 1998 como herdeira de três instituições de ensino em língua portuguesa: a Escola Primária Oficial, a Escola Comercial e o Liceu de Macau.

No mesmo ano foi criada a Fundação Escola Portuguesa de Macau, resultado da colaboração entre o Estado Português, a Fundação Oriente e a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses.

sábado, 29 de junho de 2024

Legislativas em França: extrema-direita pode chegar à maioria absoluta

 


De acordo com as últimas sondagens, a extrema-direita de Jordan Bardella e Marine Le Pen poderá vir a obter a maioria absoluta na primeira volta das eleições legislativas francesas que se realizam no próximo domingo.

As sondagens sugerem que o Rassemblement National (RN), reforçado pelo bloco de dissidentes liderados por Eric Ciotti dos Republicanos, poderá atingir os 36%, seguido da Nova Frente Popular, coligação de esquerda que envolve socialistas, comunistas ecologistas e o França Insubmissa, que pode chegar aos 29% no melhor cenário.

O partido liberal do presidente Emmanuel Macron surge em terceiro lugar, conseguindo granjear entre 19,5 e 21% dos votos dos franceses. Os franceses estão entre uma possível maioria absoluta de extrema-direita ou a ausência de uma maioria clara, o que gera uma maior instabilidade política.
Para alcançar a maioria absoluta, os partidos precisam de ter, no mínimo, 289 lugares.

O RN poderá ter entre 260 e 295 lugares, aparecendo depois a Nova Frente Popular, que alcança entre 155 e 175 assentos. O campo presidencial oscila entre os 85 e os 105 mandatos, enquanto a direita, concentrada nos Republicanos, deverá obter entre 30 a 40 lugares.

"Os nossos compatriotas têm a sensação de que o Estado já não faz cumprir as suas leis, que o Estado é fraco com os fortes e forte com os fracos", afirma Jordan Bardella, líder do RN.

A extrema-direita tem vindo a alavancar a sua crescente popularidade com base no sentimento de insegurança dos franceses. As forças políticas estão profundamente polarizadas e poderá ser difícil encontrar qualquer forma de cooperação parlamentar. Os liberais do partido presidencial no poder parecem estar a apaziguar o tom do debate político.
(Continua)

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

"Avó nazi" condenada a prisão por negar Holocausto

 

Ursula Haverbeck já cumpriu pena na cadeia por negar o Holocausto. Ainda assim, e depois de um atraso da análise de recurso de nove anos, a idosa continua a repetir declarações criminosas. Apelidada de "avó nazi" pela imprensa alemã, a aposentada e reincidente Ursula Haverbeck, de 95 anos, foi sentenciada nesta quarta-feira (26/06) a um ano e quatro meses de prisão por fazer declarações falsas sobre o Holocausto. Ainda cabe recurso da decisão.
A condenação diz respeito a declarações proferidas pela idosa em duas ocasiões em 2015. Primeiro, Haverbeck havia dito a jornalistas que Auschwitz não era um campo de extermínio, e sim de trabalho. Na época, ela acompanhava o julgamento de Oskar Gröning, ex-membro da SS, a milícia paramilitar nazista. Depois, em entrevista a uma emissora de TV, negou a execução em massa ocorrida em Auschwitz – estimada por historiadores em 1,1 milhão, 90% dos quais, judeus.

Por causa das sua declarações, Haverbeck chegou a ser condenada naquele mesmo ano por um tribunal de Hamburgo a dez meses de prisão, mas recorreu da sentença
. A análise do recurso, porém, só foi concluída agora, quase nove anos depois. Haverbeck, que mora no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste alemão, já foi condenada várias vezes por incitação, ao longo de 20 anos, tendo inclusive cumprido pena de prisão. Ela também já chefiou um centro de treino de extremistas de direita, fechado em 2008 sob a acusação de disseminar propaganda nazi.

Desta vez, o tribunal disse ter considerado que o cadastro criminal da ré e o fato de ela "ter usado o processo [contra Gröning] para difundir as suas opiniões", as quais ela reiterou em diversas ocasiões ao longo do julgamento. No entanto, Haverbeck só terá que cumprir um ano de cadeia: quatro meses da pena original foram cancelados devido à demora na análise do recurso, atribuída à pandemia e a ausências por razões médicas.

Cerca de 100 apoiadores da idosa compareceram no tribunal para acompanhar o julgamento e expressar o seu descontentamento com o processo. Uma das juízas lembrou à idosa, que se diz perseguida por dizer a verdade, que ela não é vítima, e sim autora de um crime: "A senhora pôde envelhecer. Milhares de crianças de Auschwitz não puderam." De acordo com a legislação alemã, quem nega, endossa ou banaliza publicamente o Holocausto incorre num crime de incitação ao ódio, crime punível com penas que vão de multas a até cinco anos de detenção.

AFP

 

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Comunidade do Bangladesh alerta que ilegais em Portugal vão aumentar com novas regras


A população imigrante do Bangladesh em Portugal queixa-se de falta de apoio à comunidade e assume-se preocupada com as novas regras para as migrações. O líder da Comunidade do Bangladesh em Lisboa avisa que o número de ilegais no país vai aumentar com as novas regras para as migrações. Acusa as autoridades de ignorarem uma população com mais de 40 mil residentes e exposta a muitas situações de risco, de acordo com a Sic Notícias.

As filas preenchem as ruas do Martim Moniz, a freguesia mais multicultural do país, com 92 nacionalidades. A mesquita é, todos os dias, o ponto de encontro de 2 mil muçulmanos. Há muito que deixou de oferecer condições de segurança. “A mesquita não tem uma saída de emergência(...). Se houver algum problema, como um incêndio, ninguém consegue sair. É um grande perigo”, expõe Rana Taslim Uddin, líder da comunidade do Bangladesh.

Acusa as autoridades de ignorarem o problema há 14 anos e de sucessivas promessas falhadas para a construção de um novo lugar de culto. Queixa-se de falta de apoio a uma comunidade que, em Portugal, já soma quase 50 mil pessoas. Preocupado com as novas regras para as migrações, o líder da comunidade do Bangladesh avisa que o número de ilegais no país vai aumentar.

 “Estamos preocupados”, assume. “As pessoas migrantes que já estão cá, mas ainda não fizeram a manifestação de interesse na AIMA, para onde vão?”, questiona. “Não vão voltar, vão ficar aqui.” Segundo as novas regras, a manifestação de interesse é extinta e os imigrantes que querem trabalhar em Portugal têm de pedir nos consulados portugueses um visto de trabalho antes de entrarem no país.

De salientar que Rana Taslim Uddin foi notícia, no Polígrafo da SIC, quando surgiu nas redes sociais uma alegada tradução de um discurso seu, onde teria afirmado "que Alá poderá destruir a sociedade portuguesa: Aqueles que encontraram uma nova sociedade, aqueles que estão aqui hoje, o que é que fizeram por esta sociedade? Não o fiz pela sociedade. Fi-lo para fazer os do meu sangue felizes. Vou fazer o meu sangue feliz. Vou tornar esta sociedade numa realidade. E se as pessoas não estiverem felizes com isso, destruirei esta sociedade. Farei a nossa sociedade feliz."

O Polígrafo pediu uma tradução do texto inicial, que circulava na Internet e que "considera a firmação falsa e adianta uma tradução mais correcta: ""(...) aqueles que encontraram aqui uma sociedade nova, aqueles que estão aqui presentes hoje, perguntam-me o que eu fiz para a sociedade. Irmãos, fi-lo para fazer o meu Deus feliz, não para a sociedade. Se Deus ficar feliz, ele trará uma solução para a sociedade e conduzirá esta sociedade para o caminho certo. Se não ficar feliz, então destruirá esta sociedade."

No entanto, o texto que circula na Internet, refere que "aqueles que encontraram uma nova sociedade, aqueles que estão aqui hoje, o que é que fizeram por esta sociedade? Não o fiz pela sociedade. Fi-lo para fazer os do meu sangue felizes. Vou fazer o meu sangue feliz. Vou tornar esta sociedade numa realidade. E se as pessoas não estiverem felizes com isso, destruirei esta sociedade. Farei a nossa sociedade feliz."

Qual é a diferença entre os dois textos? Ambos ameaçam com a destruição da nossa sociedade…

Polémicas na Escola Portuguesa de Macau deixam pais apreensivos

 

As polémicas envolvendo a Escola Portuguesa de Macau (EPM) estão a deixar os pais apreensivos e com muitas dúvidas. O PONTO FINAL falou com seis encarregados de educação de jovens da instituição de ensino e a maioria confessa não entender as recentes decisões da direcção que levaram, por exemplo, à dispensa de cinco docentes. Há também quem compreenda as novas linhas de orientação, escreve o jornal Ponto Final, na sua edição de ontem.

A falta de esclarecimento público por parte da direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) face às recentes polémicas parece estar a deixar os pais de alunos da instituição inquietos. Ao PONTO FINAL, foram vários os encarregados de educação que confessaram não entender as recentes decisões que levaram, inclusivamente, à dispensa de docentes, adianta o jornal.

A situação começou no fim de Maio, quando a direcção da EPM anunciou a dispensa de cinco docentes que estavam com licença especial e ainda de uma psicóloga. A decisão foi explicada por Acácio de Brito, director da instituição desde Dezembro do ano passado, como sendo por motivos de gestão. Acácio de Brito assegurou depois que a EPM já tinha autorização da parte do Ministério da Educação de Portugal para contratar docentes em substituição daqueles que tinham sido dispensados. No entanto, o Governo português indicou à TDM Canal Macau que não foi dada autorização para a contratação de docentes para a EPM em substituição dos que foram afastados, de acordo com o Ponto Final.

A polémica adensou-se quando começou a circular a informação de que os professores que a direcção da EPM queria contratar para substituir os dispensados seriam amigos de Acácio de Brito e de Alexandre Leitão, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A denúncia foi feita pela secção de Macau do Partido Social Democrata (PSD). Jorge Neto Valente, presidente do Conselho de Administração da Fundação EPM, tinha anteriormente garantido que não seriam contratados amigos pessoais do director, refere o Ponto Final.
(Continua)

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Ministério da Educação recusa autorização para contratar novos professores para a Escola Portuguesa de Macau

 

O Ministério da Educação de Portugal desmentiu Acácio de Brito, director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), e esclareceu que não foi dada autorização para a contratação de docentes para a instituição em substituição dos que foram dispensados. Além disso, seis dos funcionários afastados recentemente pela EPM já apresentaram queixa à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de acordo com o jornal Ponto Final, que cita a TDM Canal Macau.

O Ministério da Educação português garantiu, à TDM Canal Macau, que não foi dada autorização para a contratação de docentes para a Escola Portuguesa de Macau (EPM). A informação contradiz o que tinha sido dito por Acácio de Brito, director da instituição, que tinha indicado que tinham sido contratados dez docentes em Portugal para substituir os que foram dispensados.

A 29 de Maio, o director da EPM, no cargo desde Dezembro, disse já ter contratado dez novos professores para o ano lectivo 2024/25, alguns dos quais vindos do exterior, com autorização da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

À Lusa, o Ministério da Educação já tinha dito que os professores dispensados pela direcção da EPM não seriam substituídos, devido à escassez de docentes em Portugal. Agora, as autoridades portuguesas esclarecem que os dez docentes que Acácio de Brito disse ter contratado para a EPM não têm autorização para seguir viagem para Macau.

“Até agora, não houve qualquer autorização para a substituição dos professores. Ou seja, esses dez não foram autorizados. Todos os docentes que forem despedidos pela escola não vão ter autorização de substituição”, declarou o Ministério da Educação de Portugal à TDM Canal Macau, ressalvando que, no caso de haver professores da EPM que, por vontade própria, peçam para voltar a Portugal, esses poderão ser substituídos.

A situação começou no fim de Maio, quando a direcção da EPM anunciou a dispensa de cinco docentes que estavam com licença especial e ainda de uma psicóloga. A decisão foi explicada por Acácio de Brito como sendo por motivos de gestão. Nenhum dos dispensados pretendia sair da instituição de ensino e, também segundo o Canal Macau, esses seis já apresentaram queixa contra a direcção da EPM junto da DSAL.

A DSAL já tinha avisado que a EPM deve dar prioridade aos trabalhadores locais. A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) também chegou a fazer uma inspecção à EPM, avisando que está atenta ao desenrolar da situação na instituição. A situação levou inclusivamente o Governo português a pedir esclarecimentos a Acácio de Brito. “O Ministério da Educação, Ciência e Inovação está a acompanhar a situação, tendo solicitado esclarecimentos ao director da Escola Portuguesa de Macau”, afirmou à Lusa, a 31 de Maio, o gabinete do ministro português, Fernando Alexandre. 

Recorde-se que o presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, Jorge Neto Valente, em declarações à TDM, no passado dia 10 de Junho, reagiu à polémica sobre a dispensa de 10 professores, um deles com 33 anos de docência em Macau, afirmando que "não haverá alterações às decisões que afirmou terem sido tomadas pelo director da escola, Acácio de Brito."

“Se um director de escola não pode seleccionar os professores que vêm para a escola, o que é que ele faz? Ele não tem de dar aulas, não está cá para dar aulas”, disse Neto Valente. “No caso actual, o director Acácio de Brito além da carreira docente que teve, e brilhante, é inspector de ensino. E, portanto, chegou à escola e começou a detectar um sem número de situações que importa corrigir. Isto não é para se fazer com alarme e circunstância pública, é para se fazer com toda a serenidade”, acrescentou Neto Valente.

O presidente da Fundação Escola Portuguesa de Macau "recusou ainda que haja movimentações do director do estabelecimento de ensino no sentido de perseguir eventuais opiniões divergentes", de acordo com a TDM. Esta é uma questão sensível na vaga de dispensas, dado que uma das pessoas que vai ser afastada era a representante dos professores juntos da direcção da escola. “Não estamos ali a perseguir ninguém e estamos a corrigir situações. Havia e há ainda muitas situações a corrigir e continuará a ser prosseguido esse procedimento, com serenidade”, indicou o presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau.

Neto Valente acusou ainda a anterior direcção da Escola Portuguesa de Macau, liderada por Manuel Machado - que esteve à frente da instituição durante dez anos, até finais de 2023 - de não ter a confiança da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). “Anteriormente, eu diria, que a Direcção dos Serviços teria perdido a confiança na escola, na direcção da escola, pela maneira como as coisas estavam a acontecer”, acusou. “Eu diria que estamos a reconstruir, e já se reconstruiu, um clima de abertura, transparência e de confiança, derivado das boas relações e bons contactos que existem [com DSEDJ]”, complementou 

Ex-combatentes da Guiné exigem devolução da nacionalidade portuguesa


A petição tem já mais de 1100 assinaturas e pretende fazer caminho até à Assembleia da República para que seja devolvida a cidadania portuguesa a ex-combatentes guineenses na guerra do Ultramar. Esta é uma velha pretensão dos veteranos das Forças Armadas que combateram na guerra e que não sendo de ascendência europeia ou goesa viram retirada a nacionalidade em junho de 1975,segundo o jornal Diário de Notícias.

No texto da petição - em que acusam Portugal de "não ser grato" pelo serviço ou pelo sangue que derramaram - recordam: "Nós, veteranos guineenses das Forças Armadas Portuguesas, vimos cair por Portugal camaradas e amigos, pais e irmãos. Nascemos e crescemos portugueses; éramos, desde 1961, cidadãos de pleno direito. Na hora de todas as decisões, quando Portugal precisou de nós, estivemos ao seu dispor. Somos o que resta desses quase 20 000 filhos da Guiné que não recusaram o que foi para nós um indeclinável dever de cidadania. Porque nascemos portugueses, servimos Portugal como Portugal nos pediu que o servíssemos. Fazê-lo foi a mais alta das honras." acresenta o ex-combatente.

Estes peticionários, que estão representados por Amadu Jao, presidente da Associação de Antigos Combatentes das Forças Armadas da Guiné-Bissau , afirmam que o acordo de Argel, de 1974, em que se assumia a responsabilidade pela sua sorte e direitos, foi contrariado em decreto lei de 1975, lavrado pelo socialista António Almeida Santos, em que lhes foi retirada

"Nunca antes Estado algum despojara tão grande proporção dos seus cidadãos do direito à cidadania, para tal invocando um critério estritamente racial - isto é, critério estritamente racista. Dos cerca de vinte e cinco milhões de portugueses que éramos em 1974, 60% foram súbita, involuntária e ilegalmente - ilegalmente porque em contravenção clara do direito internacional, da Carta das Nações Unidas e do ordenamento constitucional anterior ou posterior a 1976 - declarados não-portugueses", escrevem.

Denunciam ainda o sofrimento dos anos que se seguiram e em que dizem ter sido vistos como "traidores" pelas autoridades guineenses, tendo sofrido "ostracismo, perseguição e morte."

"Entre 700 e 5000 veteranos guineenses do exército português foram fuzilados, muitos com as suas famílias. Lisboa guardou silêncio quando em Cumeré, em Farim, em Mansoa, em Bafatá ou em Bissau foram metralhados e sepultados em vala comum os nossos camaradas, os nossos maridos, os nossos pais. Muitos de nós fugimos para o Senegal. Lá vegetámos durante anos."

Os ex-combatentes consideram que "nunca como antes Portugal abandonara os seus tão completamente", mas asseguram que 46 anos depois não procuram um ajuste de contas. Reivindicam, tão só, a nacionalidade.

"Além de profundamente imoral, é algo que pode ser resolvido e feita a reparação", afirma ao DN Rafael Pinto Borges, presidente da Nova Portugalidade, e um dos promotores da petição. Esta também é subscrita, entre outros, por Francisco Camacho, líder da JC, o antigo secretário de Estado Pedro Sampaio Nunes e dois deputados do Chega, Diogo Pacheco de Amorim e Rita Matias, conclui Amadu Jao.

in Diário de Notícias

Marcelo comenta declarações da mãe das gémeas: "Não ouvi. Não tenho nada a dizer"




O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou que em relação ao caso das gémeas, em que viu o seu nome, e o do filho, serem envolvidos, não tem nada a a dizer. "Até agora", reforçou, referiu o jornal online Notícias ao Minuto

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou, este domingo, sobre os desenvolvimentos mais recentes no caso das gémeas luso-brasileiras, que envolveu o seu nome, assim como arrastou o do seu filho, Nuno Rebelo de Sousa.

Em Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, Marcelo foi questionado sobre um despacho da juíza de instrução criminal Gabriela Assunção que, no documento enviado para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) sobre o processo das crianças, que foram tratadas no Hospital de Santa Maria, defendeu que Belém não teve um comportamento "neutro" - informação avançada pelo jornal Expresso.
"Sobre essa matéria já disse o que havia a dizer, remeti para a posição final do Supremo Tribunal de Justiça, que já foi há uma semana ou duas", referiu.

Recordando que a mãe das crianças, que receberam medicação no valor de quatro milhões de euros para o tratamento da Atrofia Muscular Espinhal, foi ouvida numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na sexta-feira, os jornalistas questionaram Marcelo sobre a situação. "Não ouvi, não", apressou a explicar, acrescentando: "Não tenho nada a dizer. Não houve matéria nenhuma que me levasse a ter de dizer mais alguma coisa". Mas entre a 'roda' dos microfones, Marcelo apontou que não tem nada a dizer, pelo menos, "até agora".

Caso gémeas. Mãe das gémeas nega autoria dos contactos políticos

"Vangloriei-me": Mãe das gémeas pede desculpa por ter mentido e nega conhecer Marcelo ou o filho
Confrontando sobre se esclarecimentos por parte do seu filho já tivessem sido feitos, a situação da CPI poderia ter sido evitada, Marcelo sublinhou que não comentava atividades relacionadas com o Parlamento, que é "livre". "Só disse uma coisa que me parecia importante: é que os cidadãos são todos iguais perante órgãos se soberania, lei e Constituição", afirmou.

Recorde-se que a mãe das crianças, Daniela Martins negou ter contactado com Nuno Rebelo de Sousa, filho de Marcelo Rebelo de Sousa, e disse nem sequer o conhecer. Admitiu, porém, ter conhecido a mulher, mas já depois de as gémeas terem recebido o medicamento Zolgensma, afirma o jornal Notícias ao Minuto.

"Afirmei que conhecia a nora do Sr. Presidente da República, mas, a verdade, é que só a conheci num evento de Natal em São Paulo, anos depois da medicação. Nunca conheci e nem me dirigi pessoalmente ao Sr. Dr. Presidente da República, ou seu filho, Sr. Dr. Nuno Rebelo de Sousa. Numa conversa, supostamente informal, me vangloriei. Afirmei ter havido uma rede de influências em que os médicos começaram a ter ordens de cima. Sobre isso, só posso pedir imensa desculpa. Fui parva, errei, porque disse algo que não era verdade por vaidade naquele momento, mas o contexto daquela gravação é importante", defendeu a mãe das jornais no início da audiência, que durou cerca de 5 horas.

Quem são os próximos a prestar declarações à CPI sobre as gémeas?

Constituída por 17 deputados, a comissão terá quatro meses para concluir o seu trabalho, tendo sido definido que as audições deverão acontecer pelo menos duas vezes por semana.
No âmbito deste processo, a CPI ainda aprovou os pedidos de depoimento do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa - que poderá depor por escrito -, do chefe da Casa Civil da Presidência da República, Fernando Frutuoso de Melo, e da assessora do chefe de Estado para os assuntos sociais, Maria João Ruela.

Entre outras, também foram aprovadas as audições da jornalista Sandra Felgueiras, da ex-ministra da Justiça Catarina Sarmento e Castro, da ex-secretária de Estado das Comunidades Portuguesas Berta Nunes e da ex-presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

O advogado da família e a presidente do Instituto dos Registos e Notariado, Filomena Rosa, também poderão ser ouvidos no âmbito do processo de naturalização das crianças.

Lacerda Sales foi o primeiro a ser ouvido no Parlamento e, numa declaração inicial, deu conta de que o relatório da IGAS "tem pontas soltas", com "várias contradições" que "colocam em causa as mais variadas conclusões. Considerando que é fundamentado com base em meros indícios e suposições", garantiu não poder "aceitar as conclusões" do documento.

Reiterou ainda que "não houve favorecimento destas crianças" e que "ninguém passou à frente de ninguém, pois não havia sequer lista de espera", salientando que "a administração dos medicamentos é sempre em função do critério clínico". "No meu gabinete não entrou nenhum ofício vindo do primeiro-ministro, do Presidente da República ou da ministra, nem de ninguém que pudesse hierarquicamente estar acima de mim", afirmou.


in "Notícias ao minuto"


Fraudes no reagrupamento familiar de imigrantes vão continuar

  Uma simulação de um pedido de reagrupamento familiar, numa família composta por residente em Portugal, mulher e filho menor, alvo do pedid...