O
Governo português pediu esclarecimentos ao director da Escola
Portuguesa de Macau (EPM), depois de vários professores da
instituição terem sido dispensados esta semana, disse fonte oficial
à Lusa. “O Ministério da Educação, Ciência e Inovação está
a acompanhar a situação, tendo solicitado esclarecimentos ao
director da Escola Portuguesa de Macau”, afirmou à Lusa o gabinete
do ministro Fernando Alexandre.
No
início da semana, a direcção da EPM comunicou a pelo menos seis
professores que não ia renovar o vínculo laboral com a instituição,
alegando motivos de gestão. No departamento de Português, três
professores viram esse elo terminado. São todos detentores de
bilhete de residente permanente e encontram-se no território ao
abrigo de uma licença especial de Portugal para Macau.
Uma
petição lançada pela comunidade escolar contra a saída de uma
dessas professoras, Alexandra Domingues, representante dos
professores junto da direcção da escola, contava esta semana com
perto de 900 assinaturas.
A
presidente do conselho regional da Ásia e da Oceânia das
Comunidades Portuguesas, Rita Santos, considerou “desumana a
atitude” da direcção de comunicar o fim do elo profissional
“apenas a 27 de Maio”, ou seja, a poucos meses do início do novo
ano lectivo, de acordo com a agência Lusa.
“Os
conselheiros estão ao lado dos professores despedidos e tudo farão
ao seu alcance para repor a justiça e continuar o seu trabalho na
Escola Portuguesa de Macau em prol do desenvolvimento educativo” de
Macau, escreveu Rita Santos, em comunicado divulgado nas redes
sociais.
O
director da EPM, no cargo desde Dezembro de 2023, recusou estar em
curso qualquer “processo de reestruturação”. Num ‘email’
enviado à Lusa, referiu que todos os anos “ocorrem situações de
saídas e entradas de novos docentes”.
“Reforço
que as licenças especiais são suscitadas pela direcção da escola
e pedidas em plataforma do ME [Ministério da Educação]. Processo
normal, que em casos, por vontade do docente, não pretende a
renovação da licença especial, em outros, por razões
gestionárias, a escola decide não suscitar essa renovação”,
escreveu.
A
própria Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento
da Juventude do governo de Macau (DSEDJ) esteve na Escola Portuguesa
de Macau para recordar à instituição que está obrigada a
respeitar as leis laborais. A explicação sobre a deslocação de
sexta-feira à EPM foi feita ontem, através de um comunicado, depois
de o Governo ter sido questionado por vários órgãos e comunicação
social sobre o assunto.”
No
mesmo comunicado, a DSEDJ adianta que vai acompanhar a situação e
garantiu que o novo pessoal docente só será autorizado, no caso de
haver efectivamente necessidade. “A DSEDJ continuará a prestar
atenção ao desenvolvimento curricular da escola e à afectação
dos professores”, foi apontado, para depois ser indicado que só
haverá autorização para contratar novos professores face à “prova
das habilitações académicas”, assim como à “efectiva
necessidade das contratações face ao número de aulas”.
O
presidente da Fundação Escola Portuguesa de Macau, o advogado Neto
Valente, em declarações à televisão local (TDM) disse que “não
é com abaixo-assinados, com petições e com barulho que se vai
resolver o problema da escola”.
“No
caso actual, o director Acácio de Brito além da carreira docente
que teve, e brilhante, é inspector de ensino. E, portanto, chegou à
escola e começou a detectar um sem número de situações que
importa corrigir. Isto não é para se fazer com alarme e
circunstância pública, é para se fazer com toda a serenidade”,
acrescentou Neto Valente. O advogado e presidente da Fundação
Escola Portuguesa de Macau acusou ainda a anterior direcção da
Escola Portuguesa de Macau, liderada por Manuel Machado, de não ter
a confiança da Direcção dos Serviços de Educação e de
Desenvolvimento da Juventude.
“Eu
diria que estamos a reconstruir, e já se reconstruiu, um clima de
abertura, transparência e de confiança, derivado das boas relações
e bons contactos que existem [com DSEDJ]”, concluiu Neto Valente.
Sociedade (Paulo Reis)