sexta-feira, 7 de junho de 2024

Geração de génios

 

No último ano lectivo, de acordo com o semanário Expresso, que cita dados da Direcção-Geral das Estatísticas de Educação e Ciência “em 37 escolas privadas um terço dos alunos teve nota final entre 19 e 20 valores a todas as disciplinas”.

Em 480 estabelecimentos de ensino públicos, de acordo com a mesma fonte, apenas cinco entram na categoria de "escolas com 'classificações internas' muito elevadas" e, nestas, a percentagem de alunos que têm entre 19 e 20 valores a todas as disciplinas ronda os 20 a 25 por cento.

Em sete anos de liceu, como se chamava o ensino secundário, quando eu era adolescente, lembro-me de um colega que tirava, sistematicamente, 18 valores a Matemática. Não me lembro de nenhum colega, quer da minha turma, quer de outras turmas, que andasse tranquilamente pelos 19 e 20 valores, como indicam os dados da Direcção-Geral das Estatísticas de Educação e Ciência.

Obter notas, em todas as disciplinas, iguais ou acima de 14 valores, dava direito àquilo que se chamava o “Quadro de Honra”, devidamente salientado, nas pautas de resultados trimestrais, com tinta vermelha.

Lembro-me de um professor de Latim, disciplina onde eu andava pelos 15, 16 valores, me ter dito uma vez que só daria uma nota de 20 valores a um aluno que lhe ensinasse alguma coisa.

Entretanto, a DGEEC está a “identificar as escolas onde as médias finais a pelo menos uma disciplina são de 19 ou 20 valores, percebendo se é uma situação pontual ou repetida ao longo do tempo”, escreve o Expresso.

Das duas, uma: ou os professores facilitam, de facto, e sobem um “bocadinho” as notas, acima daquilo que os alunos realmente merecem ou temos na calha uma geração de génios.

Opinião (Paulo Reis)

 

 

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