domingo, 2 de junho de 2024

Direita quer mudar maiorias no Parlamento Europeu

 

O resultado de décadas de políticas complacentes em relação à emigração vão ser visíveis, nestas próximas eleições europeias. Os partidos de esquerda e centro-esquerda defenderam, durante anos, uma política de migração baseada em boas intenções, com as portas abertas à entrada de refugiados de países cuja cultura os impede de se integrarem nos valores que são comuns à Europa. Nessa atitude complacente, o maior crime que se podia cometer era levantar a hipótese de a emigração estar ligada a uma taxa de crime crescente. Isso bastava para que qualquer conservador fosse imediatamente classificado como xenófobo e fascista.

A esquerda não contou, porém, com um pormenor: a realidade era algo incontornável e lá se caiu na história do elefante no meio da sala - elefante que todos sabem que lá está mas toda a gente faz de conta que não o vê. E foi assim que caímos em situações surrealistas como a inserção de educação sexual nos cursos de língua dinamarquesa que os migrantes frequentavam, em 2015.  
 


Entre 2013 e 2014, 34,5% de todos os indivíduos condenados por violação eram imigrantes ou descendentes, apesar de esses grupos representarem apenas cerca de 12% da população total da Dinamarca. Os defensores desta estratégia argumentavam com os bons resultados obtidos pela Noruega, onde foram estabelecidas programas de ensino para que os migrantes soubessem que o facto de uma mulher vestir uma saia curta não significa que seja uma prostituta e possa ser violada sem problemas.
 

Os apoiantes destas propostas apontam para o êxito de um programa semelhante na Noruega, onde os residentes de centros de asilo recebem um curso voluntário de cinco horas destinado à prevenção de agressões sexuais. A aula ensina aos requerentes de asilo e refugiados que quando as mulheres beber álcool ou vestem roupas reveladoras, numa discoteca, não é um convite ao sexo.
 
Linda Hagen, responsável pela gestão de 34 centros de asilo para os refugiados noruegueses de refugiados - Hero Norge - afirmou ao jornal dinamarquês The Local que a decisão de introduzir as aulas especiais sobre sexo surgiu depois de se terem verificados uma série de crimes sexuais cometido por refugiados.
Hagen explicou que os homens de países sexualmente conservadores muitas vezes têm dificuldade em entender como interpretar o comportamento de jovens mulheres escandinavas. Mas mesmo com essa crua demonstração da realidade, a postura dos esquerdistas e adeptos das "portas abertas" para a emigração tende a desculpar esse tipo de comportamento.

Na Alemanha, em 2020, num episódio que encheu as páginas dos jornais, dez homens, a maioria refugiados sírios, foram considerados culpados pela violação colectiva de uma jovem de 18 anos, durante mais de duas horas, à saída em clube noturno, na cidade de Freiburg. As sentenças foram leves: o principal acusado foi condenado a cinco anos e meio de prisão, enquanto sete outros foram sentenciados a quatros anos. Dois dos violadores foram condenados a penas de prisão suspensa, por não terem prestado auxílio à jovem. Um deles foi absolvido. Oito dos de homens em julgamento eram refugiados da Síria, enquanto os restantes eram provenientes do Iraque, Afeganistão e Alemanha.

Não obstante a violência deste tipo de actos, a responsável pelos centros de abrigo para refugiados, Linda Hagen, tentou desculpar a violação, fazendo apelo ao problema das diferenças culturais: “É difícil se uma pessoa vem de um país onde as mulheres nunca saem”, disse. “Quando se vê uma jovem com uma saia curta, a dançar numa festa, à noite, que tipo de mensagem é que isso transmite?" afirmou ao jornal The Local, culpabilizando indirectamente o comportamento da jovem pela violação.

Na Alemanha, um relatório policial de 2019 sobre "Crime no contexto da imigração" mostrou um aumento de 102% no número de alemães que foram vítimas de um crime cometidos por imigrantes. Na categoria "Crimes contra a vida" houve 230 casos em que a vítima era alemã e o suspeito pertencente a um grupo de imigrantes.

A tentativa das forças de esquerda em desculpabilizarem uma realidade indesmentível alimentou o crescimento da extrema-direita, por toda a Europa. Os resultados desta atitude complacente vão ser agora visíveis, numa eleições europeias em que as sondagens apontam para o sucesso desses partidos. São partidos considerados de direita radical, extrema-direita ou nacionalistas conservadores, com discursos frequentemente qualificados pelos adversários como xenófobos e antieuropeístas, focados na imigração e no controlo de fronteiras, entre outros temas. 

A realidade é que se tornou um crime, nos últimos anos, protestar contra o crime a a violência sexual praticadas por migrantes. É o tal elefante que teima em continuar na sala de estar dos esquerdistas, algo que não é aceitável pelo cidadão comum. 

Migração e Crime / Paulo Reis

José Vegar - Inteligência Artificial: O Poder de Fazer Acontecer

A singularidade e a exclusão que a IA desencadeia

A evolução permanente e acelerada da IA irá interferir e mudar quase todas as dimensões da vida humana. No entanto, apesar de tomados por esta vertigem, de modo voluntário ou forçado, não devemos esquecer, de modo algum, que, enquanto a todo o segundo cativam para si vastos segmentos de utilizadores, os processos e produtos de IA são agentes de algumas exclusões fundamentais.

"(...) No campo vastíssimo da partilha de dados e de informação, privada e pública, o momento contemporâneo está ainda centrado na competição feroz entre entidades de legado, como são os departamentos dos governos e os media tradicionais, entre outros, e os chamados criadores digitais, que ocupam as diversas plataformas existentes e cujos conteúdos, na sua esmagadora maioria, estão libertos dos modos tradicionais de validação de factos e dados (...)

"(...) Ainda recentemente, a 4 de maio deste ano, o Economist concentrava-se no flagelo da "desinformação", revelando as novas metodologias para a sua execução, que passam pela criação de todas as tipologias de plataformas digitais e pela colocação nestas de informação cuidadosamente editada, ocultando assim a sua total falta de factualidade, com o objetivo de influenciar o contingente de visualizadores."(...)

(uma leitura que se recomenda vivamente...)

Citação / José Vegar

 

Cineasta guineense defende ensino da língua portuguesa como “reparação” colonial"

 

Portugal devia enviar professores como reparação da colonização, disse à agência Lusa o realizador guineense Sana Na N'hada, alertando para o facto de a língua portuguesa estar “a desaparecer na Guiné”. “Eu acho que o que Portugal podia fazer bem, se quisesse pagar, era melhorar a estrutura que há no país. Mandava professores portugueses para nos ensinar o português correto“, como defendeu o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, sobre as consequências do colonialismo, acrescentou.

Sana Na N’hada, que veio a Portugal apresentar o seu último filme, e quarto da sua filmografia, confessa que ele próprio aproveitaria a presença dos professores. “Eu não falo bem o português. Eu queria aprender o português”, salientou e, fazendo o diagnóstico do atual estado da língua portuguesa no seu país, conclui que “a língua portuguesa está a desaparecer na Guiné-Bissau“.

O envio dos professores “era bom para a Guiné-Bissau e para Portugal também. Isso era uma reparação”, reiterou.

Quanto ao estado do cinema na Guiné-Bissau, Sana Na N’hada considerou que está tudo por fazer. “Infelizmente não há definição, ninguém fez nada para ter uma política de cinema na Guiné-Bissau, para além de surgimento do Instituto Nacional de Cinema, em 1978 nunca mais houve nada”, lamentou.

A alternativa são as coproduções e Sana Na N’hada nomeia ainda os realizadores guineenses Flora Gomes e Suleimane Biai como, consigo, os únicos que procuram fazer algo pelo cinema guineense. “Somos três pessoas que não fazem outra coisa senão cinema, mas isso leva tempo”, acrescentou.

“Nome”, coprodução portuguesa que junta LuÍs Correia e a Lx Filmes (Portugal), a Spectre Productions (Franc¸a), a Geba Films (Guiné-Bissau), a Geração 80 (Angola) e a The Dark (Franc¸a), foi apresentado em antestreia em Portugal no passado dia 27 no Indie Lisboa e entra ainda este ano no circuito comercial.

 Reparações coloniais / Paulo Reis

 

Os muçulmanos britânicos estão a tornar-se uma nação dentro de uma Nação

Trevor Phillips, ex. presidente da Comissão da Igualdade e dos Direitos Humanos

David Barrett
11 April 2016
The Telegraph

Numa entrevista que aqui reproduzimos, Sir Trevor Phihllips defende o estabelecimento de quotas étnicas nas escolas e nos bairros de habitação social. A razão? "Corremos o risco de sacrificar uma geração de jovens britânicos a valores que são contrários às crenças da maioria de nós, incluindo muitos muçulmanos." afirmou. "Na minha opinião, temos de adotar uma abordagem muito mais musculada da integração do que nunca, substituindo a política fracassada de multiculturalismo”, advertiu, num entrevista ao jornal The Telegraph.

Os muçulmanos britânicos estão a tornar-se uma nação dentro de uma nação, advertiu o antigo presidente da Comissão da Igualdade e dos Direitos Humanos, numa entrevista ao jornal The Telegraph. Comentando uma sondagem recente, Trevor Phillips disse que os ingleses correm o risco o “perigo de sacrificar uma geração de jovens britânicos a valores que são antitéticos em relação às crenças da maioria de nós, incluindo muitos muçulmanos”.

Sir Tevor pediu uma nova e mais dura abordagem à integração e o abandono da “política fracassada do multiculturalismo”. A sondagem chegou a uma conclusão “verdadeiramente assustadora” de que “os muçulmanos têm opiniões separadas sobre como querem viver na Grã-Bretanha e são muito mais propensos a apoiar o terrorismo do que aqueles que não o fazem”, acrescentou o ex- presidente da Comissão da Igualdade e dos Direitos Humanos.

Os comentários de Sir Trevor Phillips surgiram ao mesmo tempo que uma pesquisa da ICM para o Canal 4, que abrangeu cerca de 1.000 muçulmanos revelou resultados preocupantes:

- Um em cada 25 muçulmanos (quatro por cento) disse que sentiu pelo menos alguma compaixão pelas pessoas que participaram nos atentados suicidas, enquanto uma proporção semelhante disse que tinha alguma simpatia por “pessoas que cometem atos terroristas como uma forma de protesto político”;
- Um quarto – 25 por cento – disseram que poderiam entender por que raparigas da escola britânica podiam ser atraídas para se tornarem “noivas jihadistas” no exterior;
- Menos da metade (47%) concordou que os muçulmanos deveriam fazer mais para combater as causas do extremismo na comunidade muçulmana;
- 52% acreditam que a homossexualidade não deve ser legal na Grã-Bretanha, 39% concordam que “as esposas devem obedecer sempre aos seus maridos”, e 31% dizem que é aceitável que um homem tenha mais de uma esposa.

Mas a pesquisa também descobriu que uma grande maioria dos muçulmanos britânicos – 86 por cento – sentem um forte senso de pertença à Grã-Bretanha, em comparação com uma média nacional de 83 por cento, e que entre os muçulmanos, 91 por cento sentem uma forte sensação de pertença à sua área local – outra vez, uma percentagem maior do que a média nacional, de 76 por cento.

Trevor Phillips, que analisou os resultados das sondagens para o Canal 4, apelou a novas abordagens, incluindo a limitação da presença de qualquer grupo étnico em escolas num máximo de 50%. A composição étnica dos bairros de habitação social deve ser controlada para evitar que se tornem "guetos", acrescentou o ex-presidente da
Comissão da Igualdade e dos Direitos Humanos.

Em declarações ao jornal Daily Mail, Trevor Phillips salientou acusou o facto de que “nós ‘entendemos’ muito, e desafiamos muito pouco – e, ao fazê-lo, corremos o risco de sacrificar uma geração de jovens britânicos a valores que são contrários às crenças da maioria de nós, incluindo muitos muçulmanos. Na minha opinião, temos de adotar uma abordagem muito mais musculada da integração do que nunca, substituindo a política fracassada de multiculturalismo", acrescentou.

O Canal 4 alegou que a sondagem era mais “rigorosa” do que pesquisas anteriores sobre atitudes dos muçulmanos, porque as entrevistas foram realizadas pessoalmente em vez de ser telefonicamente e os entrevistados eram autorizados a segurar cartões para indicar as suas opiniões, ao invés de ter que exprimir as respostas oralmente, no caso de acharem as perguntas embaraçosas ou difíceis.
“Olhando mais de perto para estes resultados, também revela diferenças significativas em atitudes em relação à violência e ao terrorismo”, disse um porta-voz do Canal 4 ao The Telegraph.

Sociedade e Religião / Paulo Reis


sábado, 1 de junho de 2024

Antissemitismo está de volta mas os judeus não são seres humanos

 

"(...) Vários estudos têm mostrado um aumento muito alarmante de ataques ou incidentes antissemitas na Europa e nos Estados Unidos. Alguns falamde aumentos de mais de 300% apenas nas semanas que se seguiram ao 7 de outubro. Investigadores do fenómeno reconhecem que o momento é de grande preocupação, mas chamam a atenção para as confusões entre críticas legítimas ao Governo israelita e crimes de ódio. A constante simplificação do conteúdo que consumimos nas redes sociais é apontada como a principal força motriz do ódio, contra judeus ou contra qualquer outra minoria

A constante simplificação do conteúdo que consumimos nas redes sociais é apontada como a principal força motriz do ódio, contra judeus ou contra qualquer outra minoria

Só nos Estados Unidos, entre 7 de outubro de 2023 e 7 de janeiro de 2024, os ataques antissemitas subiram 360% em relação ao que tinha sido registado nos mesmo período no ano anterior. Em Londres, os ataques a judeus, edifícios ligados à prática do judaísmo ou instituições de ensino judaicas aumentaram 17 vezes (...)" 

Expresso

Ana França (27 de Maio de 2024)

PS - Este artigo está correcto, de facto, mas desactualizado. Em Portugal, já em 1988 a única revista islâmica portuguesa, a Al-Furqán, publicava um artigo afirmando que "os judeus propriamente ditos não são seres humanos." No mesmo artigo, fazia-se um rasgado elogio a Hitler: “Os judeus são inimigos de todos aqueles que não o são, e procuram fazer-lhes todo o mal possível. Talvez tenha sido por isso que Hitler quis aniquilar este maldito povo”. Como pormenor curioso, o autor do artigo era o xeque Aminuddin Mohamad, na altura conselheiro espiritual da Comunidade Islâmica de Lisboa.

 

Extremismo Religioso / Paulo Reis (c/Expresso)

Crime na Suécia - O elefante na sala


Apontada como um exemplo de integração de imigrantes e um dos países mais seguros do mundo, a Suécia transformou-se, nos últimos anos, num país que encabeça as estatísticas de crime. Em matéria de homicídios com armas de fogo, apenas é superada pela Croácia. A violação aumentou exponencialmente. Uma realidade que muito insistem ser apenas uma percepção de insegurança, não conformada pelas estísticas. Sondagens e trabalhos de investigação de jornalistas suecos trouxeram à luz do dia uma perspectiva diferente. Em matéria de crrimes sexuais, por exemplo, imigrantes de países do Médio Oriente surgem nas estatísticas com percentagens muito superiores daquelas que eram esperadas, atndendo ao facto de esses imigrantes serem uma minoria, em termos percentuais, em relação ao total da população sueca.

Em 1994, dos 314 homens detidos por violação, na Suécia, 79% nasceram na Europa, 21% nasceram fora da Europa e 50% eram estrangeiros, de acordo com a "Wikipedia". Em 2018, um programa de jornalismo investigativo da televisão sueca Uppdrag Granskning analisou o total de 843 processos judiciais dos cinco anos anteriores e descobriu que 58% de todos os condenados por violação e tentativa de estupro tinham origem estrangeira: 40% eram imigrantes nascidos no Médio Oriente e em África, com 45 jovens originais do Afeganistão a destacar-se como sendo o segundo país de nascimento mais comum dos autores de crimes sexuais, depois dos suecos.

Ao analisar apenas os casos de agressão por violação (sueco: överfallsvåldtäkt), ou seja, casos em que o perpetrador e a vítima não se conheciam anteriormente, 97 de 129 (75%) nasceram fora da Europa, com 40 por cento destes tendo estado na Suécia durante um ano ou menos.

Valores diferentes

Um  programa de investigação transmitido pelo canal de televisão SVT, adiantou que o número total de infractores, ao longo dos últimos cinco anos, foi de 843. Destes, 197 eram do Médio Oriente e do Norte de África, sendo 45 provenientes do Afeganistão e 134 da África Austral. “Deixamos muito claro no programa que uma pequena percentagem de pessoas vindas do estrangeiro são condenadas por violação”, disse o editor-chefe Ulf Johansson à BBC News.

O ex-policial Mustafa Panshiri, nascido no Afeganistão, salientou que os imigrantes afegãos trazem consigo atitudes em relação às mulheres e à sexualidade que colidem com os valores suecos relativos à igualdade. Os jornalistas de investigação da televisão sueca descobriram que, nos casos em que as vítimas não conheciam os agressores, a proporção de agressores sexuais nascidos no estrangeiro era superior a 80%. Em 2021, um estudo concluiu que dos 3.039 infractores com idades entre 15 e 60 anos condenados por violação, com mais de 18 anos de idade, no período de 2000 a 2015, 59,2% tinham origem imigrante e 47,7% nasceram fora da Suécia.

Portugueses contra imigração

Em Portugal, a maioria dos pequenos partidos defende o controlo da imigração. Os pequenos partidos que concorrem às eleições europeias defendem um maior controlo da imigração para a Europa, o combate às redes de tráfico humano e mais apoios a quem chega ao espaço da União Europeia (UE). Num debate televisivo em que a RTP juntou, recentemente, os nove partidos sem assento parlamentar, Rui Fonseca e Costa, do Ergue-te, foi a voz mais dissonante sobre o tema, considerando que "Portugal não precisa da maioria dos imigrantes extra-europeus que se encontram no país, incluindo os oriundos dos PALOP".

"Estão a ocupar os nossos empregos e as nossas casa", disse o candidato, defendendo a necessidade do país "promover a matriz cristã ocidental e apostar em políticas de natalidade e a fertilidade, para que os portugueses aumentem".

Pedro Ladeira, do Nós Cidadãos, considerou "inegável que a Europa precisa de imigrantes", e entende que devem "ser promovidas campanhas orientadas para uma imigração oriunda de países falem a mesma língua e tenham uma matriz judaico cristã.

Os muçulmanos vão tomar conta da Europa".

A Nova Direita e o ADN defenderam a importância do controlo da imigração e do combate às redes de imigração ilegal. Joana Amaral Dias, cabeça de lista do ADN, classificou as máfias da imigração, grupo no qual incluiu algumas Organizações Não Governamentais, "como lobos com pele de cordeiro", enquanto Ossanda Líber, da Nova Direita afirmou que a mensagem que está a ser passada é a de que "todos podem vir, porque não há controlo". Duarte Costa, do Volt, considerou essencial "combater a narrativa anti-imigração que prejudica as empresas, e criar soluções administrativas que respondam aos anseios dos imigrantes". Pelo RIR, a cabeça de lista Márcia Henriques, considerou que a legislação existente fosse aplicada a imigração não seria um problema em Portugal". "As regras existem, são é mal aplicadas, e o problema da imigração é a AIMA (Agência para a Integração Migrações e Asilo". O cabeça de lista do PTP, José Manuel Coelho afirmou que "o que faz afluir os imigrantes à Europa são a moeda e a qualidade de vida", acrescentando: "Isso acontece porque os países africanos são roubados pelas grandes empresas da UE e ficam pobres".

O maior número de refugiados por milhão de habitantes

Com base em 33 por cento da população (2017), 58 por cento dos suspeitos do total de crimes são migrantes. Em relação a homicídios, homicídio agravado e a tentativa de homicídio, os números são de 73 por cento, enquanto a proporção de roubos é de 70 por cento. As pessoas nascidas na Síria constituíam o maior grupo da população estrangeira da Suécia em 2023. Quase 200.000 pessoas nascidas na Síria viviam na Suécia em 2023. Os iraquianos constituíam o segundo maior grupo de cidadãos nascidos no estrangeiro, seguidos pelo país vizinho da Suécia, a Finlândia .

A categoria de crime mais comum entre os crimes ligados a um suspeito em 2023 foram os crimes contra as pessoas, que constituíram 26 por cento do total. Outros crimes comuns foram a Lei dos Crimes contra os Estupefacientes (20%), Furtos e Roubos (10%) e a Lei dos Crimes contra as Infracções de Trânsito Rodoviário (9%). A categoria de crime mais comum entre os crimes processados ligados a um suspeito em 2023 foram os crimes contra as pessoas, que constituíram 26 por cento do total.

A Suécia tem a maior percentagem de imigração de refugiados por milhão de habitantes na Europa. O número de requerentes de asilo que chegam à Suécia aumentou a partir de 2014. Um total de 81.300 solicitaram asilo em 2014, o que representou um aumento de 50% em comparação com 2013. A Alemanha relatou o maior número total de imigrantes (2,1 milhões) em 2022, seguida pela Espanha (1,3 milhões), França (0,4 milhões) e Itália (0,4 milhões). Estocolmo é a maior cidade e também a capital da Suécia. Acontece que é também o maior aglomerado de imigrantes na Suécia, contendo cerca de 63 por cento do total de imigrantes no país.

Mesmo os que se auto-classificam como pertencentes à esquerda do espectro político, 1/3 apoia a suspensão da imigração. De acordo com uma sondagem Yougov em 2018, a maioria dos habitantes de sete países europeus inquiridos opôs-se a aceitar mais migrantes: Alemanha (72%), Dinamarca (65%), Finlândia (64%), Suécia (60%), Reino Unido (58% ), França (58%) e Noruega (52%).

“Campeões” da taxa de homicídios

Em 2021, descobriu-se que a Suécia tinha a segunda maior taxa de homicídios com armas de fogo (depois da Croácia) entre os 22 países europeus pesquisados. A taxa de mortalidade por crimes com armas de fogo na Suécia é agora a mais alta da União Europeia. Cerca de 62 mil pessoas estão ligadas a redes criminosas no país, diz a polícia. A maior parte da violência é resultado de guerras de gangues, com cada vez mais grupos competindo por território e pelo lucrativo comércio de narcóticos.

As pessoas nascidas na Síria constituíam o maior grupo da população estrangeira da Suécia em 2023. Quase 200.000 pessoas provenientes da Síria viviam na Suécia em 2023. Os iraquianos constituíam o segundo maior grupo de cidadãos nascidos no estrangeiro, seguidos pelo país vizinho da Suécia, a Finlândia.

A maior parte do aumento está relacionada com a violência de gangues em áreas vulneráveis na Suécia, que são áreas com taxas de criminalidade mais elevadas, baixos rendimentos e educação, e uma grande população imigrante. Um total de 85 por cento da população da Suécia (com idades compreendidas entre os 16 e os 84 anos) acredita que o número de crimes na Suécia aumentou nos últimos três anos. Este é um aumento verificado desde 2022, quando a proporção era de 80 por cento. Foi possível observar uma diminuição entre 2007 e 2014, mas com algumas variações anuais.

A guerra mortal de gangues na Suécia

Num parque de estacionamento num subúrbio da Suécia, Adam revela quanto dinheiro pode ser ganho disparando sobre alguém, numa entrevista à Sky News. “Se você disparar para a perna de alguém, receberá 50 mil coroas (3.700 libras)”, diz ele. "Antes, se você fosse matar alguém, ganhava um milhão de coroas (76 mil libras) - mas agora os preços são tão baixos que toda a gente mata." Um jovem com pouco mais de 20 anos, Adam faz parte de uma gangue desde os nove anos.

Cobre o rosto para proteger a sua identidade - deixando apenas os olhos à mostra - e dá respostas concisas às perguntas que lhe fazem. “Não estou preocupado com a minha própria segurança, porque eliminei quase toda a gente”, afirma. Admite que cometeu uma série de crimes e esteve na prisão várias vezes.

“Já vi muita merda acontecer”, diz Adam, residente na cidade de Uppsala. "Já vi pessoas a levarem tiros. Já vi pessoas morrerem, pessoas que foram feridas, mães a chorar, desesperadas. Já vi quase tudo, mas não há nada que se possa fazer a respeito disso." Adam faz parte de uma onda de violência de gangues que chocou a sociedade sueca e transformou o país com reputação de nação segura e pacífica num foco de homicídios.

Dois “coelhos” para um “trabalho”

A taxa de mortalidade por crimes com armas de fogo na Suécia é agora a mais alta da União Europeia. Cerca de 62 mil pessoas estão ligadas a redes criminosas no país, diz a polícia. A maior parte da violência resulta da guerra de gangues, com cada vez mais grupos a competirem por território e pelo lucrativo comércio de narcóticos. Para gangsters como Adam, isto representa uma oportunidade de negócio. Estima que ganhou dois “coelhos” (gíria para um milhão de coroas suecas) por aceitar determinados trabalhos. Isso equivale a cerca de 150.000 libras – mas essas recompensas financeiras trazem riscos.

Uma semana antes, diz, um gangue rival veio atrás dele, mas os supostos assassinos não foram muito longe. “Os outros rapazes estavam lá e apanharam-nos”, diz Adam. "Eu sei quem está por trás disso, mas eles acabaram. Eles não estão mais aqui.” Adam resignou-se a uma vida de crime, refere a reportagem da Sky News. Os laços que forjou com os seus companheiros de gangue são demasiado fortes. “Eu, pessoalmente, nunca irei embora”, diz. “Não me vejo a fazer parte de um gangue, vejo como se estivesse numa família.”

Uma resposta mais dura.

“Pela quantia certa de dinheiro eles estão dispostos a arriscar uma sentença de prisão perpétua”, diz Adam. O governo de centro-direita da Suécia anunciou recentemente a primeira estratégia nacional do país para combater o crime organizado – uma série de propostas destinadas a esmagar os gangues. Já está a ser discutida uma legislação que permitirá a prisão de adolescentes a partir dos 15 anos.

Em 2022, quase metade dos suspeitos de homicídios relacionados com armas de fogo tinham entre 15 e 20 anos. “As pessoas aqui não se importam com a punição. Pela quantia certa de dinheiro, estão dispostas a arriscar uma sentença de prisão perpétua”, diz. Adam dá de ombros antes de ir embora. A avaliação sombria do jovem é apoiada pelas estatísticas. Em 2021, 363 tiroteios registados causaram 53 mortes em toda a Suécia, segundo a polícia. Em 2022, a taxa de homicídios com armas de fogo em Estocolmo era cerca de 25 vezes maior do que em Londres. Os gangues suecos querem matar – e não lhes faltam armas.

 Emigração e Crime / Paulo Reis

O crioulo como língua oficial?

  

O site Buala é um site muitointeressante, com uma qualidade fora de série, dedicado às questões e problemas das comunidades africanas residentes em Portugal e não só. Merece uma leitura atenta aos inúmeros artigos que analisam uma realidade social, cultural e política bem presente no nosso país. Mas também não foge às polémica e controvérsias, próprias de um inter-relacionamento entre comunidades distintas, do ponto de vista social, cultural e políticas. Reproduzimos aqui um dos textos publicados no "Buala", onde se levantam questões polémicas mas sigificantes, nos dias de hoje.

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Reparações? As omissões, os portões trancados da revolução e a petrificação dos cravos

Apolo de Carvalho

Se é facto que “Abril abriu novas portas”, por onde muitos adentraram, é válido então perguntar: quem são esses que ainda se encontram à entrada, barrados e sistematicamente controlados? A quem se destinam de facto, as tão celebradas “promessas de Abril”?

Se é mesmo verdade que “Abril abriu novas portas”, interessa saber se terá igualmente fechado as suas portas velhas. As velhas e mórbidas, as portas do império, do colonialismo, do lusotropicalismo, do fascismo e do racismo. Quandoouço “25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!” olho consternadopara as bancadas da Assembleia da República. 50 anos de Abril, 50deputados racistas e fascistas sentados à mesa, na casa do povo quemais ordena.

É verdade que Abril chegou, mas carregando todo um conjunto de heranças de um Portugal que quis (e quer) ser grande à custa de vidas outras. Um Portugal que ainda sonha com tempos de outrora quando ditava as regras em territórios alheios, dizendo quem podia ser, existir, estar, pertencer.

Pedras para reabilitar ridículas estruturas coloniais

Um Portugal que continua a manter parte da sua população nas penumbras da história, confinados, restringidos a uma vida indigna e injusta. Um Portugal que renega os seus próprios nacionais a não ser que tenham qualidades excepcionais e saibam manter uma performance de excelência. Sobre isto, e faço aqui um parênteses, o futebol ensina muita coisa, na medida em que nos faculta genuínos retratos sociais, revelando de forma crua, a hipocrisia deste país. Vem-me à mente o nome de Éder.

O Portugal que antes dizia: “Nem mais um soldado para as colónias”, é o mesmo que hoje reclama pedras e mais pedras para reabilitar ridículas estruturas coloniais. O jardim da Praça do Império foi reabilitado praticamente às vésperas das comemorações dos 50 anos da “revolução”. Este Portugal que todos os anos, no 25 de Abril, exibe cravos na lapela, é o mesmo onde o hino e a bandeira nacionais são mantidos intactos e intocáveis pelos guardiões da memória quinhentista.

O Tarrafal, o campo da morte lenta

Não é irónico que um cidadão português, negro, que não se revê nesses símbolos nacionais, usufruindo da (suposta) liberdade de Abril, para tecer críticas seja judicialmente condenado a pagar uma multa ? Pois é. O artigo 332 do código civil diz o seguinte: “Quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido, é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias”.

Ora, também no tempo da PIDE, havia coisas assim, escritas na lei, que restringiam a liberdade e erigiam o cidadão “revoltoso” à condição de criminoso. O colono que não prestava juramento à bandeira portuguesa, era um traidor do Estado. Criticar o Estado colonial e fascista, levou muitos ao terrível campo de morte lenta, Tarrafal.

Este “Portugal dos Pequenitos” que fala de irmandade e de conexões lusófonas (uma caricatura da falhada solução federalista”) é o mesmo que se descreve a si mesmo nos manuais escolares como civilizador, e os outros como “coisas a civilizar”.

O crioulo como língua nacional

E o que dizer da marcha do 25 de Abril que tem início na Avenida da “Liberdade” onde repousa a estátua do grande patriarca Marquês de Pombal? O Tupi, uma das línguas do Brasil, foi arrasado pela política linguística pombalina. Faço mais um parênteses: A língua cabo-verdiana que, em tempos, sofreu ataques por parte do poder colonial, continua ainda relegada às margens, não obstante a sua pujança e vitalidade no tecido social português. Para quando o seu reconhecimento como língua nacional à semelhança do mirandês? Voltando ao Marquês de Pombal, o suposto “abolicionista” terá afinal exercido um “humanismo” bastante parcial e utilitarista, ao desviar o comércio escravocrata para o Brasil. No contexto dos 50 anos do 25 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa que, em Gorée, omitiu esse facto, voltou a falar da escravatura e da colonização, afirmando que Portugal tem o dever de pagar reparações.

As reparações não são mediáticas

As discussões sobre as reparações no mundo têm um longa história, e prática. Em Portugal, num período mais recente, foram levadas a cabo pela então deputada Joacine Katar Moreira à Assembleia da República Portuguesa, mas parece que só agora, devido às declarações de Marcelo, o país e todo o mundo (branco) tem algo a dizer. O que não deixa de ser irónico quando este mesmo Presidente associou a lentidão aos orientais. E, de repente, todos temem e se indignam, apressando-se a demonstrar o quão ridículo é falar hoje de reparações. Nada surpreendente para um país que se diz herói do mar e clama uma imortalidade imaginada a partir das invasões e dos massacres. Que este tipo de discussões estejam a acontecer no contexto do cinquentenário do fim da ditadura do Estado Novo (talvez seja o termo mais interessante que revolução), informa-nos muito sobre as continuidades coloniais que estão empenhadas nas instituições, é certo, mas também nas mentes e nos corações dos portugueses supostamente “de bem”.

O poder de exigir e de obter.

O debate das reparações é complexo. Longe de ser um mero tema mediático ou discurso político-académico, é (deveria ser) uma acção que envolve muita gente, lugares, contextos e temporalidades. Não se trata de uma agenda que “Portugal deve liderar”, como diz o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Existem várias dimensões, sobretudo geopolíticas que exigem dos “danados” uma agência e protagonismo inegociáveis. Por outras palavras, é preciso poder. O poder de exigir e de obter. Fora disto estaremos apenas a “apelar, ingenuamente, ao coração dos opressores”. No início deste ano, realizou-se uma conferência no Porto sobre a questão das reparações. Do encontro, resultou um documento intitulado “Declaração do Porto: Reparar o Irreparável” com 20 propostas concretas que resumem reivindicações de longa data dos movimentos e pessoas negras em Portugal. São pautas que muita gente terá considerado mirabolantes, descabidas, irrealizáveis. Para quem os colocou em papel, manifestam pelo contrário, o poder de reivindicar sem fazer concessão. O mesmo poder que tem colocado movimentos sociais como Vida Justa nas ruas, exigindo melhores condições de vida mormente em termos de salário, habitação e saúde, para as pessoas dos bairros precarizados.

Uma sociedade cínica que mente a si própria.

Reparar passa por colocar no topo da agenda política as exigências deste tipo de organizações de base. Reparar passa também por dar um rosto mais de abril aos espaços públicos na medida em que, neste Portugal da mitomania, em que a negação é política de Estado, proliferam espaços de violência simbólica e histórica.

Este é um país com uma sociedade cínica que, a cada 25 de Abril, mente, e mente a si própria. São tantas as hipocrisias e tantas as contradições que os milhares de cravos que circulam pelas ruas já nem cheiram a flor, petrificaram!

O que significa diz er que o 25 de Abril nasceu em África? Quem são os combatentes anónimos do 25 de Abril? Em Abril de 2023, numa apresentação em Lisboa, a artista batukadeira Ilda Vaz das Bandeirinhas pan-africanistas da Boba, face a uma plateia maioritariamente branca, perguntava: O 25 DE ABRIL NASCEU ONDE? Nós, que lá estivemos, respondemos em uníssono: África, cientes de que o 25 de Abril é “uma festa incompleta” enquanto não se reconhecer esta verdade.

Os combatentes anónimos da causa da ONU

Afirmar que o 25 de abril nasce em África não tem nada de pretensioso. Significa, sim, que há verdades a serem escurecidas e reparações históricas ainda a serem feitas. Significa que, na Guiné-Bissau, o PAIGC e o povo lutaram para que houvesse Abril. Mais do que isso, significa que, em África, as lutas foram pela libertação TOTAL e essa totalidade incluía tanto o colonizado como o colono (como diria Fanon). Em 1971, num potente discurso pronunciado na Assembleia das Nações Unidas, Cabral afirmava: “Nós somos os combatentes anónimos da causa da ONU”. Para Cabral - cuja ausência no Portugal de hoje mostra a incompletude do 25 de Abril - a luta do PAIGC visava defender os valores fundamentais da humanidade. Valores esses que, curiosamente, Portugal e toda a Europa sempre afirmaram ser os legítimos herdeiros. Valores celebrados em 25 de Abril.

Sim, o povo guineense e o PAIGC lutaram por todos nós. São os combatentes anónimos da Revolução dos Cravos. Ao lutar contra o colonialismo que os oprimia estavam a lutar também por Portugal, pelos portugueses e pelo mundo. Porque a sua noção de liberdade era a de um universalismo “verdadeiramente universal”. E é esta a particularidade da luta dos povos oprimidos. São lutas cuja contextualidade não exclui a sua universalidade. São lutas destinadas a fazer tremer as bases de todos os sistemas-mundo opressivos.

O desaparecimento do colonialismo

Dizer que o 25 de Abril nasceu em África significa reconhecer que o colonialismo e o fascismo foram efectivamente derrotados e destruídos, mas não extinguidos. Dos escombros e das “latas de lixo da história” podem sempre ressurgir todo o tipo de monstros. “Le ventre est encore fécond, d’où a surgi la bête immonde”, relembra-nos Brecht. Aliás, a propósito, Cabral já dizia que o desaparecimento de Salazar não significaria o desaparecimento do colonialismo [ nem do fascismo]. O crescimento da extrema-direita em Portugal e em toda a Europa e as várias continuidades coloniais, mostram o quão acertada é esta afirmação.

Dizer que o 25 de Abril nasceu em África é também um lembrete e uma mensagem de esperança. Informa-nos de que o chão africano é fértil em lutas por liberdades e é de África que saem as grandes lutas pelo futuro da humanidade. Os espíritos revolucionários africanos não cessam de inspirar e contagiar o mundo. Isto é também um conselho aos movimentos negros da diáspora de que a “reafricanização dos espíritos” é um outro sinónimo do mote pan-africanista “back to África”. Tal como a descolonização, o retorno é um movimento, uma virada, uma nova mirada, um projecto político e epistemológico (e não um mero ato migratório como infelizmente, muito se pensa).

Os cravos e os jardins das "casas" portuguesas

“O 25 de abril nasceu em África” é, sobretudo, uma afirmação política que coloca África e os africanos no centro de conquistas, cuja participação não lhes é reconhecida. É outra forma de dizer que: Sabemos! Não nos esquecemos! Importa ainda lembrar que os trabalhadores e as trabalhadoras africanas em Portugal, assim como todo o movimento negro, têm sido os guardiões, os cuidadores, os combatentes permanentes, das liberdades de abril… ainda que sistematicamente excluídos.

Dizer que o 25 de Abril nasceu em África é relembrar uma dívida ainda por pagar em Portugal cujas colónias internas, bem antes do 25 de Abril de 1974, já tinham as suas zonas libertadas, estas Áfricas daqui onde a luta que hoje é celebrada foi também imaginada. Uma batucadeira, empregada de limpeza, perguntou O 25 DE ABRIL NASCEU ONDE e a sua indagação fez justiça a milhares de combatentes anónimos da revolução.

No contexto dos 50 anos do 25 de Abril, marcados pelo avanço do racismo, da xenofobia e da negação enquanto política de Estado, o desafio ficou lançado. Pergunta-te Portugal! Quiçá nas perguntas nos encontremos… num Abril diferente sem capitães nem guardiões. Um Abril de portas escancaradas, ou melhor ainda, sem portas. Porque, afinal, as flores da revolução não crescem em vasos nem nos jardins de uma outra “casa portuguesa”.

As flores da revolução são espécies fugitivas que invadem as ruas, procurando os matos, as florestas e territórios mais fecundos à vida. São flores que brotam nas fissuras abissais e na terra batida das “zonas de não ser”, espaços segregados onde habitam aqueles que dizem não! e “que recusam o esquecimento como método”, aqueles que polemizam os vales da morte, e conhecem a arte do enraizamento e do desabrochamento.

Que, sob a tumba dos combates anónimos, brotem cravos, lilases e jasmins de todas as cores. Não há revolução sem reparação! 

Opinião / Site Buala


 

Mamadou Ba: Da celebração ao combate

 

Um texto interessante e racista, da autoria de Mamadou Ba e de um grupo de activistas africanos. O texto é uma petição pública, que está publicada no site das petições públicas, com um número reduzido de assinaturas de apoio: 164, apenas.

Da Celebração ao Combate

Para: Ao Ex.mo Senhor Presidente da República; À Assembleia da República, Governo e Partidos Políticos

As recentes conquistas desportivas nacionais têm vindo a ser usadas para a reprodução de mitos sobre a multiculturalidade e harmonia inter-racial do Portugal contemporâneo. Como portugueses não-brancos, e imigrantes não-brancos residentes em Portugal, recusamos ser cúmplices desse branqueamento.

O dia 10 de julho de 2016 ficará para a história do desporto português. Pelo triunfo da seleção no europeu, e pelas medalhas (uma de ouro, duas de bronze) conquistadas no campeonato europeu de atletismo. Sem desprimor para o atletismo, é contudo incontornável que foi a conquista futebolística a mobilizar o país. E assim aconteceu porque este jogo e esta vitória representam, em termos simbólicos, mais do que a conquista de um título. Isso mesmo foi reconhecido pela mais alta figura do Estado português: instado a comentar a importância da vitória no Euro2016, em Paris, contra a seleção anfitriã, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma referência velada à “dura experiência dos emigrantes portugueses em França”.

 Escondida nas entrelinhas de tal referência estava, claramente e para quem quisesse ouvir, um reconhecimento da virulenta e insidiosa xenofobia sentida todos os dias pela comunidade portuguesa naquele país, desde a sua chegada nas grandes vagas migratórias de meados do século passado, em fuga da miséria, da fome e da guerra que lhes oferecia o regime fascista português. Desde essa altura, em que, com as suas malas de cartão, emigrantes portugueses se concentraram em bidonvilles insalubres, aquela que é hoje a segunda mais numerosa minoria em França tem uma história de décadas de exploração e opressão.

O reconhecimento da experiência de tantos portugueses em França é, todavia, algo totalmente negado no que diz respeito às minorias não-brancas em Portugal. Pelo contrário, o recente sucessodesportivo de tantos portugueses não-brancos está a ser posto aoserviço da reprodução de narrativas mitológicas, descrevendo umpaís multicultural e não-racista, que não existe nem nunca existiu, como as nossas histórias e experiência quotidiana nos fazem questão de recordar permanentemente. 

Ao mesmo tempo, as celebrações do triunfo recuperam referências culturais exaltando o passado dito glorioso dos “descobrimentos”, que na verdade não corresponde senão a séculos de pilhagem colonial e imperial dos nossos territórios de origem, e de redução dos nossos povos à indignidade da escravidão. Como portugueses e imigrantes não-brancos residentes em Portugal, de diversas origens, recusamos contribuir com o nosso silêncio para esse branqueamento. Sim, reivindicamos orgulhosamente os triunfos de atletas nos quais nos revemos e identificamos. 

O nosso Portugal é o de Patrícia Mamona, de Pepe, de Bruno Alves, de Eliseu, de Danilo, de João Mário, de Renato Sanches, de William Carvalho, de Éder, de Nani e de Ricardo Quaresma – filhos e netos de criadas, empregadas de limpeza, trabalhadores da construção civil. Um país que está longe de corresponder à imagem idílica que dele tem vindo a ser feita nos últimos dias. Um país cujo currículo educativo deprecia a população não-branca (em particular os negros e os ciganos), relegando-a para o lugar do Outro, selvagem e primitivo, nos manuais de História; um país que pratica o terrorismo de Estado nos bairros periféricos de Lisboa, essas autênticas colónias internas onde se concentram as populações não-brancas, nas quais vigora um estado de exceção permanente, e onde uma polícia militarizada se comporta como um exército ocupante levando a cabo, com total impunidade, execuções extrajudiciais; um país que viu e vê nascer inúmeros filhos e filhas de imigrantes, mas lhes nega a nacionalidade; um país que agora endeusa Éder, mas que recentemente obrigou Renato Sanches a mostrar os papéis para confirmar a sua idade; um país, cujo hino e bandeira celebram a conquista e a vitória sobre os nossos antepassados.

Recusamo-nos a aceitar como inevitável a nossa posição de subalternidade, e a ideia de que Portugal seja um país de brandos costumes. É tempo de quebrar este pesado silêncio, e passar da celebração a um combate sem tréguas, por um país que ofereça a todos os seus habitantes real igualdade de oportunidades, incluindo a de participar em todas as esferas da sociedade.

Para lá de palavras, o combate ao racismo branco da sociedade portuguesa exige medidas concretas. Nesse sentido, exigimos:

1. Medidas que garantam o acesso efectivo às esferas da sociedade que nos permanecem vedadas. Não aceitamos que, das unidades de saúde à função pública, passando pelos órgãos de comunicação social, escolas e universidades, todos estes espaços permaneçam exclusivos a portugueses brancos;

2. A desmilitarização imediata da polícia, e o fim imediato das operações do CIR (Corpo de Intervenção Rápida) nos nossos bairros, como primeiro passo rumo à abolição total da PSP e GNR, e sua substituição por mecanismos de garantia da segurança colectiva, baseados nas comunidades;

3. Uma comissão de inquérito independente aos assassinatos perpetrados pela policia;

4. A passagem do racismo a crime, público e com penas tipificadas no Código Penal;

5. A exclusão de conteúdos racialmente discriminatórios dos manuais escolares e do Plano Nacional de Leitura;

6. A reforma da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, no sentido de garantir a representação das comunidades não-brancas e imigrantes;

7. Definição clara e inequívoca de práticas discriminatórias, com critérios de avaliação e punição;

8. Direito à nacionalidade e cidadania plena para todos os nascidos em Portugal, e para todos os habitantes no território nacional que a requeiram;

9. O direito ao voto para todos os residentes em Portugal.

Queremos viver num país que respeite todos os seus habitantes, que os reconheça a todos e todas por igual, e que permita o pleno desenvolvimento do potencial de cada um. Estamos aqui para todos os combates que for necessário travar para alcançar esse objectivo, usando todos os meios ao nosso alcance. Ainda não conquistámos nada.

Racismo/ Opinião (Mamadou Ba)

 

Fraudes no reagrupamento familiar de imigrantes vão continuar

  Uma simulação de um pedido de reagrupamento familiar, numa família composta por residente em Portugal, mulher e filho menor, alvo do pedid...