quarta-feira, 5 de junho de 2024

As escutas de Bugalho (II)

Sebastião Bugalho, em declarações à revista Sábado, em Junho de 2023, afirmou que nunca teve "qualquer relação empresarial, partidária, transacional ou negocial com qualquer um dos visados", no processo  de investigação de favores políticos, que envolvia vários deputados do PSD e o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina. Na mesma revista são transcritos telefonemas e mensagens por sms entre o deputado Carlos Reis (um dos envolvidos no referido processo) e Sebastião Bugalho, interceptados pela Polícia Judiciária. 

Numa dessas mensagens, por sms, Carlos Reis interroga Sebastião Bugalho sobre se recebeu "a massa". Sebastião Bugalho confirma, em sms: "Sim, confirmado". Carlos Reis envia outra mensagem por sms, a Sebastião Bugalho: "Ótimo. Recibos antigos amigos, n esqueças pf". Seria interessante (e a Gazeta Digital tentou fazê-lo, via email) saber a que tipo de negócios ou transações financeiras esses recibos ("antigos" e "amigos") diriam respeito, uma vez que Sebastião Bugalho garantiu à Sábado que, em relação aos visados na mencionada investigação (deputado Carlos Reis incluído…), nunca teve "qualquer relação empresarial, partidária, transacional ou negocial" com qualquer um deles.

Política / Paulo Reis 

Crime, estrangeiros e imigrantes



O primeiro-ministro afirmou, na passada segunda-feira não haver nenhuma “relação direta entre imigração e o aumento de índices de criminalidade”, na apresentação do novo plano do Governo para as migrações.
“Não há nenhuma relação direta entre imigração e aumento de índices de criminalidade. Não vale a pena estigmatizar essas comunidades à boleia de episódios que são casuísticos. Há, naturalmente, pessoas que cometem crimes, uma são portuguesas e outras são estrangeiras”, disse Luís Montenegro.
 
Segundo os dados dos Censos 2011 (Instituto Nacional de Estatística), à data de 21 de Março em Portugal residiam 394.496 estrangeiros, representando 3,7% do total de residentes do país.

De acordo com um trabalho de investigação publicado na "Revista de Ciências Sociais", da autoria de Maria João Guia e João Pedroso ("Imigração e crime violento: um olhar a partir de reclusos condenados") também de 2011, adianta-se que "os dados nacionais disponibilizados sugerem a existência de uma percentagem inferior de crimes violentos entre os reclusos não nacionais, mas uma taxa de incidência superior. Verifica-se ainda uma sobrerrepresentação de reclusos não nacionais nas prisões (…)."

Como se pode ver no quadro estatístico aqui reproduzido, em 2011 os 3,7 por cento de não-nacionais representavam 20,8 por cento no total de reclusos condenados por "Crimes Contra as Pessoas", nas prisões portuguesas, de acordo com dados obtidos, pelos autores do estudo, junto da ex-DGSP e do Eurostat. Os mesmos dados referentes a cidadãos portugueses eram de 25.6 por cento, também no grupo "Crimes Contra as Pessoas."
 
Emigração - Criminalidade / Paulo Reis 


 

6 de Junho de 1944: o dia em que Hitler começou a perder a guerra

  

A operação de invasão da Europa, para abertura de uma segunda frente e aliviar a pressão nazi sobre as forças soviéticas, foi lançada no dia 6 de junho de 1944, há 80 anos, com o nome de código “Overlord”. Cinco divisões das tropas aliadas desembarcaram nas praias da Normandia, em França. Os códigos das praias de desembarque eram Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword.

A batalha, e especialmente os bombardeios aliados de aldeias e cidades francesas, mataram cerca de 20.000 civis franceses. As vítimas alemãs exactas não são conhecidas, mas os historiadores estimam que entre 4.000 e 9.000 homens foram mortos, feridos ou desapareceram durante a invasão do Dia D, de acordo com a mesma fonte.

O número total de vítimas durante a Operação Overlord, de 6 de junho (a data do Dia D) até 30 de agosto (quando as forças alemãs se retiraram para a zona do rio Sena) foi mais de 209.000 vítimas aliadas.

Muito mais de 90% da primeira onda de tropas que desembarcaram nas cinco praias sobreviveu. As perdas, embora fossem grandes, não foram decisivas nem impediram a progressão das forças aliadas. Do total de 34.000 soldados na primeira onda de desembarque de soldados, as vítimas foram cerca de 2.400, bem abaixo de 10%, salienta o texto da Wikipédia.

Um pormenor curioso passou-se com o primeiro-ministro Winston Churchill, que anunciou que iria acompanhar o desembarque, no navio Belfast. A ideia mereceu a oposição de muitos responsáveis militares e o primeiro-ministro só desistiu quando o rei Jorge VI disse que, nesse caso, ele também iria acompanhar o desembarque – o que fez com que Churchill abandonasse a ideia.

O tenente-general Frederick Morgan foi o principal responsável pelo planeamento da Operação "Overlord". Foi nomeado, em 1943, Chefe de Estado-Maior do Comandante Supremo Aliado (COSSAC). Em maio de 1944, os Aliados ocidentais estavam preparados para dar o seu maior golpe da guerra, a invasão do norte da França.

O general Dwight D. Eisenhower foi o comandante supremo da operação que envolveu os esforços coordenados de 12 nações. Roosevelt foi o único general a desembarcar no Dia D, com a primeira onda de tropas, salienta a Wikipedia. Aos 56 anos, foi também o homem mais velho a participar na invasão. O seu único filho, o capitão Quentin Roosevelt II estava entre a primeira onda de soldados desembarcados em Omaha Beach. 

História / Paulo Reis (c/Wikipedia)

 

Juíza processa Mamadou Ba

 

O activista Mamadou Ba vai enfrentar um processo-crime, por tentar ”condicionar” a juíza do Juízo Local Criminal de Lisboa, de acordo com a revista Sábado. A magistrada mandou extrair certidões das alegações finais de Mamadou Ba, num julgamento por difamação, resultante de uma queixa do dirigente de extrema-direita Mário Machado. Mamadou Ba, em declarações à Imprensa, afirmou que Mário Machado era um “assassino” devido ao seu papel num confronto, no Bairro Alto, com um jovem africano, que morreu depois de ter sido espancado por um grupo de skinheads.

No julgamento desse caso, Mário Machado foi absolvido – argumento em que o líder do grupo 1143 baseia a sua queixa por difamação contra Mamadou Ba. O activista africano foi condenado, nesse processo por difamação, ao pagamento de uma indeminização de 2.400 euros ao activista, condenação que, recentemente, o Tribunal da Relação de Lisboa anulou por falta de fundamentação, mandando repetir o julgamento.

Nas suas alegações finais, Mamadou Ba chamou à acusação “uma das maiores borradas do juiz Carlos Alexandre”.Quanto à extracção de certidões, ordenada pela juíza Joana Ferrer, Mamadou Ba considerou tratar-se de uma “clara retaliação” da juíza.

Justiça / Paulo Reis 


 

terça-feira, 4 de junho de 2024

Um estranho "passeio"

 

"(...) Conheci o T. numa noite de copos, no Bairro Alto. Era polícia à paisana, dedicado essencialmente ao combate ao tráfico de droga. Na mesa estava também um colega jornalista, que trabalhava na área do crime. Fiz-lhe algumas perguntas, curioso sobre o tema e trocámos telefones, para outra noite de copos.

Liguei-lhe uma semana antes de ir fazer um passeio pela rua do Bemformoso, para “cheirar” o que lá passava – e que seria interessante, pelas notícias e reportagens que ia lendo e vendo em diversos órgãos de Comunicação Social.

Pedi-lhe um retrato de como é que funcionavam as coisas, por ali. E era simples: indianos e paquistaneses dedicados ao tráfico demão-de-obra e guineenses a controlar a venda de droga – essencialmente “crack”, o parente pobre da heroína. Barato – uma “pedra”, mais conhecida por “pipoca”, para consumo de uma pessoa, custa apenas 5 euros. Tem um efeito rápido, é extremamente viciante, mas o tempo de "pedrada" é curto.

Na rua do Benformoso, depois do jantar, dei um passeio pela rua, de ponta a ponta. Nos passeios, centenas de indianos e paquistaneses, em grupos de três, quatro, estavam entretidos em longas conversas, puxando do telemóvel com frequência. Já durante a tarde tinha reparado nessa curiosidade mas, à noite, estavam cinco vezes mais pessoas, nos passeios. Ficavam ali horas seguidas, sempre um pequenos grupos. Não entravam nas lojas nem nos restaurantes, apenas ocupavam completamente os passeios, obrigando os transeuntes a deslocarem-se pela rua. 

Já noite dentro, pela hora de jantar, circulavam outras largas dezenas de imigrantes, para cima e para baixo, a maioria com mochilas – sinal talvez de que, provavelmente vinham do trabalho para “casa”. Tal como o meu amigo polícia me tinha explicado, o trabalho desses pequenos grupos teria a ver com sistemas de contratação de mão-de-obra, através de documentos falsos e outras manobras, como a subcontratação para trabalhadores na agricultura, na zona do Alentejo. Só assim se justificava que tanta gente estivesse por ali, nos passeios, às quatro, cinco da tarde, quando é suposto ser uma hora em que se está a trabalhar, disse para mim próprio. (...)

Reportagem / Paulo Reis

1989, dia 4 de Junho: 35 anos depois e uma imagem que ficará para sempre

 


“Eu roubo, mas faço!”

É notável, para quem folheia todos os dias o Correio da Manhã, a quantidade e regularidade com que surgem notícias sobre casos de corrupção envolvendo autarcas e empresas, todas do mesmo concelho. Muitas vezes são amigos de longa data ou já estiveram dentro e fora da política, praticando a tal técnica de “portas giratórias”. Normalmente, são dinheiros públicos, provenientes das câmaras e que, em manobras mais ou menos discretas, acabam por ir parar ao cofre das empresas. A “transferência” destes dinheiros é feita, regra geral, através de concursos públicos talhados à medida da empresa A ou da empresa B.

Os “bons” autarcas, os que são useiros e vezeiros nestas práticas, têm sempre o cuidado de deixar alguns euros para empresas que não fazem parte do sistema, para que não haja protestos suficiente sonoros num jornal lá da terra ou queixas judiciais.

Esses, não comem tudo e até deixam alguma coisa para os outros – uma prática de elogiar, porque revela que a ganância tem limites, para quem é mais inteligente ou hábil. Graças a este tipo de compadrios, a língua portuguesa foi enriquecida, já lá vão muito anos, com um novo verbo: “Isaltinar”. Neste episódio, funcionaram mal duas coisas: uma excessiva ganância e alguém que se abespinhou, por razões que ignoro. Mas o autarca em causa, cumprida a pena, saiu da cadeia, triunfante e sem mostrar o mínimo sentimento de culpa. Fez-me lembrar, na altura, uma animada campanha eleitoral no Brasil, onde um candidato sincero tinha um slogan delicioso: “Eu roubo mas faço!” Infelizmente, em Portugal, há a tendência de quase todos os autarcas se assumirem como virgens pudicas, jurando e trejurando, nas campanhas eleitorais, que só irão trabalhar para o povo e desenvolver a terrinha, com mais algumas rotundas, centros culturais e pavilhões gimnodesportivos.

Mas se hoje em dia a situação não é grande coisa, no que diz respeito a autarcas e negócios, apenas com 308 concelhos, imagine-se como seria quando Portugal, há 180 anos, tinha um número de municípios que rondava os 800, como refere o professor António Cândido de Oliveira, num artigo de opinião publicado no JN, em 2016. Teria que se arranjar um novo vocábulo, tipo “Isaltininho”, para classificar alguns desses autarcas e respectivos concelhos, de reduzida dimensão. 

Felizmente que a reforma territorial dos concelhos, subscrita por Manuel da Silva Passos, reduziu o número de concelhos a 351 – número que se mantém quase intocável, hoje, com 308 concelhos. Terá que se agradecer a Manuel da Silva Passos a hercúlea tarefa de reduzir para menos de metade as autarquias existentes em Portugal. E agradecer a Deus que estejamos longe de países como a Espanha (cerca de 8 mil municípios) a Itália (também à roda dos 8 mil) e o campeão deles todos, a França, com 36 mil municípios. Se não fosse a gigantesca talhada dada por Manuel da Silva Passos (e não por Mouzinho da Silveira, como se costuma referir), lá teríamos que inventar mais uma palavra para o léxico português: Além dos “Isaltininhos”, que se "alimentavam" em  minúsculos concelhos, os “Isaltinhões”, que medravam em concelhos de maior dimensão.

Opinião - O Passar do Tempo / João Tavira


 

Macau perde corrida de Fórmula 3

  

O Comité Organizador do Grande Prémio de Macau emitiu uma breve nota à Comunicação Social, anunciando que a corrida de Fórmula, uma das mais icónicas do Mundo – a “Mónaco” da Ásia, como se costuma dizer - não vai ser realizada este ano, de acordo com a agência Macao News.

O Comité Organizador do Grande Prémio de Macau (MGPOC) numa declaração emitida para os jornaistas, referiu que os carros da Fórmula Regional eram “mais adequados” ao difícil Circuito  da Guia, não fazendo qualquer cometário a esta perda de um dos mais conhecidos eventos turísticos da cidade.

De recordar que foi no Circuito da Guia que alguns dos futuros grande nomes da Fórmula 1 fizeram a sua estreia como campeões, conquistando o pódio – entre eles, Ayrton Senna e Michael Schumacher.

A mudança surge como um golpe sério na tentativa de Macau ampliar a sua fama como centro para “eventos desportivos internacionais de alto nível – uma chamada “cidade de desporto e shows”, escreve o Macao News

A Fórmula Regional faz a sua estreia no próximo 71º Grande Prémio de Macau, que será realizado de 14 a 17 de novembro, uma data próxima das celebrações do 25º aniversário da criação da Região Administrativa Especial de Macao em dezembro. O Grande Prémio de Fórmula 3 do ano passado atraiu cerca de 145 mil turistas, a maioria provenientes da cidade vizinha de Hong Kong, de acodo com o coordenador do Comité Organizador do Grande Prémio de Macao, Pun Weng Kun.

Automobilismo / Paulo Reis

 

Fraudes no reagrupamento familiar de imigrantes vão continuar

  Uma simulação de um pedido de reagrupamento familiar, numa família composta por residente em Portugal, mulher e filho menor, alvo do pedid...