Os homens estão grávidos», «as mulheres têm pénis», «as mulheres trans são mulheres», «todos os brancos são racistas», «todos os negros são vítimas», «se afirmares que não és racista, isso significa que és», «a biologia é virilista», «a matemática é racista», «Churchill é racista», «Schœlcher é esclavagista», etc. Este tipo de proclamações surpreende pela sua faceta absurda.
Todavia, são elas que formam os enunciados de base do pensamento woke, aquele pensamento «iluminado» que tende a impor-se em todas as sociedades ocidentais. Assenta em teorias como a «teoria de género», a «teoria crítica da raça» ou a «teoria interseccional», que se tornaram verdades puras nas nossas universidades. Os wokes explicam que o género «se escolhe» e que tudo o que conta é a nossa consciência de sermos homem ou mulher ou qualquer outra coisa que seja.
A raça volta a ser um determinante essencial das nossas existências em sociedade: os brancos serão, por definição, racistas, e os «racizados» jamais o poderão ser. Quanto à interseccionalidade, trata-se de uma «ferramenta» para potenciar todas as identidades vitimárias e apelar à luta contra o responsável por estas discriminações.
Responsável esse que já está mais do que encontrado: é o homem branco ocidental heterossexual, por definição sexista, racista e colonialista, sendo o «perfeito bode expiatório» (1). Aqueles que não aceitam estas teorias woke são denunciados nas redes sociais e, sempre que tal seja possível, são despedidos do seu emprego, na universidade ou outro qualquer lugar. Os meios de comunicação e um grande número de políticos aderem a estas teorias com entusiasmo, e algo que, não há muito, era apenas uma curiosidade americana tornou-se, com uma velocidade extraordinária, o discurso oficial das nossas elites.
(...)
Como pode um professor universitário que dedicou a vida aos estudos gregos propor acabar com as Letras Clássicas por serem brancas e virilistas? Como é possível que um matemático decida abolir o ensino da sua disciplina por ser alegadamente discriminatória? Como é possível que um biólogo defenda que a biologia não é uma ciência? Como é possível que estas pessoas inteligentes acreditem em ideias tão absurdas? Como é possível não aceitarem sequer debater e responder a qual- quer crítica mediante a «anulação» dos seus interlocutores?
Os wokes, por seu lado, acham por bem rejeitar a ciência em bloco, recusam a linguagem comum e negam inclusivamente a existência da realidade comum. Estamos diante de uma mudança extremamente radical: não se trata simplesmente de uma nova ideologia, mas de uma nova crença, de uma nova religião. Alguns autores americanos estão convencidos de que estamos perante a «próxima religião americana» que quer «apagar toda a memória histórica da civilização», tal como o cristianismo, tornado religião de Estado, no século IV, quis apagar todo o «mundo greco-romano» (29)
in "Sapo"
(Continua)
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