“O Insubmisso - Memórias de
um Polícia” oferece uma narrativa empolgante de três grandes
operações policiais: Apito Dourado, Face Oculta e
Aveiro-Connection.
Neste livro, como refere a página da editora
Guerra e Paz, fica-se a saber como evoluiu o combate à corrupção
política, desportiva ou militar. Teófilo Santiago foi o polícia,
insubmisso, responsável por essas investigações criminais. As suas
memórias são contadas neste livro, na primeira pessoa, num percurso
cruzado com o jornalista Eduardo Dâmaso.
As investigações de Teófilo Santiago foram as primeiras a incomodar poderes simbolizados em Pinto da Costa, José Sócrates, Valentim Loureiro, Oliveira e Costa, Armando Vara. Santiago foi, afinal, o homem que mandou Vara para a prisão. Neste livro, entra-se no mundo do crime, do tráfico de droga, ou nos bastidores de escândalos como as escutas de Sócrates, o processo PT/TVI, as interferências do governo de Durão Barroso, a prisão de Pedro Caldeira.
A destruição das escutas de Sócrates
Mas outros pormenores mais interessantes surgem numa entrevista numa com o co-autor do livro, o jornalista Eduardo Dâmaso. “No decorrer da investigação relativamente às empresas do Grupo Godinho surgiram-nos outras situações, nomeadamente o processo de aquisição ou tentativa de aquisição da TVI e de outros órgãos de Comunicação Social – e o que se passou neste caso, refere Teófilo Santiago, foi “uma investigação à qual cortaram as pernas. O então Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, considerou que não existiam indícios de crime e o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, ordenou a destruição das 11 escutas que envolviam Sócrates. Foi o que aconteceu em 2011”, adianta Teófilo Santiago.
“Estava a ser desenvolvido um plano tentacular para controlar e limitar a liberdade de Imprensa e a liberdade de expressão”, adianta Eduardo Dâmaso. “Se o Teófilo e a sua equipa não têm sido impedidos de investigar este processo, se calhar tínhamos conhecido mais cedo, e em circunstâncias um pouco diferentes, aquilo que viemos depois a saber na história do processo Marquês”, afirma o jornalista.
Campanha suja
Mas o ex-inspector, crachat de ouro da PJ – a mais alta condecoração daquela unidade policial - tem mais alguns pormenores interessantes, reveladas numa síntese do livro, feito pelo Correio da Manhã de dia 29 de Maio. Sócrates tentou plantar conversas para descredibilizar a investigação do caso 'Face Oculta'
No livro ‘Insubmisso’, o antigo inspector Teófilo Santiago recorda aquilo que apelida de uma “campanha suja”, escreve a jornalista Ana Isabel Fonseca, num peça publicada no passado dia 29 de Maio. Nesta síntese do livro, refere-se que foram inúmeras as acusações e os obstáculos que se levantaram após José Sócrates ter surgido em 2009 nas escutas do caso ‘Face Oculta’. No livro “Insubmisso” o antigo inspector Teófilo Santiago recorda aquilo que apelida de uma “campanha suja”.
As conversas interceptadas revelavam que o primeiro-ministro pretendia controlar a comunicação social. “Desde as hipotéticas violações do segredo de Justiça até às acusações gravíssimas sobretudo pela posição que os 'agressores' ocupavam na vida judicial e política, de que a equipa investigadora e os magistrados teriam agido na ilegalidade. Tudo disseram, sem qualquer espécie de travão. Acusaram-nos de ter feito "espionagem política", seja lá o que isso for ”, conta o ex-director da PJ de Aveiro.
Grave ataque
Eduardo Dâmaso, jornalista e co-autor do livro, lembra que tudo foi feito para tirar Sócrates do processo. Considera que foi o mais grave ataque feito à separação de poderes em 50 anos de democracia. “A verdade é que neste caso não havia conspiração nenhuma - ou espionagem, como lhe chamaram figuras tão relevantes do PS, em particular o então ministro Vieira da Silva. Pelo contrário, parece ter havido espionagem contra os protagonistas da investigação e jornalistas”, lembra Eduardo Dâmaso, que destaca a condenação de Armando Vara a cinco anos de prisão por favorecer as empresas de Godinho. “Ficou Armando Vara para prova de que a impunidade total nem sempre está assegurada e que ainda há gente com coragem e saber na defesa de alguns valores próprios do Estado de Direito Democrático”, lê-se no livro.
A obra - apresentada esta semana na Feira do Livro de Lisboa - revela que Sócrates soube que estava a ser escutado. Foi depois plantada uma conversa entre Rui Pedro Soares e Paulo Penedos. “Nesta conversa de forma inábil e atrapalhada tentaram desdizer e tirar credibilidade a dezenas de conversas, onde se referiam de forma clara e inequívoca à trama que estavam a urdir e aos objectivos a atingir. O «pai» desta ideia foi o Dr. Paulo Bernardino, um antigo quadro superior da PJ e meu colega”, salientaTeófilo Santiago.
Notícias / Paulo Reis
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