quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Norway: Rape prevention classes for refugees (BBC News)

 

Migrants in Norway are being given classes which educate asylum seekers in Norwegian 'cultural codes' when it comes to relationships with women, personal boundaries, sexual assault and what constitutes rape. We spoke to some of the men taking the class, as well as the organisers and instructors. But the classes, which other European countries may also introduce, have been criticised for stigmatising migrant men. 

James Longman reports (BBC News)

"A Religião Woke": O que é este pensamento "iluminado" que tende a impor-se em todas as sociedades ocidentais?

 

Os homens estão grávidos», «as mulheres têm pénis», «as mulheres trans são mulheres», «todos os brancos são racistas», «todos os negros são vítimas», «se afirmares que não és racista, isso significa que és», «a biologia é virilista», «a matemática é racista», «Churchill é racista», «Schœlcher é esclavagista», etc. Este tipo de proclamações surpreende pela sua faceta absurda. 

Todavia, são elas que formam os enunciados de base do pensamento woke, aquele pensamento «iluminado» que tende a impor-se em todas as sociedades ocidentais. Assenta em teorias como a «teoria de género», a «teoria crítica da raça» ou a «teoria interseccional», que se tornaram verdades puras nas nossas universidades. Os wokes explicam que o género «se escolhe» e que tudo o que conta é a nossa consciência de sermos homem ou mulher ou qualquer outra coisa que seja. 

A raça volta a ser um determinante essencial das nossas existências em sociedade: os brancos serão, por definição, racistas, e os «racizados» jamais o poderão ser. Quanto à interseccionalidade, trata-se de uma «ferramenta» para potenciar todas as identidades vitimárias e apelar à luta contra o responsável por estas discriminações. 

Responsável esse que já está mais do que encontrado: é o homem branco ocidental heterossexual, por definição sexista, racista e colonialista, sendo o «perfeito bode expiatório» (1). Aqueles que não aceitam estas teorias woke são denunciados nas redes sociais e, sempre que tal seja possível, são despedidos do seu emprego, na universidade ou outro qualquer lugar. Os meios de comunicação e um grande número de políticos aderem a estas teorias com entusiasmo, e algo que, não há muito, era apenas uma curiosidade americana tornou-se, com uma velocidade extraordinária, o discurso oficial das nossas elites.

(...)

Como pode um professor universitário que dedicou a vida aos estudos gregos propor acabar com as Letras Clássicas por serem brancas e virilistas? Como é possível que um matemático decida abolir o ensino da sua disciplina por ser alegadamente discriminatória? Como é possível que um biólogo defenda que a biologia não é uma ciência? Como é possível que estas pessoas inteligentes acreditem em ideias tão absurdas? Como é possível não aceitarem sequer debater e responder a qual- quer crítica mediante a «anulação» dos seus interlocutores?

Os wokes, por seu lado, acham por bem rejeitar a ciência em bloco, recusam a linguagem comum e negam inclusivamente a existência da realidade comum. Estamos diante de uma mudança extremamente radical: não se trata simplesmente de uma nova ideologia, mas de uma nova crença, de uma nova religião. Alguns autores americanos estão convencidos de que estamos perante a «próxima religião americana» que quer «apagar toda a memória histórica da civilização», tal como o cristianismo, tornado religião de Estado, no século IV, quis apagar todo o «mundo greco-romano» (29)

in "Sapo"

(Continua)

 

Manifestação do grupo 1143: afinal, a ameaça de violência veio da Esquerda...

Grupos de contra-manifestantes "anti-fascistas" tentaram entrar em confronto com os participantes na marcha organizada pelo grupo de extrema-direita 1143

 

PSP abre inquérito para apurar agressões a manifestantes e jornalistas ponderam avançar com queixa

 Dois jornalistas, devidamente identificados, estão a ser orientados por um advogado e tencionam apresentar queixa contra os polícias. Vídeos das agressões viralizaram nas redes sociais.
As agressões policiais contra um grupo de manifestantes na Praça do Município serão investigadas. O Comando Metropolitano de Lisboa decidiu determinar “abertura de inquérito à atuação da PSP”, conforme comunicado enviado ao DN. A ordem é do Comandante Luís Fiães Fernandes.
Em causa está a violência policial sofrida por pelo menos seis pessoas que estavam no local no último sábado. O grupo “antifascista” esperava a chegada dos manifestantes nacionalistas que desciam a rua numa “caixa de segurança” da PSP. Vídeos publicados nas redes sociais registaram as agressões.
Além dos manifestantes, dois jornalistas relatam ao DN terem sido agredidos por agentes na mesma ocasião. Bernardo Afonso, do Fumaça, conta que identificou-se aos policiais como jornalista, mostrando a carteira profissional. “Eles começaram a avançar sem nenhuma ordem, a primeira agressão que sofri foi justamente na mão em que estava a minha carteira, que caiu no chão. Eu juntei e tentei, mais de uma vez, tentar falar com eles”, explica. “Levei bastonadas, empurrões e pontapés, além de uma bastonada na cabeça quando já estava bem afastado, fiquei muito assustado”, complementa.
O relato de João Biscaia, do Setenta e Quatro, é semelhante. “Senti primeiro um pontapé e um empurrão de um polícia ao qual eu já tinha mostrado a carteira de jornalista”, afirma. “Perguntei porque me estavam a bater e fui encurralado contra a parede, também levei um soco no maxilar”, ressalta.
Os jornalistas também destacam que, no meio da confusão, viram as agressões contra as demais pessoas que estavam no local, inclusive “contra quem já estava imobilizado no chão”. Munida dos vídeos e demais provas que afirmam ter, a dupla está a ser auxiliada por um advogado para os orientar sobre medidas a tomar. Bernardo e João têm a intenção de avançar com uma queixa conjunta. Os jornalistas não precisaram de atendimento médico, mas estão a tomar analgésicos e ainda sentem dores.
Os seis jovens agredidos, que se denominam militantes “antifascistas”, informaram ao DN que decidiriam hoje se avançavam ou não com queixa. Até ao fecho deste texto, eles ainda não haviam respondido aos contactos para esta reportagem. 

Diàrio de Notícias - 06 fevereiro 2024
amanda.lima@globalmedia.group.pt 

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Diversidade vs. ódio: Lisboa palco de protesto xenófobo e arraial antirracista

De um lado da cidade, um evento que celebrou a diferença e a integração  dos imigrantes. Do outro, nacionalistas fizeram saudações nazis, exaltaram o ditador Salazar  e acenderam tochas em protesto contra “não-portugueses”. Apesar de tudo, não houve violência.
O ensolarado sábado de inverno foi palco de duas manifestações distintas, ontem, em Lisboa. Quem passou no Largo do Intendente, ao final da tarde, viu um espetáculo de música, culinária diversa e cartazes com frases “Imigrantes, bem-vindos”. Na rua ao lado, dezenas de indianos, paquistaneses e estrangeiros de vários países assistiam timidamente à festa, filmavam e tiravam fotos. Outros, seguiam o dia normal de trabalho, com restaurantes cheios de clientes e especiarias no ar - ainda que alguns tenham decidido fechar as portas do comércio, por medo. Quase todos se recusam a falar com a imprensa e apenas observam mais ao longe, sem participar ativamente da celebração.
No palco montado, o ativista António Tonga, um dos organizadores do evento, diz que este é para “proteger as pessoas que vivem e trabalham na rua ao lado”, referindo-se à Rua do Benformoso. Acrescenta que os imigrantes “têm direito à sua existência e são pessoas como nós”.
Do outro lado do Largo do Intendente, onde existem várias esplanadas, turistas veem com graça a manifestação cultural, como mais um dia normal na cidade que abriga historicamente diferentes nacionalidades.
A manifestação reuniu centenas de pessoas de todas as idades, que repetiam a frase “Não passarão”. A polícia estava por perto, mas não foi registado qualquer incidente e o arraial seguiu noite adentro.
A menos de um quilómetro dali, o cenário era outro. O grupo nacionalista 1143, ano da fundação de Portugal, ocupou o Largo de Camões com uma manifestação contra a “Islamização da Europa”. As palavras de ordem eram “Portugal aos portugueses”, o hino nacional e exaltação ao ditador Salazar, além de palavrões e diversas saudações nazis. Jornalistas foram chamados de terroristas e aqueles que se manifestaram contra foram chamados de “fascistas” e “comunistas”.
O grupo também criticou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, por ter proibido a manifestação no Martim Moniz e por “ser casado com uma marroquina”.
Liderados pelo militante neonazi Mário Machado, com um extenso cadastro por crimes de ódio, os participantes usavam T-shirts e anéis do movimento 1143, que pretende “reconquistar Portugal”.
O líder classificou imigrantes de fora da Europa como “escumalha” e, em entrevista à comunicação social, culpou - sem justificar com quaisquer dados - os estrangeiros pela falta de atendimento na rede pública de Saúde e vagas nas creches, além de classificar como “atrasados mentais” todos os que apoiam a imigração, citando partidos de esquerda.

Diário de Notícias - 06 fevereiro 2024

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Grupo de nacionalistas desceu a Baixa-Chiado com gritos xenófobos

Tochas acesas, como em Charlottesville

Esta última manifestação foi organizada através de grupos nas redes sociais e financiada por doações de simpatizantes. O dinheiro foi usado, por exemplo, para a compra de tochas de fogo, acesas no início do protesto. A cena lembrou a marcha de supremacistas brancos em Charlottesville, nos Estados Unidos, em 2017.
Alguns dos participantes usavam panos no rosto para esconder a identidade enquanto gritavam insultos aos imigrantes. A maior parte era de adultos do género masculino, vindos de diversas regiões do país. Mulheres e crianças também lá estavam.
O protesto contou com forte proteção policial, que criou uma “caixa de proteção”, como costuma fazer com as claques de futebol. De acordo com fonte oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP), cerca de 200 pessoas participaram do protesto xenófobo - ainda que jornalistas no local contabilizassem muito menos: “Uma centena” para a Lusa; “cerca de 50” para a CNN Portugal.
Enquanto os nacionalistas desceram pelas ruas da Baixa-Chiado com tochas acesas, sempre aos gritos de palavras de ordem e mais saudações nazistas, os turistas nas ruas olhavam assustados, ou a gravar a cena com os smartphones. Alguns esconderam-se dentro de lojas e outros até choraram.
O momento mais tenso ocorreu quando se cruzaram com militantes antifascistas. Estes gritavam “25 de Abril sempre” e “Não passarão”, ao que os nacionalistas responderam: “Já passámos.”
A manifestação terminou frente à Câmara Municipal de Lisboa, onde foi colocada a faixa com a frase “Portugal aos portugueses”.
À mesma hora, no Largo do Intendente, a festa continuava e o sábado dos imigrantes que escolheram Lisboa para viver também. 

Diário de Notícias - 06 fevereiro 2024

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Antifascistas agredidos pela PSP decidem hoje se apresentam queixa

 PSP alega ter usado “meios de baixa potencialidade letal” contra os manifestantes no último sábado. Seis jovens foram levados às Urgências com ferimentos causados pelos agentes.
Militantes antifascistas decidem hoje à tarde se apresentam ou não queixa à Polícia de Segurança Pública (PSP) pelas agressões sofridas numa carga policial no último sábado, que deixou seis pessoas feridas e a necessitar de cuidados médicos. A  intervenção das forças de autoridade aconteceu na Praça do Município, minutos antes da chegada dos manifestantes nacionalistas, que desciam a rua numa “caixa de segurança” das forças policiais, contra os quais os agredidos se manifestavam . Conforme o DN atestou no local, à chegada do grupo liderado por Mário Machado, na praça já só restavam agentes no local e todo o perímetro estava encerrado ao trânsito.
“Vamos decidir em conjunto se avançamos ou não com uma queixa, porque não acreditamos que o órgão que nos agrediu nos vá dar Justiça”, explica ao DN Sara Gaspar, uma das agredidas. A bióloga de 30 anos estava na linha de frente de um grupo de aproximadamente “uma centena de pessoas”, próximo da Câmara Municipal de Lisboa.
“O nosso objetivo era fazer uma manifestação antifascista sem violência. Isto foi muito rápido, num instante a polícia chamou a força especial, que nos começou a empurrar. Não houve nenhum aviso, foi só violência. Quando disseram para recuarmos, já estávamos a levar com escudos e cassetetes”, conta. Também foi usado gás pimenta contra o grupo.
O DN teve acesso ao relatório médico de Sara em que estão registadas “duas incidências nas mãos, duas no joelho e duas no punho”. O documento também refere a presença de hematomas. Sara reitera que a linha dos manifestantes antifascistas era de “não-violência” e que apenas queriam marcar posição contra “um protesto que, num Estado de Direito nunca deveria ter acontecido”.
Um dos vídeos a que o DN teve acesso mostra um homem deitado no chão e a levar, pelo menos, duas bastonadas de um agente. E Constança Lobão, de 26 anos, acompanhou até o hospital um dos agredidos, que estava com um corte na perna, tendo acabado por levar pontos.
“Baixa potencialidade letal”
Ao DN, a Direção Nacional da PSP diz que foram “usados meios de baixa potencialidade letal, enquadrados pelo princípio da mínima intervenção necessária, proporcionalidade e adequação”. A polícia ainda afirma que, antes, os agentes presentes na Praça do Município “solicitaram a esse grupo de pessoas, pela via do diálogo, que se ausentasse daquela zona com o intuito de não ocorrer qualquer tipo de confrontação entre as duas ações de protesto” e que o motivo era “uma questão de segurança de todos os cidadãos”.
Ainda conforme a PSP, “existia elevado perigo de perturbação da ordem pública” o que, tendo em conta a “renitência desse grupo em ausentar-se do local”, obrigou à intervenção. Nos vídeos publicados nas redes sociais ainda se ouve um grito de alerta para a presença de um jornalista entre os manifestantes. O Comando nega que jornalistas tenham sido agredidos.
De acordo com Sara, três pessoas foram levadas pelos agentes e deixadas em outra rua, sem explicações sobre o motivo. Questionada pelo DN, a PSP apenas informou que “foram identificados três indivíduos e comunicado ao Ministério Público”.
O DN enviou pedido de esclarecimentos ao Ministério da Administração Interna (MAI) sobre a atuação dos polícias. A resposta foi uma “sugestão” de contactar a PSP sobre o assunto.
Sábado de protestos
As ruas da Baixa-Chiado, no fim da tarde de sábado, foram palco de uma manifestação do grupo 1143, contra uma alegada “islamização” do país. Inicialmente o protesto estava marcado para ocorrer no Martim Moniz, onde reside um grande número de imigrantes. No entanto, não foi autorizada pelo elevado risco de segurança.
O grupo não desistiu e marcou o ato para o Largo de Camões, com marcha até à Câmara Municipal, já perto do Cais Sodré. Mais de 100 pessoas desceram às ruas com tochas acesas, foguetes luminosos e aos gritos em homenagem ao ditador Salazar, contra os imigrantes que vivem em Portugal e a cantar o hino nacional português. No grupo, onde seguiam várias crianças, ainda se viram saudações nazis. Durante o caminho, os nacionalistas ainda ouviram gritos de oposição - com invetivas de “não passarão” -, mas não foram registados confrontos.
No Largo do Intendente houve um arraial multicultural, com a presença de diversos coletivos e entidades de apoio aos imigrantes. O ato teve apresentações musicais, discursos e confeção de cartazes. A polícia esteve presente, mas nenhum incidente foi registado.

Diário de Notícias - 06 fevereiro 2024
amanda.lima@globalmediagroup.pt


 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Germany's U-turn on migration: Is it necessary or just politics? (Euronews)

 

Germany has taken a sharp turn in its migration policy compared to the 'welcoming measures' associated with the 'Merkel era'. Euronews reporter Monica Pinna went to Berlin to discover what has changed and why.

For many, Germany is the land of immigration. More than three million refugees and asylum seekers live there, which is more than in any other European country. 

Some migrants are attracted by the high demand for skilled workers and Germany's generous benefits. But last year, asylum applications increased by more than 50 per cent. The migrant reception system went into crisis mode. The far right, amid growing consensus, accused the government of failing to get to grips with the increase in arrivals. 

As a consequence, German Chancellor Olaf Scholz made a historic turn and tightened immigration measures.

 Tegel-Berlin, once the capital's primary international airport, was permanently shut down in 2020. The authorities turned it into a refugee centre in 2022 when thousands of Ukrainians, fleeing Russia's full-scale invasion, started arriving every day. 

Tegel has become Germany's largest refugee camp. Around 5,000 refugees and asylum seekers currently live there. It expanded several times to meet growing demands and can now host up to 7,000 people. However, the facility has reached capacity and authorities say they will no longer consider further expansion.

Almost 300,000 people applied for asylum in Germany in 2023, the highest number since 2015, when Germany received more than one million refugees. The vast majority were from Syria as well as Turkey and Afghanistan. 

(Continua)

 

 

Escola Islâmica de Palmela - Tabligh Jamaat e razões para a sua criação

 

Revista Al-Madinah, editada pela Comunidade Islâmica do Sul do Tejo: "Nas escolas comuns (...) torna-se impossível salvaguardar a fé. A solução disto passa pela criação de instituições islâmicas, onde as crianças possam crescer num ambiente islâmico" - justificação para a existência da Escola Islâmica de Palmela. Para além deste estabecimento de ensino, os Tabligh Jamaat, grupo fundamentalista islâmico que domina a comunidade islâmica portuguesa, têm já um número substancial de madrassas (escolas religiosas) em funcionamento e estão a planear a criação de novas escolas, com uma estrutura semelhante à da Escola Islâmica de Palmela. De acordo com o imã da Mesquita Central de Lisboa, David Munir, existem entre 50 e 55 mesquitas e lugares de culto muçulmano em Portugal.

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"O Tabligh Jamaat representa, por um lado, e incontestavelmente, a força de maior dinamização do Islão entre os muçulmanos em Portugal. Por outro, o seu rigoroso tradicionalismo, traduzido na prescrição do próprio vestuário, na estrita separação entre os sexos, numa atitude de distanciamento em relação à sociedade exterior, representa, como já referi, um factor de ruptura na tendência histórica para a integração na atitude dos muçulmanos em Portugal.”

Abdool Karim Vakil (filho) in “Do Outro ao Diverso – Islão e Muçulmanos em Portugal: história, discursos, identidades”

 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Marchando com Mário Machado (II)


 Entrevista a Mário Machado, líder do grupo 1143

Aproveitando o facto de Mário Machado estar fora da zona onde o grupo de nacionalistas se concentrava, num diálogo calmo com um responsável da PSP, fiz-lhe uma curta e rápida entrevista, de forma discreta. Mário Machado disse discordar da decisão do Tribunal Administrativo em proibir a manifestação no local inicialmente previsto, invocando a Constituição portuguesa. Quanto ao facto de ser neo-nazi, recusou o epíteto, afirmando-se apenas como “nacionalista”. A propósito da sua posição sobre o Holocausto, foi directo e claro: “Eu defendo o revisionismo histórico mas estou proibido pela nossa Constituição e pela lei, para me poder alongar muito mais.”

Concorda com os fundamentos da decisão do tribunal administrativo em proibir a manifestação no sítio inicialmente previsto? Havia mesmo risco de violência?

Da nossa parte não existia qualquer tipo de risco de violência porque nós, desde o início, frisámos que a nossa manifestação ia ser pacífica e ordeira, espero que isso se prove muito mais com as acções do que com as palavras. Mas nós não concordamos, achamos que a nível jurídico as coisas não são bem assim, que a Constituição sobrepõe-se a uma norma de 1974. É uma opinião maioritária, também entre os constitucionalistas, mas pronto, nós respeitamos a opinião do tribunal e por isso mesmo é que mudámos de sítio.

Você é neo-nazi? Professa a ideologia neo-nazi ou não?

Não. Existem coisas que fazem parte da juventude, da nossa adolescência e eu, realmente, durante a minha juventude pertenci a movimentos de skin-heads e hoje em dia já ninguém diz que eu sou skin-head, que eu faço parte disso. Portanto, faz parte da juventude, não faz sentido chamarem-me neo-nazi porque no passado eu tive algumas filiações com nacional-socialistas. Eu sempre me identifiquei como nacionalista e hoje em dia sou um nacionalista e nada mais do que isso.

Qual é a sua posição perante o Holocausto, o extermínio de 6 milhões de judeus durante a II Guerra Mundial?

A minha posição sobre isso é bastante particular, eu defendo o revisionismo histórico mas estou proibido pela nossa Constituição e pela lei, para me poder alongar muito mais sobre isso porque, se eu falar muito mais sobre isso, incorro num ilícito criminal e, infelizmente, a liberdade de expressão não me permite que eu aprofunde esse tema que deixo, no entanto para historiadores e revisionistas, porque a minha formação básica é jurista.

Marchando com Mário Machado (I)

Cheguei ao Largo Camões por volta das cinco horas, vestido a preceito: botas, calças pretas e blusão da mesma cor. Não precisei de rapar o cabelo porque o uso bastante curto. Na altura, pouco mais de três dezenas de manifestantes distribuam-se pela praça, com as tarjetas e cartazes colocados no chão. Minutos depois, assisti a uma provocação, quando uma jovem de 17 ou 18 anos atravessou a praça e pisou deliberante, com ar de desafio, numa dessas tarjetas – mas a atitude foi recebida com indiferença por parte dos manifestantes.

O aparato policial era enorme, com várias dezenas de polícias da unidade especial da PSP, com os escudos de plástico da polícia de intervenção. Alguns deles, inclusivé, armados com “shot-guns”.


 Pouco antes da hora marcada, um responsável da polícia chamou Mário Machado para fora da zona onde se concentravam os manifestantes e, durante alguns minutos, falou com ele. Aproveitei a oportunidade e, quando acabaram a conversa dirigi-me a Mário Machado. Apresentei-me, disse-lhe que era jornalista e que ia acompanhar a manifestação incógnito, sem revelar a minha profissão. Respondeu dizendo que estava “tudo bem, não havia problema”. Pedi-lhe para me responder a algumas perguntas e fiz-lhe uma rápida entrevista (ver“Marchando com Mário Machado (II)".

Perto da hora marcada, ainda o Largo Camões estava meio-vazio. Mário Machado, de megafone em punho, explicou aos seus correligionários que a manifestação se iria atrasar porque “a malta do Porto ainda estava um quilómetro dali”.


 Aproveitei para me “integrar” no grupo de manifestantes e meter conversa com alguns deles. Por essa altura já tinha havido uma dúzia de trocas de galhardetes, com alguns transeuntes, no passeio oposto ao Largo, a gritar palavras de ordem - “Fascismo nunca mais, 25 de Abril sempre” - ou a dirigirem alguns insultos, com o mais puro vernáculo: “Filhos da p....Fascistas de m...”. Os insultos tiveram o troco, no mesmo formato, embora um grupo de manifestantes, politicamente mais cuidadosos, acorresse logo para junto das cabeças mais quentes, recomendando que não respondessem às provocações porque era mesmo isso que os contra-manifestantes queriam.

“Não façam o jogo deles, não lhes respondam”, gritava um dos membros desse grupo, empurrando os seus “camaradas” para a zona onde estavam agrupados, perto da estátua. Nas conversas que tive, inserido no meio dos manifestantes, acabei por levar uma lição de História, quando um dos participantes me lembrou que, neste mesmo dia 3 de Fevereiro, ocorrera, em 1509, a grande batalha de Diu, onde 18 navios portugueses tinham derrotado uma frota conjunta, de mais de uma centena de embarcações, do sultão do Egipto e do rei de Calecute.

 

Já passava das 18h30 quando a manifestação arrancou, depois de se terem acendido cerca de duas dezenas de archotes. Voltou a entoar-se o hino nacional, que já tinha sido cantado perto de uma dezena de vezes, durante a espera pelo início da manifestação. Na descida pelo Chiado, repetiram-se, quase a cada passo, episódios idênticos de contestação da manifestação, com transeuntes a entoarem as mesmas palavras de ordem, de punho erguido: “Fascismo nunca mais, 25 de Abril sempre”. A única resposta dos manifestantes era retribuir com palavras e frases, não reproduzíveis aqui, e uma “saudação”, utilizando o dedo do meio.

Ao longo do percurso, as palavras de ordem eram relacionadas com a postura nacionalista dos manifestantes. “Portugal, Portugal”, entoado em uníssuno, “Islão fora da Europa”, “1143, português até morrer”, repetindo-se várias vezes o hino nacional. Carlos Moedas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foi um alvo especial dos manifestantes que gritaram, uma dúzia de vezes, com um ritmo musical, a frase “Ó Moedas, vai p'ó c.....”

As saudações nazis, de braço estendido e mão aberta, foram raras. A larga maioria dos manifestantes levantava o braço com o punho cerrado, enquanto entoavam os cânticos e palavras de ordem. Além da palavra “Portugal”, repetida inúmeras vezes, também houve uns esporádicos e breves “vivas” a Salazar.

 

A meio da rua Nova do Almada ocorreu o único episódio de alguma tensão. Dois grupos de contra-manifestantes – cerca de duas dezenas de pessoas, cada um - caminhando pelos passeios, uma vez que a rua estava bloqueada por uma carrinha da PSP, tentaram chegar à “cauda” da manifestação, com uma atitude extremamente hostil e ameaçadora.

A polícia foi obrigada a montar rapidamente um cordão de segurança, para impedir confrontos. Não fosse essa rapidez teria mesmo havido confrontos – os contra-manifestantes chegaram a estar a cerca de cinco metros da cauda da manifestação – algo que eu testemunhei, uma vez que estava exactamente naquele local, na altura. O que aconteceu, nesse momento de tensão, foi exactamente o contrário daquilo que o jornalista da CNN Portugal, Luís Varela de Almeida, relatou, ao justificar a acção da polícia como sendo destinada a proteger um grupo de pessoas que estariam a ser perseguidas – deixando, nas entrelinhas, a ideia de que essa perseguição estaria a ser feita por elementos da manifestação.

Em marcha lenta, o grupo de cerca de duas centenas de manifestantes levou perto de 45 minutos a descer o Chiado, virando pela Rua Nova do Almada, em direcção ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa, destino final da manifestação. Aí, nova enxurrada da mesma frase já entoada antes, e dirigida a Carlos Moedas - “Ó Moedas, vai p'ó c....”.

 

Depois de um breve mas inflamado discurso de Mário Machado, a manifestação terminou, mas a maior parte dos manifestantes continuou no local, durante perto de 45 minutos – por razões de segurança pessoal, uma vez que estavam grupos de contra-manifestantes, barrados pela polícia, nas duas ruas laterais ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa. Foi necessário perguntar aos agentes policias se havia algum “caminho seguro” para sair do local. Indicaram-nos o mesmo percurso que a manifestação tinha percorrido, afirmando que a zona “estava segura”, tinha sido “limpa” pela polícia. Mesmo assim, a maior parte dos manifestantes foi deixando o local em pequenos grupos de três, quatro pessoas, à cautela. 

Contra-manifestantes da marcha do grupo 1143

 

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Antifa nos EUA: "It’s Past Time We Recognize Left-Wing Violence for What it is"

 

"(...) Today, Homeland Security Subcommittee on Oversight, Investigations, and Accountability Chairman Dan Bishop (R-NC) delivered the following remarks during a hearing for National Police Week on how the Department of Homeland Security (DHS) can help state and local law enforcement better anticipate, prepare for, and respond to threats in the wake of violence perpetrated by left-wing agitators, as well as how anti-police rhetoric has negatively impacted law enforcement (...)."

"(...) However, another threat to free expression is the contemporaneous phenomenon of more and more left-wing, organized violence that likewise appears designed to co-opt and suppress open debate. Time and again, across the nation, Americans have seen both episodic and in some cases sustained violence against people, especially law enforcement, and property damage from so-called anti-fascist and anarchist groups. But it often seems that, of this, the federal government takes little notice (...)"

"(...) Our colleges and universities – once the symbol of free and open debate – are increasingly scenes of violent intimidation by left-wing extremists to silence those with whom they disagree.
"(...) In another recent incident, left-wing agitators at Stanford Law School disrupted a student-organized lecture from a judge of the United States Court of Appeals for the Fifth Circuit. Protesters shouted him down and refused to let him deliver his speech. And then the University DEI administrator who appeared didn’t act to establish order and contain the heckling; instead she took the podium to deliver prepared remarks praising the disruptive intimidation and suggesting that Stanford rethink its commitment to free speech. The judge eventually had to be escorted out by federal marshals (...)"

"(...) These groups are sophisticated. They are well-trained and financed. They have extensive logistical support. And, they are extremely clever in masking their activities. According to the FBI, groups like Antifa avoid traditional hierarchies and leadership structures. They prefer small-cell activities tailored to specific events. Some use the opaque nature of groups like Antifa as an excuse to claim Antifa is a “false issue” or a myth. But, the law enforcement personnel and journalists on the ground, including our witnesses, know the threat is real. And, the opaque and diffuse nature of groups like Antifa means local law enforcement often lack the insights they need to prepare for and counter destructive activities (...)

Subcommittee Chair Bishop on Oversight, Investigations, and Accountability (USA Congress)
May 16, 2023
(Continue)

Fraudes no reagrupamento familiar de imigrantes vão continuar

  Uma simulação de um pedido de reagrupamento familiar, numa família composta por residente em Portugal, mulher e filho menor, alvo do pedid...