Nos últimos meses têm surgido notícias sobre crime - com especial relevo tentativas de violação e violações - onde os criminosos são sistematicamente classificados como "sendo de nacionalidade estrangeira", "grupo de homens estrangeiros", "grupo de homens de nacionalidade estrangeira", etc.
Ainde hoje o Correio da Manhã noticiava que uma motorista da TVDE "foi vítima de um ataque sexual por quatro homens estrangeiros (...) falaram em inglês (...) Recusaram-se a dar-lhe o código para inserir na plataforma e ela recusou continuar a viagem. Os "quatro homens estrangeiros", que "falavam inglês (...) agrediram-na e atacaram-na com um spray". A motorista, de 56 anos, fugiu para a rua e gritou por socorro. Os supostos clientes, de acordo com a condutora, tinham más intenções: "Queriam-me atacar sexualmente, violar, sem dúvida".
Temos assim, uma nacionalidade nova: os estrangeiros. Provavelmente provenientes de um país chamado "Estrangeiro". Nas muitas notícias de crimes nos últimos três meses, é sistemática a identificação dos autores como sendo de "nacionalidade estrangeira". Isto sem que a polícia os tenha identificado, detido ou, sequer, visto. A classificação de "estrangeiros" é unicamente baseada nas descrições das vítimas, descrições essas que são, obviamente, visuais. E alguém "transforma" descrições de cidadãos "indostânicos" em "cidadãos estrangeiros"
Por exemplo, em Felgueiras, duas
jovens, de 18 e 23 anos de idade, terão sido violadas, em Felgueiras,
durante as festas de S. Pedro. O primeiro caso, com uma jovem de 23
anos, ocorreu na Rua Rebelo de Carvalho, cerca das 04 horas da madrugada
de sábado. A violação terá sido perpetrada por um grupo de homens de
nacionalidade estrangeira. A vítima foi pelos próprios meios ao Hospital
de S. João no Porto.
O outro, com uma jovem de 18 anos,
residente em Amarante, foi na Praça da República, pelas 03h53, avança o
Correio da Manhã, e também envolveu um grupo de homens de nacionalidade
estrangeira. Esta jovem foi assistida pelos Bombeiros de Felgueiras e
levada ao hospital. A Polícia Judiciária está a investigar. Os homens ainda não foram identificados.
É mais do que claro que as autoridades policiais e/ou os media estão a levar a cabo uma manobra de camuflagem, para evitar a todo o custo chamar os bois pelo nome: os crimes de violação praticados por cidadãos "indostânicos" têm vindo a aumentar e são, regra geral, violações em grupo - mas o termo utilizado para os designar é "nacionalidade estrangeira"
Há casos que espantam, pelo insólito. Nas duas violações em Felgueiras, os violadores não foram detidos em flagrante delito nem identificados pelas autoridades policias. Claro que as duas jovens identificaram os violadores, indivíduos de "nacionalidade estrangeira", vulgo indostânicos. Poderemos ter aqui, duas situações diferentes: a polícia tem medo de ser acusada de racista, à semelhança do escândalo de violação de jovens, em Inglaterra, por gangues de paquistaneses, e nem sequer divulga a raça dos criminosos aos media, não investigando sequer esses casos.
Outra situação possível será o facto de os próprios media, numa manobra de auto-censura, substituírem sempre a palavra "indostânicos" por "homens de raça estrangeira". Teremos, assim, um novo país: O "Estrangeiro", cujos nacionais são "cidadãos estrangeiros". Não são suecos, angolanos, brasileiros, etc. São de "nacionalidade estrangeira". A única forma de identificar se um cidadão poderá ser estrangeiro é verificar o seu passaporte. Usar o termo politicamente correcto de "nacionalidade estrangeira" é estar a camuflar um problema sério.
As autoridades policias e os media estão a colaborar numa manobra de desinformação que, mais cedo ou mais tarde, terá resultados graves. Como escrevia hoje - e muito bem - Manuel S. Fonseca, no Correio da Manhã, sobre a questão do crime em Portugal, "saber quem são as vítimas, de onde vêm, que cor de pele têm ajuda-nos a estabelecer padrões e a prevenir. Se soubermos quem são os criminosos, de que origem, de que cor, a planificação e prevencão do crime assentará em bases fundadas e pode ser elaborada com outro grau de certeza."