"No final, a maré humana irrompeu, imparável e esmagadora. Não houve batalha campal, nem heroicos últimos suspiros de uma civilização a ruir. A Europa, outrora baluarte de uma cultura milenar, cedeu não a uma invasão militar, mas a uma submersão silenciosa."
"Os poucos que ainda se apegavam às suas raízes, à sua história, foram varridos pela indiferença, pela culpa auto-imposta e pela vasta, inabalável massa de recém-chegados. As fronteiras caíram não por força das armas, mas por uma resignação coletiva, um cansaço existencial que precedeu a chegada."
"As velhas catedrais, outrora monumentos de fé e arte, tornaram-se eco de um passado esquecido, os seus sinos mudos diante do novo coro de vozes. O Ocidente, em sua riqueza e sua culpa, abriu os braços para o seu próprio desaparecimento, não com um grito de guerra, mas com um suspiro exausto, aceitando o seu destino com uma estranha e melancólica complacência. A antiga ordem desfez-se, não em chamas, mas em areia, escoando pelos dedos de uma geração que já não sabia o que defender."

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