Há quase 30 anos, Samuel Huntington apontava aquilo que poucos quiseram ver e que muitos continuam hoje a negar: o mundo não se organiza em torno de ideologias, nem sequer de geografias, mas de civilizações. E entre essas civilizações, a islâmica destaca-se pela persistente propensão ao conflito. Do Líbano a Xinjiang, de Gaza à Caxemira, da Bósnia ao Darfur, o padrão repete-se com teimosia homicida.
O islamismo é o sintoma e o mecanismo.
Uma ideologia totalitária com roupagem religiosa, uma teocracia aspiracional que sonha com um califado planetário. Não, não se trata de uma religião como as outras. E não, não se trata de um punhado de radicais a desvirtuar uma fé pacífica.
O islamismo é o corpo doutrinário que transforma a submissão (literalmente: Islão) num imperativo civilizacional. Um sistema fechado que regula tudo, da forma como se reza ao modo como se apedrejam mulheres.
É totalitário como o nazismo e o comunismo, mas mais resiliente porque se escuda na imunidade religiosa e se alimenta de uma demografia em expansão. A sua visão do mundo é binária: o dar-al-Islam (terra do Islão) e o dar-al-Harb (terra da guerra). Está tudo dito.
Perante isto, a Europa afaga-lhe a barba. E entrega-lhe as chaves de casa. Comissão Europeia, universidades, sindicatos, ONGs, partidos e parlamentos: todos dobrados perante a nova religião de Estado, o multiculturalismo. O Professor Marcelo faz mais uma selfie e proclama beatitudes enquanto come um gelado.
O Dr Rui Moreira quer fazer mesquitas no Porto. O Dr Moedas, diz decreta terras do dar al islam em Lisboa, proibindo porco no espeto e símbolos cristãos. É assim que se formam os "Londonistões", os "Saint-Denisistãos", e, brevemente, os "Lisboastões".
A esquerda lunática é ainda pior: incapaz de distinguir entre o explorador burguês e um decapitador salafista, descobriu no islamismo um aliado táctico. Ambos odeiam Israel, os EUA, a civilização ocidental. Ambos odeiam a liberdade. Entendem-se.
George Galloway, figura grotesca da extrema-esquerda britânica, confessou sem pejo: "os muçulmanos e os progressistas têm os mesmos inimigos". Pois têm.
Bora lá fazer atentados suicidas, impõr burqas e enforcar sexualidades alternativas em nome do combate intersseccional ao heteropatriarcado ocidental. O que se passou no massacre em Israel, foi apenas o exemplo mais gritante da lógica islamista em acção: matar judeus, filmar, glorificar, repetir. E como reagiu o Ocidente? Marchas em Paris e Lisboa, a gritar "Palestina livre do rio ao mar". Reitores de Harvard e da Penn a encanar a perna á rã perante o antissemitismo. ONGs a acusar Israel de genocídio por se defender. Jornais a relativizar tudo. É o novo obscurantismo com Wi-Fi. E não se pense que isto é ignorância. É conivência.
A esquerda acordou um monstro e agora sonha que ele a poupará. Não poupará. Vai devorá-la depois de devorar os judeus, os cristãos, os homossexuais, as mulheres livres, os cartoonistas, os professores e os que pensam. E tudo isto com a bênção idiota dos bem-pensantes.
Como escreveu Bernard Lewis, a Europa tem apenas uma escolha: uma Europa islamizada ou um Islão europeizado. Mas a segunda exige convicção, lucidez e coragem. Tudo o que os nossos dirigentes não têm. Até lá, o velho continente continua a marchar alegremente para a fogueira, enquanto canta hinos antissemitismo e acena bandeiras da Palestina.
Que Huntington descanse em paz. Nós, se nada mudar, não teremos esse luxo.
Roubado a José António Rodrigues Carmo

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