Uma reformada espanhola de 79 anos explica em televisão porque considera insuficiente um rendimento mensal que muitos invejariam. A história de Charo López, uma reformada espanhola de 79 anos, voltou a marcar presença nos ecrãs espanhóis. Há uma semana tinha-se tornado viral ao afirmar que os cerca de 2.300 euros que recebe todos os meses não lhe permitem viver com dignidade. A polémica instalou-se e as críticas multiplicaram-se, mas a própria regressou agora ao programa televisivo, Espejo Público, para responder e clarificar a sua posição.
De acordo com o jornal digital espanhol, Noticias Trabajo, Charo é beneficiária de duas pensões: cerca de 900 euros pela reforma e outros 1.400 euros de viuvez, totalizando 2.300 euros mensais. Apesar da soma, a reformada contesta o sistema. “O meu marido descontou uma vida inteira para receber um salário e eu só recebo 52% desse valor. O resto não sei quem fica com ele”, sublinhou em direto. A pensionista garante ainda que a sua pensão foi reduzida em 200 euros devido a um limite que desconhece.
Um presente digno
Perante as críticas de quem vê no seu caso um privilégio face a milhares de idosos com pensões bem mais baixas, Charo foi clara. “Não sou a Doris Day nem a Marilyn Monroe, mas pus a minha imagem a defender um coletivo muito vulnerável”, afirmou. Para ela, a questão não é apenas pessoal. É uma reivindicação sobre o que considera ser um direito. “Os jovens têm futuro, eu só tenho presente. E o que peço é viver um presente digno, porque trabalhei para isso.”
Durante o programa, dois jovens participaram para recordar as dificuldades que enfrentam em Espanha, com salários baixos e precariedade laboral. Não se opõem ao aumento das pensões, mas defendem que os ordenados deveriam crescer no mesmo ritmo. Charo concordou e apelou a que não se alimente um confronto entre gerações. “Eu protejo esta gente porque é o futuro deste país e precisa de um salário digno”, frisou.
Contas que não fecham
o momento de detalhar despesas, a pensionista mostrou-se pragmática. Só em alimentação, produtos de higiene e limpeza, garante gastar cerca de mil euros. A estes juntam-se 300 euros em eletricidade, água e gás, 110 euros de condomínio e cerca de 100 euros para roupa e outras necessidades, perfazendo 1.510 euros de gastos mensais. Charo é proprietária da sua casa, o que lhe permite evitar encargos com renda ou hipoteca. Ainda assim, não esconde o receio de não conseguir fazer face ao inverno. “Não posso estar a pensar se chega o frio e não consigo ligar o aquecimento”, disse no programa. Segundo o Noticias Trabajo, a pensionista voltou a insistir numa questão central: quem descontou uma vida inteira deveria ter direito a receber a totalidade do valor cotizado. Para Charo, qualquer redução representa um corte injusto.
(Continua)

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