Na Justiça, conhece os quatro cantos da casa. Mas foi enquanto diretor do DCIAP que deu que falar. É um caso raro. Quase a completar 70 anos e já jubilado, aceitou o desafio para voltar à labuta. Ao leme da PGR, há quase um ano, começa agora a ser contestado.
É o magistrado com mais idade a ser
procurador-geral da República (PGR). A grande maioria dos magistrados,
na sua idade, 70 anos, prefere gozar a reforma. O que o motivou a
aceitar?
Também eu gostava de ter continuado na jubilação
mas, face à insistência do senhor primeiro-ministro, Luís Montenegro,
decidi aceitar. Considero que ainda tenho capacidade para levar por
diante algumas das reformas de que o Ministério Público necessita e
entendo isto, essencialmente, como mais um serviço em benefício dos
cidadãos.
Parece que não aceitou o convite à primeira.
É verdade.
O Presidente da República não teve também um papel determinante para o convencer?
Não vou falar sobre o número de reuniões que mantivemos ou as pessoas que intervieram…
Diz o povo que ‘quem cala consente’. Vou fazer-lhe
uma pergunta que não é da minha autoria, mas pegou moda: onde estava no
25 de Abril?
Em Lisboa, no primeiro ano da faculdade. Nesse
dia, tinha um jogo de futebol no Estádio Universitário, mas fui o único
que apareceu. O meu pai, que era da Guarda Nacional Republicana (GNR),
era muito fechado a determinado tipo de pensamentos. Na manhã desse dia,
ligou para casa para nos proibir de pôr o pé na rua. Mas eu saí. Era
muito teimoso, acho que ainda sou.
(Continua)

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