segunda-feira, 13 de outubro de 2025

DAESH: Seis "sintomas" e uma razão para a destruição do mundo ocidental

 

"É também com a 'necessidade de o homem sustentar a família' que o xeque David Munir justifica a norma da Sharia de que o homem 'tem direito ao dobro da herança' se um parente morrer, 'porque ele é obrigado a ajudar, e a mulher não". Trata-se apenas de um caso, entre muitos outros, que define bem a diferença entre a Sharia e a lei portuguesa. Neste exemplo, os processos de herança estão vinculados a uma igualdade entre herdeiros, legislação que consta do Código Civil Para além disso, a própria Constituição da República Portuguesa proíbe qualquer discriminação com base no sexo. Este pequeno excerto de uma longa reportagem do Público sobre o funcionamento de um tribunal islâmico na Mesquita de Lisboa mostra como se utiliza uma das seis razões táticas do combate do DAESH, o Estado Islâmico: a destruição da prevalência da legalidade constitucional e do secularismo, com a sua óbvia substituição pela Sharia.

Numa edição da revista de propaganda em inglês do DAESH, Dabiq, o grupo deixa clara a sua posição sobre o papel da política externa Ocidental no Médio Oriente: é um fator "secundário". Num artigo intitulado "Why We Hate You & Why We Fight You" (Porque Vos Odiamos e Porque Lutamos Contra Vocês), o grupo apresenta seis pontos de ordem prática que caracterizam os seus objectivos tácticos para a guerra contra o Ocidente. Menciona, por esta ordem, a descrença do Ocidente no Islão, a prevalência do secularismo, o ateísmo, as 'transgressões' contra o Islão, as operações militares e as incursões territoriais.

Embora este conjunto de orientações, por si só, demonstre o que o DAESH considera as razões mais significativas para as suas ações, o grupo insiste que é "importante compreender" que as "políticas externas" ocupam apenas uma posição secundária, de ordem meramente táctica. O objectivo estratégico do DAESH, como o artigo da Dabiq refere, é o domínio mundial do Islão. No texto afirma-se que, "mesmo que ("o Ocidente") parasse de nos bombardear, de nos prender, de nos torturar, de nos difamar e de usurpar as nossas terras, continuaríamos a odiar-vos porque a nossa razão principal para vos odiar não deixará de existir até que abracem o Islão."

A existência, em Portugal, de células da Irmandade Muçulmana e o crescente domínio dos Tablighi Jamaat na comunidade muçulmana, são dois detalhes importantes na análise da ameaça islâmica à organização do Estado. De salientar que a Irmandade Muçulmana tem como único objectivo a destruição das sociedades ocidentais e a implantação do Islamismo, através de uma discreta, silenciosa e gradual erosão dos valores seculares, de acordo com um relatório confidencial do Governo francês, revelado no princípio deste ano. O domínio de espaços públicos, por exemplo, denotando uma manifestação de força, é visível na concentração organizada no largo do Martim Moniz e na Alameda Afonso Henriques por grupos muçulmanos, para a última oração do Ramadão, ao longo dos últimos anos.

O movimento da Irmandade Muçulmana é uma "ameaça à coesão nacional" em França e devem ser tomadas medidas para travar a propagação do "islamismo político", de acordo com o citado relatório, apresentado ao Presidente Emmanuel Macron, no princípio deste ano. "A realidade desta ameaça, mesmo sendo a longo prazo e não implicando ações violentas, representa um risco de danos para o tecido social e para as instituições republicanas (...) e, de forma mais ampla, para a coesão nacional", referiu o jornal "Le Monde", a propósito do relatório.

A organização-mãe da Irmandade Muçulmana, fundada no Egito em 1928, opera em vários países europeus, normalmente através de organizações muçulmanas alegadamente bem integradas, que estabelecem relações discretas com o movimento e lhe permitem actuar sem ser detectado, junto da sociedade ocidental em que estão inseridos. Os principais países onde a Irmandade Muçulmana (ou os seus braços políticos) foi proibida ou designada como organização terrorista incluem o Egipto, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e a Rússia. Na Síria, durante o regime de Assad, também foi proibida. Em vários países europeus, como a Itália e a Áustria, há a intenção de ilegalizar também a Irmandade Muçulmana.    

Quanto aos Tablighi Jamaat, o próprio filho de Abdul Karim Vakil, professor no King's College, alerta para o seu perigo. O  grupo "representa, por um lado, e incontestavelmente, a força de maior dinamização do Islão entre os muçulmanos em Portugal. Por outro, o seu rigoroso tradicionalismo, traduzido na prescrição do próprio vestuário, na estrita separação entre os sexos, numa atitude de distanciamento em relação à sociedade exterior, representa, como já referi, um factor de ruptura na tendência histórica para a integração na atitude dos muçulmanos em Portugal", afirma Abdool Karim Vakil (filho do ex-presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa e investigador do prestigiado King'College em Londres) num estudo intitulado “Do Outro ao Diverso – Islão e Muçulmanos em Portugal: história, discursos, identidades."

 O "combate" entre o laicismo e a implantação de "guetos islâmicos" foi algo salientado, já em 2016, pelo antigo presidente da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos (EHRC) do Reino Unido, Sir Trevor Phillips, que admitiu ter "errado em quase tudo" em relação à imigração, alegando que os muçulmanos estão a criar "nações dentro de nações" no OcidenteTrevor Phillips afirma que os seguidores do Islão detêm valores muito diferentes do resto da sociedade e que muitos desejam levar vidas separadas. O ex-chefe da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos do Reino Unido também defendeu a monitorização das populações de minorias étnicas em bairros sociais para evitar que se tornem "aldeias-gueto", de acordo com uma entrevista à "Newsweek".

Trevor Phillips sugeriu que as escolas poderiam ter de considerar um limite de 50% para alunos muçulmanos ou de outras minorias, para encorajar a integração social e afirmou que dados de inquéritos recentes apontam para um fosso crescente entre as atitudes de muitos muçulmanos britânicos e os seus compatriotas. Numa outra entrevista ao Daily Mail, também em 2016, Trevor Phillips alertou para a existência de 'guetos muçulmanos no Reino Unido' que
o antigo responsável pela Comissão de Igualdade e Direitos Humanos classificou como "sendo a construção de nações dentro de uma nação". Trevor Phillips afirmou ainda que muitos muçulmanos detêm valores bastante diferentes do resto da sociedade e querem levar vidas separadas. "O mais preocupante é que aqueles com visões separatistas são muito mais propensos a apoiar o terrorismo", adiantou. 

Trevor Phillips alertou, na mesma entrevista, para uma "luta de vida ou morte pela alma do Islão britânico: A razão pela qual os nossos concidadãos britânicos parecem tão desalinhados com a opinião maioritária é que demasiados vivem num Reino Unido diferente do resto de nós."
 

 

 

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