terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Betel: um produto nocivo e negligenciado na rua do Benformoso

 


A Areca, um gênero asiático de palmeira, produz uma semente muito apreciada e, ao mesmo tempo, mortal. Em toda a Ásia, principalmente em Taiwan, o hábito de mastigar a semente da areca em uma mistura conhecida popularmente como ´betel' é um vício muito popular entre a população. Ela é famosa por deixar seus consumidores ativos, acordados, com melhor disposição sexual, entre outros benefícios terapêuticos, estes últimos mais baseados em mitos do que qualquer outra coisa. Porém, a saúde da sua boca não ousa tecer qualquer tipo de elogio a essa semente.

             Em geral, a semente da areca é mais consumida na forma de betel quid, uma mistura entre semente de areca, folhas de Piper betle (um tipo de pimenteira) e, geralmente, tabaco. Cal hidratada (hidróxido de sódio, uma base inorgânica bastante reativa em meio aquoso) também costuma entrar no meio. De um canto a outro da Ásia, a receita sofre variações, podendo incluir mostarda, adoçantes, açafrão, entre outros ingredientes, dependendo do gosto de cada região. Junto com a nicotina do tabaco, outra substância ajuda no vício e efeitos creditados à areca: arecolina. A união de nicotina, arecolina, e outras substâncias psicoativas ainda não identificadas na areca, tornam o produto extremamente viciante, chegando a ser comparável ao uso da cocaína em alguns casos.

           Mas o grande problema é que essa semente, quando natural e com casca (forma preferida de ser consumida na mistura), libera substâncias altamente cancerígenas, as quais aumentam bastante o risco para o desenvolvimento agressivo de um câncer de boca. O uso do tabaco e da cal hidratada só pioram a situação. Depois de anos mastigando as misturas com a semente da areca, muitos adquirem horrendos tumores dentro da boca, os quais acabam deformando todo o rosto. E não é só esse tipo de tumor maligno que é induzido. Cânceres em diversos outros órgãos também têm o seu risco aumentado, além de outras complicações como problemas cardíacos e até mesmo obesidade.

              Atualmente, na Ásia, a Organização Mundial de Saúde (OMS), e outras entidades da área, estimulam e financiam programas de educação contra este hábito danoso, focando principalmente as escolas. O grande problema é que os primeiros sintomas do câncer demoram, no mínimo, 3 anos para aparecerem, fato este que deixa os consumidores da semente mais relaxados com a saúde. Ainda temos o fato que não há leis que proíbam o comércio ou, ao menos, forcem os fabricantes a alertarem os clientes dos males trazidos pela mastigação do betel, seja na forma de advertências nas embalagens ou dentro dos estabelecimentos comerciais. E, para completar o preocupante quadro, o hábito de consumo da areca é parte cultural profunda em diversas regiões asiáticas.

(Continua)

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