Morreu aos 85 anos o tenente-general Vasco Rocha Vieira, ex-ministro da República para os Açores e o último governador de Macau, quando o território estava sob administração portuguesa. A notícia foi avançada esta quarta-feira pelo Correio da Manhã e confirmada pelo PÚBLICO por fonte oficial do Exército Português.
Vasco Rocha Vieira nasceu em Lagoa, distrito de Faro, em 1939. Foi chefe do Estado-maior Territorial Independente de Macau entre 1973 e 1974, ano em que volta a Portugal por causa do 25 de Abril. Tornou-se depois o chefe do Estado-Maior do Exército entre 1976 e 1978. Foi membro do Conselho da Revolução na altura em que Otelo Saraiva de Carvalho, um dos estrategas da Revolução dos Cravos, foi colocado na reserva compulsiva.
Mais tarde, Rocha Vieira assumiu ainda o cargo de ministro da República nos Açores entre 1986 e 1991, antes de voltar a Macau entre 1991 e 1999 para ser governador do território — o último antes de passar a estar sob a administração da China. Cerca de dois anos depois, o tenente-general passou à reserva. Entre 2006 e 2016, foi chanceler do Conselho das Antigas Ordens Militares por indicação de Ramalho Eanes, de quem era muito próximo. Nesse ano, publicou o livro O 25 de Novembro e a Democratização Portuguesa em co-autoria com o sociólogo António Barreto.
Mas o seu percurso também foi marcado por polémicas. Financiou, com dinheiro macaense, a Fundação Jorge Álvares, cuja criação foi proposta pelo próprio tenente-general ao então Presidente português, Jorge Sampaio, a dois meses de abandonar o cargo de governador — um caso que terá provocado atritos entre ambos.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já manifestou "o mais profundo pesar" pela morte de Vasco Rocha Vieira, descrevendo-o como "um dos mais ilustres oficiais do Exército Português na transição para a democracia e nas primeiras décadas da sua afirmação". "O simbolismo do momento da transferência da administração portuguesa para a chinesa permanecerá na memória de muitos portugueses como um exemplo de sentido de Estado, sentido de serviço da causa pública e de marcado patriotismo", recorda o chefe de Estado, apresentando "o testemunho de gratidão de Portugal, com muito saudosa amizade" à família.
Jornal Público
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