Não falar de imigração é um tiro no pé, é o título de hoje de um artigo de opinião de Susana Peralta, no jornal Público. Aumento dos imigrantes "é uma ótima notícia" (…) traz-nos diversidade cultural", afirma Susana Peralta. Contesto completamente este ideário ingénuo e recomendo à Susana Peralta que leia com atenção as declarações de um senhor chamado Trevor Phillips (Sir Trevor Phillips…), negro, que imigrou para o Reino Unido ainda criança.
Foi deputado e, durante alguns anos, presidente da "Equalities and Human Rights Commission (EHRC)" do reino Unido. Em 2016, na sequência de uma sondagem alargada aos muçulmanos residentes no Reino Unido, transmitida pelo "Chennel 4", Sir Trevor Phillips comentou os principais dados dessa sondagem e acrescentou a sua opinião sobre muçulmanos e outras minorias étnicas. Curiosamente, mais de 50 por cento dos muçulmanos questionados nessa sondagem disseram que a homossexualidade devia ser criminalizada:
"(...) The former head of Britain's Equalities and Human Rights Commission (EHRC), Trevor Phillips, has admitted he "got almost everything wrong" regarding immigration in a new report, claiming Muslims are creating "nations within nations" in the West.
"Phillips says followers of Islam hold very different values from the rest of society and many want to lead separate lives. The former head of the U.K.'s equalities watchdog also advocates the monitoring of ethnic minority populations on housing estates to stop them becoming "ghetto villages (...) He says schools may have to consider a 50 per cent limit on Muslim, or other minority pupils, to encourage social integration. And he says disturbing survey findings point to a growing chasm between the attitudes of many British Muslims and their compatriots.
Trevor Phillips vai mais longe e diz, claramente, que os muçulmanos não se integram nos países ocidentais e "constróiem nações dentro de nações". Um bom exemplo disso é o Tribunal Islâmico, obediente à Sharia, que funciona na Mesquita de Lisboa, há mais de 15 anos, presidido por esse lobo em pele de cordeiro que é o Xeque Munir.
Susana Peralta considera que o retorno de portugueses de Àfrica, em 1975 "(...) mostra precisamente os efeitos negativos da integração dos chamados retornados no emprego e nos salários (...) que perduram até à década de 80" - uma afirmação que mostra ou má-vontade ou desconhecimento da realidade. Recomendo-lhe a leitura de "Os Retornados Mudaram Portugal" de Fernando Dacosta. Também posso dar o meu exemplo pessoal: vim de Angola, com 18 anos e trabalhei como empregado de café, servente de obras, limpador de piscinas e mais uma dúzia de outros empregos, até conseguir um trabalho razoável.
Ao contrário do que você afirma, os retornados arregaçaram as mangas e foram ao trabalho, reconstruindo a vida - e dinamizando sobretudo o interior deste país. Susana Peralta escreve, citando um artigo publicado no "Journal of Economic Perpectives" - "Immigration and Crime: An internacional perspective" que o peso dos imigrantes na população prisional é explicado pelas características dos imigrantes. Refere depois, sem citar dados, "Estudos recentes para Itália, Reino Unido, Chile e Estados Unidos não encontraram evidência causal de que localidades com maior concentração de imigrantes tenham taxas de crimes mais elevadas."
Deixe-me dar-lhe outro exemplo, aqui - e poderá confirmar isso no quadro no final deste artigo: na Alemanha, os imigrantes são 12% do total da população. Mas são responsáveis por 67 % dos implicados em violações colectivas. Isto são dados da polícia alemã. O resto da população, 88 % de alemães, são responsáveis por 33 % das violações colectivas.
A maioria das estatísticas europeias são manipuladas, da mesma forma que o escândalo dos gangues paquistaneses a violarem menores britânicas, brancas, foi encoberto pela polícia, assistentes sociais, magistrados, etc, durante anos e anos. A polícia não investigava as queixas com receio de serem considerados racistas - o pináculo do politicamente correcto. Outra estatística alemã interessante, também da polícia alemã: alemães suspeitos de crimes, 1.842; todos os estrangeiros, 7.241; de nacionalidade afegã, 14.557. Em 1975, a pacífica Suécia registou 421 violações. Em 2017, foram 7.230.
O que se passou, nesse período de tempo? A Suécia abriu os braços à imigração, que ronda hoje os 2,70 milhões - cerca de 20% por cento da população. A esse número há a acrescentar perto de 700 mil pessoas, que ambos os pais são imigrantes, nascidos fora da Suécia. Esses imigrantes de segunda geração, formaram gangues que colocaram a Suécia em segundo lugar, na Europa, no número de assassínios com armas de fogo e onde foram registados mais de uma centena de incidentes com granadas. E se algo não pode ser dito em relação à Suécia é que não tenha sido um país que se esforçou o mais possível para integrar os imigrantes.
A proposta do deputado Rui Rocha, à qual o Primeiro.Ministro deu o seu acordo, está parcialmente concretizada no RASI (Relatório Anual de Segurança Interna) e no site da Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais. Mas falta alguma coisa - e nisso estou de acordo com esses dois políticos, embora ache que eles têm vistas curtas. É útil ter a nacionalidade dos criminosos e das vítimas. Mas esses dados são inúteis, se não tivermos também os dados sobre a origem étnica dos criminosos e suas vítimas.
Com esses elementos seria possível ter um retrato mais completo de quem pratica crimes em Portugal. Os EUA e o Reino Unidos, as duas democracias mais antigas do mundo, têm estatísticas racializadas. São um elemento essencial para detectar e localizar quais as comunidades onde o crime aumenta ou adquire proporções relevantes.
Nessa matéria, por exemplo, teremos as comunidades africana e cigana. No primeiro casos, os reclusos dos PALOP's estão à cabeça das estatísticas e o tráfico de droga é o principal crime. Numa investigação do Observador, em 2023, referia-se que, em matéria de "reclusos estrangeiros, manteve-se o modelo de distribuição entre continentes, com África (48,3%) a ter o maior volume de reclusos, prevalecendo os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), sobretudo Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau, seguidos da América do Sul (26,5%), com destaque para o Brasil”.
Mas o simples apuramento da nacionalidade não é suficiente. A comunidade africana de nacionalidade portuguesa, não será contabilizada, neste modelo proposto pelo Governo e pela IL, que se fica pela nacionalidade. Em 2021 o Governo tinha prometido estudar a questão de inserir mais um "item" nos dados que constam do Cartão de Cidadão, caracterizando o seu portador do ponto de vista étnico. A promessa não passou daí e até hoje nada foi feito. No entanto - e isso é visível para quem lida com a população reclusa, como os guardas prisionais - a percentagem de reclusos africanos com nacionalidade portuguesa ronda, em alguns estabelecimentos prisionais, mais de 60%.
Falta aqui um número, para que se tenha um retrato completo do que é a população prisional portuguesa, a etnicidade. Um exemplo:
"A lei portuguesa não permite fazer uma categorização etno-racial da população prisional que nos permita visibilizar, através de dados estatísticos, em que medida o sistema judicial e prisional português é permeado por discriminações raciais. A simples observação aponta, no entanto, para uma percentagem de negros e ciganos na população prisional muito superior à sua representação na população em geral - refere um debate organizado em 2020 (I Intersectional Conference 2020 - Encarceramento e sociedade) na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)"
O
que falta, realmente, é um registo dos dados sobre a origem étnica
dos reclusos. Mas fazê-lo (como o Governo prometeu em 2021) era levar a
Esquerda Caviar e a Esquerda Operária a dar saltos e bradar "Aqui d'el
Rei" que o governo está a ser racista. Não se esqueçam de que duas das
mais antigas democracias do mundo - os EUA e o Reino Unido - têm
estatísticas racializadas, que ambos consideram essenciais no combate ao
crime.
Um
exemplo concreto: Os ciganos são cerca de 52 mil em Portugal (0,5 % da
população total portuguesa) de acordo com dados do Conselho da Europa.
Portugal tem perto de 10 milhões de habitantes, segundo o Instituto
Nacional de Estatística. O número total de reclusos em Portugal é de
cerca de 12 mil, de acordo com o Relatório de Segurança Interna de 2023.
Segundo um estudo de Sílvia Gomes e Manuel Carlos Silva, da Universidade do Minho ("Condições e trajetórias de vida de reclusos e reclusas de etnia cigana em Portugal")
- a população prisional cigana ronda os 5 % - cerca de dez vezes mais
do que a sua percentagem na população portuguesa. Ou seja, a percentagem dos
reclusos ciganos na população prisional é 10 vezes maior do que a
sua percentagem na população portuguesa, que é de 0,5 %.
Paulo Reis / Jornalista Freelancer / Carteira Profissional nº 351
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