terça-feira, 3 de junho de 2025

Hoje, no Observador - Nuno Gonçalo Poças - Casas & Escolas

 

Segundo percebi e reproduzo de cor, Loures tinha cerca de 2500 inquilinos municipais, com rendas mensais entre os 10 e os 15 euros, metade dos quais não pagavam renda. A Câmara notificou-os, propondo planos de pagamentos e, como eventual sanção pelo incumprimento, o despejo. 

Vários responderam, cerca de 18% dos inquilinos optaram por se manter em silêncio, continuando sem pagar renda. A Câmara vai despejá-los para dar lugar a parte dos cerca de mil pedidos de alojamento que tem pendentes, à espera de apoio municipal, e até agora impedidos de aceder a habitação pública porque 18% dos actuais inquilinos, além de não pagarem renda, não se dignam sequer a responder ao seu senhorio. 

Afirmou também que a realidade, em termos de segurança, contraria as estatísticas, e que, por essa razão, a Câmara Municipal adjudicou cerca de uma dezena de viaturas para ceder à PSP, promovendo o policiamento de proximidade. Durante a campanha eleitoral, Ricardo Leão e outros autarcas socialistas foram destratados pela superioridade moral do Largo do Rato, da esquerda bem-pensante e comentadores associados.
(...)
Como Sam The Kid, nunca achei que o sítio de onde venho pudesse ter qualquer significado positivo ou negativo, ou que tivesse sequer de ser invocado como argumento. Não é. Mas nestes tempos em que se fala tanto de «bolha mediática» e de políticos que só vemos em outdoors, como na canção, o sítio de onde venho, não passando a argumento, traz-me mais elementos para compreender o país de 2025. Andei em escolas secundárias onde entravam pistolas e facas, onde éramos ameaçados, espancados e assaltados pelo menos semanalmente. 

Fui agredido várias vezes na rua e na escola. Raramente era assaltado porque estava proibido de andar com dinheiro na rua. Se precisasse de levar dinheiro para escola, ia espalhado entre peúgos e roupa interior. Aprendi a não colocar mais do que uma moeda em cada bolso ou sapato para não se ouvir o tilintar e, assim, reduzir a probabilidade de ser revistado e, acto contínuo, assaltado. Quando comecei a usar relógio no pulso já era mais do que adulto. Nunca apresentei uma queixa na polícia. A estatística diz que a minha infância e adolescência foram absolutamente seguras e pacíficas. Não foram. Ricardo Leão, socialista, compreenderá. 

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