Num extenso artigo na edição de hoje do Expresso, Rui Costa Lopes questiona a chamada Teoria da Grande Substituição, popularizada por, entre outros, Jean Raspail ("Le Champ des Saints -1973) que eu li, ainda nos meus frescos 17 anos, no ano da sua publicação. A tese da TGS clama que há uma conspiração (e George Soros é, em 99 % dos casos, considerado o responsável por esse plano) para substituir as populações brancas da Europa e dos EUA por imigrantes africanos e sul-americanos.
O movimento "wooke" tem sido o maior aliado da TGS. Desmond, por exemplo, é um drag queen, de 11 anos de idade, um influencer e uma aberração, ao mesmo tempo. Um dos componentes que contribuiu para o crescimento da TGS é a distorção completa de valores e princípios que, até recentemente eram considerados normais. Na última década, o que era normal passou a ser uma atitude criticável e vítima de ataques violentos - físicos, muitas vezes.
A "moda" dos "trans", binários e outras tantas classificações quanto a orientações sexuais é um absurdo doentio. Mas todo este pano de fundo ajuda a consolidar a teoria da Grande Substituição. As centenas de pessoas que há pouco mais do que uma década, esperavam pelos refugiados da Síria nas estações de caminhos de ferro alemãs, com cartazes a dizer "Wecome Refugees" tiveram como resultado as taxas de crime no quadro estatístico que abre este artigo. Na ideologia "wooke", ser-se imigrante chegou a ser uma espécie semi-divina, à qual se devia quase que uma adoração.

A chamada Grande Substituição não é uma tese conspiracionista. Basta algum trabalho, na Internet, para se descobrir dados concretos e fiáveis - o quadro estatístico do topo desta página é da responsabilidade da polícia alemã. A Grande Substituição não só é uma realidade como também é dolorosa e criminal. Um em cada cinco suecos nasceu no estrangeiro ou tem pais ambos nascidos no estrangeiro.
A Suécia, que abriu as portas à imigração, cheia de boa-vontade, está hoje em segundo lugar, no índex europeu de assassínios com armas de fogo e, em 2023, teve mais uma centena de incidentes em que foram utilizadas granadas.
A Noruega tem 16% de imigrantes, aos quais há que juntar 3,9 % de filhos em que ambos os pais são nascidos no estrangeiro. Na Dinamarca, há 10.8 % de imigrantes, mais 3,5 % dos seus descendentes. Na Suécia, os residentes com origem estrangeira chegam aos 30,5 %. A Finlândia ronda os 10,4 % de imigrantes, mais 1,8 % de imigrantes de segunda geração.
O maior problema é que esses imigrantes, na sua maioria, não querem integrar-se nos países para onde imigraram. O Xeque Munir, por exemplo, que dá aulas de árabe a portugueses na mesquita dizia recentemente numa entrevista a uma publicação escolar:
"Gostava de chegar ao dia em que os meus alunos escrevessem da direita para a esquerda em Português", conta Sheikh David Munir" A imigração muçulmana recente, que já ultrapassou, em número, os anteriores residentes, a maioria dos quais tinha vindo para Portugal através de Moçambique, é constituída por um movimento fundamentalista que foi recentemente expulso da Arábia Saudita, que o considerou como uma "porta para o terrorismo".
Esse grupo extremista, Tabligh Jamaat "representa, por um lado, e incontestavelmente, a força de maior dinamização do Islão entre os muçulmanos em Portugal. Por outro, o seu rigoroso tradicionalismo, traduzido na prescrição do próprio vestuário, na estrita separação entre os sexos, numa atitude de distanciamento em relação à sociedade exterior, representa, como já referi, um factor de ruptura na tendência histórica para a integração na atitude dos muçulmanos em Portugal", afirma Abdool Karim Vakil (filho do ex-presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa e investigador do prestigiado King'College em Londres) numa investigação intitulada “Do Outro ao Diverso – Islão e Muçulmanos em Portugal: história, discursos, identidades”
Em Inglaterra, O ex-presidente da Comissão de Igualdades e Direitos Humanos da Grã-Bretanha (EHRC), Trevor Phillips (negro, imigrante das Caraíbas, ex-deputado) admitiu que "errou em quase tudo" em relação à imigração num anterior relatório, alegando que os muçulmanos estão a criar "nações dentro de nações" no Ocidente.
O ex-presidente da Comissão de Fiscalização da Igualdade do Reino Unido, também defende o controle de populações de minorias étnicas em bairros de habitação social, para impedir que se tornem em guetos. Trevor Phillips diz que as escolas podem ter que considerar um limite de 50 por cento para alunos muçulmanos ou de outras minorias para encorajar a integração social.
E diz que descobertas perturbadoras de pesquisas recentes apontam para um abismo crescente entre as atitudes de muitos muçulmanos britânicos e seus compatriotas. Como, por exemplo, o facto de 52 por cento dos muçulmanos inquiridos numa sondagem do Channel 4 considerar que a homossexualidade devia ser criminalizada.
A Grande Substituição torna-se uma arma de arremesso quando se dá essa mistura complicada, que é a junção da violência, criminalidade e imigrantes. Por exemplo, em 1988 a Al-Furqán, uma revista islâmica portuguesa, publicava um artigo, da autoria do conselheiro espiritual da Comunidade Islâmica de Lisboa onde concluía que "os judeus, propriamente ditos, não são seres humanos". Por mais que os politicamente correctos tentem afastar essa ideia de que mais imigrantes não significa mais crime, as estatísticas não mentem:
Na Suíça, os imigrantes africanos cometem entre 5 a 7 mais crimes do que os cidadãos suíços:
É pena que, em relação a Portugal, não seja possível recolher estatísticas racializadas de reclusos. Seria uma forma de clarificar quem, de facto, comete crimes, neste país. E por que razão a teoria da Grande Substituição começa a ter cada vez mais apoiantes - vidé o caso do Chega e dos seus 50 deputados que - aposto um jantar na rua do Bemformoso - irá crescer em próximas eleições.
A comunidade africana de nacionalidade portuguesa, não será contabilizada, no modelo recentemente proposto pelo Governo e pela IL, que se fica pela inclusão da nacionalidade nos dados recolhidos sobre os reclusos das cadeias portuguesas. Em 2021 o Governo tinha prometido estudar a questão de inserir mais um "item" nos dados que constam do Cartão de Cidadão, caracterizando o seu portador do ponto de vista étnico.
A promessa não passou daí e até hoje nada foi feito. No entanto - e isso é visível para quem lida com a população reclusa, como os guardas prisionais - a percentagem de reclusos africanos com nacionalidade portuguesa ronda, em alguns estabelecimentos prisionais, mais de 60%.
Falta um número, de facto, para que se tenha um retrato completo do que é a população prisional portuguesa, a etnicidade. Um exemplo:
"A lei portuguesa não permite fazer uma categorização etno-racial da população prisional que nos permita visibilizar, através de dados estatísticos, em que medida o sistema judicial e prisional português é permeado por discriminações raciais. A simples observação aponta, no entanto, para uma percentagem de negros e ciganos na população prisional muito superior à sua representação na população em geral - refere um debate organizado em 2020 (I Intersectional Conference 2020 - Encarceramento e sociedade) na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)"
O
que falta, realmente, é um registo dos dados sobre a origem étnica
dos reclusos. Mas fazê-lo (como o Governo prometeu em 2021) era levar a
Esquerda Caviar e a Esquerda Operária a dar saltos e bradar "Aqui d'el
Rei" que o governo está a ser racista. Não se esqueçam de que duas das
mais antigas democracias do mundo - os EUA e o Reino Unido - têm
estatísticas racializadas, que ambos consideram essenciais no combate ao
crime.
Um
exemplo concreto: Os ciganos são cerca de 52 mil em Portugal (0,5 % da população total portuguesa) de acordo com dados do Conselho da Europa.
Portugal tem perto de 10 milhões de habitantes, segundo o Instituto
Nacional de Estatística. O número total de reclusos em Portugal é de
cerca de 12 mil, de acordo com o Relatório de Segurança Interna de 2023.
Segundo um estudo de Sílvia Gomes e Manuel Carlos Silva, da Universidade do Minho ("Condições e trajetórias de vida de reclusos e reclusas de etnia cigana em Portugal")
- a população prisional cigana ronda os 5 % - cerca de dez vezes mais
do que a sua percentagem na população portuguesa. Ou seja, a percentagem dos
reclusos ciganos na população prisional é 10 vezes maior do que a
sua percentagem na população portuguesa, que é de 0,5 %. Mas admitir isto é, para a generalidade dos bem-pensantes, uma heresia.
Numa coisa estou de acordo com o autor do artigo, Rui Costa Lopes: é "importante discutir criticamente esta ideia ou pelo menos tratá-la com o rigor que ela merece, devotando a estes argumentos contrários pelo menos a mesma atenção que a sua propagação quase ubíqua tem merecido."
Paulo Reis - Jornalista Freelance - Carteira Profissional nº 351
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