Em 1821, Ferreira do Amaral era aspirante de Marinha e iniciou a sua carreira servindo na esquadra do Brasil. Após a separação do Brasil de Portugal, todas as províncias proclamaram o Império, excepto a Bahia que permaneceu fiel à metrópole, e rendeu-se apenas em Julho de 1823, depois de vários combates entre portugueses e brasileiros.
A 7 de janeiro de 1823, durante a Batalha de Itaparica, distinguiu-se o guarda-marinha Ferreira do Amaral, pela sua bravura em combate: sob as ordens imediatas do capitão-de-fragata Joaquim José da Cunha, então comandante da nau D. João VI, tendo o braço direito despedaçado por uma bala de canhão, no desembarque da praia da ponta do Mocambo, mesmo ferido gravemente continuou a comandar os seus homens na carga, até ser recolhido a bordo do bergantim Prontidão, onde lhe foi amputado o braço.[1] Apesar de mutilado, prosseguiu na sua carreira e foi promovido a tenente.
Em consequência da Primeira Guerra do Ópio, Inglaterra fundou uma colónia na ilha de Hong Kong, que se tornou o porto ocidental mais importante na China. Estes acontecimentos levaram o governo de Portugal, em 1844, a decidir tornar Macau uma verdadeira colónia portuguesa. Em 1845, a cidade foi declarada um porto franco e tornada independente do governo da Índia, ao qual estava sujeita até então.
Macau tinha até então duas alfândegas: a portuguesa, que cobrava impostos sobre o comando dos navios nacionais, constituindo a única renda pública de que se pagava aos funcionários da cidade; e a chinesa (o Ho-pu), cujos impostos eram cobrados pelos mandarins do Império Chinês. O Governador Ferreira do Amaral expulsou os mandarins de Macau, aboliu a alfândega chinesa, pôs fim ao pagamento de vários tributos e impostos (de entre os quais o aluguer de Macau) às autoridades chinesas, abriu os portos, construiu estradas nos campos anteriormente vedados pelos chineses, ocupou oficialmente a ilha da Taipa, lançou tributos e reorganizou os serviços públicos.
O seu governo enérgico, em defesa dos interesses de Portugal e pelo domínio do território, desagradou aos mandarins, que trataram de mandar eliminar tão determinado inimigo. Na tarde do dia 22 de Agosto de 1849, Ferreira do Amaral saiu para o seu habitual passeio a cavalo, acompanhado pelo seu ajudante de ordens Jerónimo Pereira Leite. Passou as Portas do Cerco e foi atacado por um grupo de três chineses que o decapitaram, para levarem a cabeça aos mandarins de Cantão, a fim de receberam a sua recompensa. O ajudante de ordens limitou-se a fugir a sete pés, sem ajudar o governador a defender-se do ataque.
Hoje em dia a estátua, transferida de Macau para Portugal em 1992 está num local discreto, em Lisboa, no jardim da Alameda da Encarnação. Quando da sua retirada, houve críticas da comunidade portuguesa, que considerava que a estátua devia ficar no seu local e a decisão da sua manutenção ou não deveria ser uma decisão do governo chinês depois da transição para a China, em 1999. Até por parte da comunidade chines houve reações, também críticas, quanto à retirada da estátua. Num artigo de opinião do Va kio, segundo maior jornal chinês de Macau, afirmava-se que a estátua devia ficar no seu local, porque se tinha transformado num ícone local, com muitos turistas a tirarem fotografias junto ao seu pedestal.
Mas o governador Rocha Vieira foi bastante mais papista que o Papa, neste caso, e mandou apagar completamente qualquer vestígio da existência da estátua, no Museu da História de Macau, inaugurado no âmbito de uma visita a Macau do primeiro-ministro António Guterres em em 1998. Até a escolha de mapas antigos em exbição foi tão criteriosamente feita que em nenhum deles se assinala a existência da estátua - isto porque não estava em exibição nenhum mapa posterior a 24 de Junho de 1940, data da inauguração da estátua. “Acho que o Museu é importante para a Região Administrativa Especial de Macau, que não é só o que está nos textos oficiais, como um sistema político e um sistema judiciário próprios, mas tem uma história e uma memória” disse então Rocha Vieira, no final de uma audiência com o primeiro-ministro.
Política - História / Paulo Reis ( c/ Wikipedia)
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